quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Muquifo: exemplo de Museu Comunitário

 

Universidade Federal de Minas Gerais / Escola de Ciências da Informação
Curso: Museologia
Disciplina: Tipologia de Museus
Prof. Luiz Henrique

Discentes:
Ana Clara Rios de Mello
Francisco Robério de Oliveira Nunes Junior,
Helga Cristina Gonçalves Possas
Núbia da Silva Alves

Muquifo:

exemplo de Museu Comunitário






Fonte: https://visite.museus.gov.br/instituicoes/museu-dos-quilombos-e-favelas-urbanos/


Museu de território e comunitário, o Muquifu atua como instrumento de resistência ante o risco iminente de expulsão dos favelados dos centros urbanos e pelo reconhecimento e preservação do patrimônio, histórias, memórias e bens culturais dos moradores dos quilombos urbanos e favelas de Belo Horizonte e de Minas Gerais e do Brasil. Idealizado por moradores do Aglomerado Santa Lúcia, o Muquifu é tocado por voluntários e tem como objetivo mostrar as vivências, lutas e o legado dessas populações, muitas vezes marginalizadas, promovendo a reflexão sobre a resistência, a herança afro-brasileira e a importância da identidade dessas comunidades na construção da cidade.

O museu trabalha com uma série de ações educativas e culturais, como exposições, eventos e oficinas, para promover um diálogo entre a cidade formal e as comunidades que foram historicamente excluídas do processo de urbanização.


 


Fonte: https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/titulo-do-artigo-ou-ensaio-20/


A instituição preserva em seu acervo fotografias, objetos biográficos, obras de arte, documentos variados, utensílios domésticos, objetos religiosos e vestimentas, que ficam em exposição, guardados na reserva técnica ou espalhados pelo território em forma de festas, cerimônias e grupos culturais. Os objetos e as exposições têm como pano de fundo as memórias das lutas pelo pertencimento ao território.

O Muquifu oferece carne, ossos e sistema nervoso ao entendimento do conceito de gentrificação experimentado pelos moradores de favelas em seus próprios corpos e em suas honradas moradias, que são enviados a contragosto para lugares muito distantes dos centros urbanos por ação caprichosa e desumana da especulação imobiliária.


Fonte: https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/titulo-do-artigo-ou-ensaio-20/

Assim, se ocupar de guardar a alma desses territórios negros expropriados em objetos carregados de história e humores doados ao acervo. Ocupa-se em registrar os depoimentos e os sonhos das pessoas que foram obrigadas a deixar o seu meio, mudando-se para lugares longe de suas histórias.

A instituição é guardiã das memórias dessas gentes. Ele diz a elas: vocês não estão sós, nós estamos aqui, ficaremos aqui e pedaços significativos de vocês ficarão conosco e contarão aos que vierem que forma vocês e as riquezas humanas que construíram, ele é sentinela e vela pela memória dos que se foram, seja porque se mudaram, seja porque se desconectaram deste mundo. É protetor da memória dos que lutaram e conseguiram permanecer, dos que lutaram e foram desterritorializados.

O Muquifu busca envolver as comunidades quilombolas e faveladas de Belo Horizonte no processo de preservação e divulgação de sua própria história. A coleta de objetos, a criação de exposições e as narrativas compartilhadas pelos moradores dessas comunidades são essenciais para o funcionamento do museu. Isso fortalece o protagonismo local e assegura que as memórias e histórias contadas no museu sejam genuinamente representativas da vivência dos moradores. Assim, o museu não se limita a objetos físicos, mas também reconhece o valor das tradições, dos saberes e das práticas culturais desses grupos, como as formas de resistência, as manifestações artísticas e as histórias de luta contra a exclusão social e racial. Ele serve como uma plataforma para dar visibilidade às vozes das comunidades que muitas vezes são ignoradas nas narrativas oficiais.

Sendo assim o Muquifu se torna uma plataforma viva que combina educação, memória, cultura e resistência, proporcionando uma nova perspectiva sobre as comunidades quilombolas e faveladas de Belo Horizonte e sua relação com o espaço urbano em que estão inseridas. Ele atua não apenas como um espaço de exposição, mas como um agente de transformação social, fortalecendo as identidades locais e promovendo o reconhecimento de territórios historicamente marginalizados.


Fonte: https://www.brasiliarios.com/cultura/1174-mar-recebe-muquifu-museus-dos-quilombos-e-favelas-urbanos


Fonte: https://educacaoeterritorio.org.br/reportagens/museu-social-curadoria-comunitaria-e-preocupacao-com-o-presente/



Links de vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=NOHdD3OFFDU


https://www.youtube.com/watch?v=09BC9Eay7iM


https://www.youtube.com/watch?v=TfJYuiUDPec





Museus de Arte e Formação de Coleções no Séc. XX


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Graduação em Museologia
Tipologia de Museus
Prof. Luiz Henrique Assis Garcia

Alunos: Bianca Portilho Marçal
Camila Amanda Moreira Baldassini
Julia Fernanda Pereira de Paula
Luciana Almeida Tonholli
Marcella Joana de Moura Belloni
 
Museus de Arte e Formação de Coleções no Séc. XX

Que o século XX trouxe grandes avanços para o mundo todos nós sabemos, mas você
sabia que os museus também tiveram uma grande “virada de chave” durante esse
período?! Pois é! Se você não sabia, vai ficar sabendo agora, e se já sabia... fica por
aqui pra saber um pouco mais.
 
Depois do grande boom dos museus no século XIX, o século XX trouxe para esses
espaços um papel fundamental de preservação, reflexão e construção de identidades
culturais, ao mesmo tempo em que se tornaram arenas de disputas ideológicas e
políticas. Isso porque, mais especificamente no contexto da Alemanha nazista, a arte
foi utilizada como uma ferramenta de controle, promoção e exclusão, em que a arte
moderna foi alvo de uma série de repressões.
 
Baldassare (2011), afirmou que na busca pela tal identidade cultural em Buenos Aires
por exemplo, o colecionismo de arte, tanto público quanto privado ajudaram a constituir
as coleções dos museus, se consolidando como uma narrativa cultural de uma
sociedade dita modernista “europeizada”, mas que também buscava (como no Brasil),
afirmar uma identidade latino-americana. Se você não viu a obra “Oca Maloca”, depois
dá uma espiadinha - foi uma instalação de Maria Tomaselli, em uma exposição que
reuniu artistas de cinco estados diferentes do Brasil que representasse o nosso país
através de suas obras.
 
 

 
A partir daí, o museu teve uma evolução em suas funções e seu papel dentro da
sociedade, marcada tanto pelas transformações que estavam ocorrendo, quanto em
termos de estrutura e de função social, discussão muito pertinente ao refletir sobre a
função educativa que tais instituições deveriam exercer. Logo, museus começaram a se consolidar como centros propulsores de cultura artística e contemporânea, e os dedicados à Arte Moderna, começaram a estabelecer um período de mudanças estéticas e preservacionistas. A chamada então arte moderna, nascida no final do século XIX e consolidada no século XX, vinha aí como uma revolução mesmo! Já imaginou?! Ela trouxe uma ruptura significativa com os estilos acadêmicos tradicionais, uma reavaliação do que constituía “arte legitima” e também do próprio papel dos objetos e sua cultura material, transformando tanto os espaços como as práticas curatoriais.

Você acha que foi fácil? É claro que não! Os museus tinham muitos desafios para
acolher o novo e moderno, como desafios curatoriais, institucionais, de infraestrutura
como Lourenço (1999) em “Museus Acolhem Moderno”, relatou ao falar sobre a crise
enfrentada pelos museus neste momento. Apesar das dificuldades, foram se adaptando às mudanças sociais, tecnológicas e políticas e se tornando museus como espaços de experimentação e interação,
rompendo com a ideia tradicional de museu como um local estático e silencioso. Dito
isso, grandes exemplos deste novo universo é o Museu de Arte Moderna de Nova York
(MoMA) e no nosso querido Brasil o Museu de Arte de São Paulo (MASP), que embora
não seja exclusivamente de arte moderna foi pioneiro ao trazer as novidades para cá!
 



 
Porém, ainda sim, nada era um conto de fadas... Muitas obras durante esse período
eram (pasmem!) SAQUEADAS - algumas até hoje disputam o retorno á suas origens -
Aham! Principalmente durante o chamado Terceiro Reich, baseado em dois pilares: a
supremacia cultural alemã (onde a Alemanha deveria liderar a cultura europeia,
destacando a "superioridade ariana" e onde obras de artistas como Da Vinci
tornaram-se alvos de pilhagem) e a exclusão cultural (com a tentativa de eliminar aquilo
que considerava "indesejável" na esfera artística). O bafafá da história quem explicou
com mais detalhes foi Nicholas (1996) em “Europa saqueada”.
Além disso tudo, ainda rolava os impactos da Segunda Guerra Mundial!!! Puro caos...
e no meio disso tudo, o patrimônio artístico europeu, marcado por grandes
bombardeios, devastação, perda e deslocamento das próprias coleções. Ou seja, a
guerra não devastou apenas territórios e economias, mas também redesenhou o mapa
do patrimônio cultural mundial.
 

 
 
Portanto, você viu que foi uma loucura não é mesmo?! Museus se tornando espaços de
preservação e democratização cultural, marcados por conflitos, obras sendo
saqueadas, artístas sendo reprimidos, busca pela identidade cultural e tantos outros
aspectos! Assim foi como os Museus de Arte e as Coleções se formaram no século XX.

Referências

BALDASSARRE, Maria Isabel. As origens do colecionismo de arte pública e privada
em Buenos Aires . In: SOUZA, Eneida Maria de; MIRANDA, Wander Melo(Orgs.). Crítica e coleção. Belo Horizonte: UFMG, 2011. pp. 308-326.
 
LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem moderno.São Paulo: EDUSP,
1999, p.11-81.
 
NICHOLAS, Lynn H. Europa saqueada: o destino dos tesouros artísticos europeus no
Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial. Cap 1 e 3. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996, p.13-36, 70-95.

Museus, Identidade e Poder

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Graduação em Museologia

Tipologia de Museus

Prof. Luiz Henrique Assis


Discentes: Ana Clara Marques Quintino de Souza Silva, Jéssica de Almeida Silva, Letícia dos Santos Lemes, Marcos Vinicius Caetano Versiani Paz, Yasmin Albertina Lopes Martins


Museus, Identidade e Poder


A evolução dos museus, desde gabinetes de curiosidades até museus etnográficos, está ligada diretamente à expansão colonial, justificando o confisco de artefatos e exposições que reforçam discursos coloniais. Casos como os de Saartjie Baartman e Julia Pastrana mostram como a ciência foi usada para legitimar desigualdades e o exotismo.

Saartjie Baartman, jovem sul-africana conhecida como "Vênus Negra", foi exibida em circos europeus como uma atração exótica, explorando suas características físicas para reforçar ideais racistas. Durante as exibições, era humilhada e até tocada por visitantes. Após sua morte, em 1815, seu corpo foi moldado e exposto no Musée de l'Homme, em Paris, onde permaneceu por décadas. Seus restos mortais só foram devolvidos à África do Sul em 1994, após pedidos de Nelson Mandela e da comunidade Khoikhoi. 

 


                                                     [Img 1 “Saartjie  Baartman”]

 

Julia Pastrana, nascida em Sinaloa, México, possuía ascendência indígena e hipertricose; condição que causa o crescimento excessivo de pelos. Exibida como atração nos EUA e Europa, Júlia foi intitulada de “mulher-macaco” e “selvagem”. Seu próprio marido organizava essas exibições. Após falecer em Moscou, foi embalsamada e seu corpo continuou sendo exposto em vários países.

 


                                                                        [Img 2“Julia Pastrana”]

 

No Brasil, a reprodução desses discursos também marca a musealização. Surgiu a ideia da Decadência do Índio, o qual seria uma etapa a ser ultrapassada.

Os colonizadores classificaram as muitas comunidades indígenas em duas: Os tupi-guaranis e os tapuias/botocudos. Os tupi-guaranis, falantes do tronco tupi, eram os povos da costa, “mansos". Com o objetivo de embranquecer a população, incentivou-se a miscigenação. Foram ainda romantizados como o “bom morto” - eles tornaram-se inspiração de obras como Iracema, retratados em quadros e poemas como a extensão humana do território brasileiro a ser moldado pelo português. 

 


 

                                            [img. 3 - Moema de Victor Meirelles]

 

Já os índios botocudos, falantes do tronco macro-jê, assim chamados por conta de seus adornos corporais, eram os “selvagens de dentro do mato”. Retratados como monstros canibais, o governo português, por meio de incentivos à “conquista” de terras e prisão dos índios, fomentou seu extermínio. Esses povos se tornaram objeto de estudo dos cientistas e pesquisadores evolucionistas, reunidos nos museus e exposições etnográficas, fotografados, expostos e classificados como o mais baixo grau de gente.  

 



 

[img. 4 - daguerreótipos de E. Thiesson, primeiras fotografias de indígenas.]


Um grande exemplo disso foi a expo antropológica de 1882 realizada no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que contou com um zoológico humano - 7 indígenas foram enganados e levados ao Rio de Janeiro para serem expostos como o elo perdido entre macaco e homem. 

É a fabricação da alteridade pela criação e hierarquização de raças para a dominação de umas e o benefício de outras. O museu foi produto e produtor desse discurso, agindo como depósito de objetos etnográficos  e contribuindo para o apagamento da identidade indigena no Brasil. Até hoje os indígenas são vistos como “bichos do mato”, distantes do resto da população. 

 


 

 


                                             [ videos - brincar de índio ]

 

Ao longo do tempo, novas abordagens museológicas e etnográficas passaram a valorizar essas produções, principalmente a arte "primitiva", redescoberta pelas vanguardas artísticas no final do século XIX e início do XX. Essa arte passou a ser vista como uma fonte de renovação estética, desafiando as normas ocidentais.

A tensão entre tratar a arte "primitiva" como testemunho etnográfico ou criação estética é refletida nas curadorias dos museus, que precisam equilibrar "beleza" e "antropologia". Além disso, começou-se a valorizar as produções não-ocidentais, como as indígenas e africanas, como resultado de um profundo aprendizado cultural, desafiando a visão de que eram criações impulsivas.

Essa reavaliação também destaca as relações de poder envolvidas na aquisição e exibição desses objetos, especialmente no contexto globalizado, onde o mercado de souvenirs pode obscurecer seu valor original. A crítica às narrativas coloniais é essencial para uma apreciação justa da arte "primitiva", respeitando as culturas de origem e suas dinâmicas contemporâneas.

O Museu Quai Branly, em Paris, exemplifica a reavaliação da arte "primitiva" e das narrativas coloniais. Criado a partir de coleções etnológicas, ele se divide em zonas continentais e representa os desafios e contradições ao expor esses objetos. O museu sugere que, apesar de suas limitações, pode ser um espaço de diálogo e reflexão, oferecendo uma experiência crítica que vai além de uma simples apresentação estática de objetos, levando em conta as realidades culturais e sociais vivas.

Diante dessas práticas, surgiram novas museologias e mudanças na prática museológica. As mudanças na antropologia e etnologia também trouxeram uma nova maneira de estudar o objeto, investigando a fundo sua história e uso reais, ao invés de torná-lo mero suporte de ideias já prontas. Esta abordagem visa descolonizar narrativas e permitir que grupos originais recuperem um papel de liderança nas suas histórias e património. Estes espaços tornam-se locais de expressão autêntica e apreciação de vozes anteriormente marginalizadas. Nesse sentido, os museus assumem um papel de resistência, promovendo debates sobre identidade, memória e poder.

O desafio está em repensar não apenas as exibições, mas também os processos e as vozes envolvidas na construção dessas narrativas. A descolonização dos museus é um movimento fundamental para transformar essas instituições em verdadeiros espaços de inclusão e justiça histórica. 




Referências Bibliográficas:


ABREU, Regina .M.R.M. Tal antropologia qual museu? Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, v S7, p.121-143, 2008.


BRULON, Bruno. Descolonizar o pensamento museológico: reintegrando a matéria para re-pensar os museus. Anais do Museu Paulista:História e Cultura Material, v. 28, 2020.


BOTTALLO, Marilúcia. Os museus tradicionais na sociedade contemporânea: uma revisão. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 5, p. 283-287, 1995.


CLIFFORD, James. Quatro museus da costa norocidental: reflexões de viagem. In: Itinerarios transculturales.Barcelona: Gedisa, 1999. 

 

DURAND, Jean-Yves. Este obscuro objecto do desejo etnográfico: o museu. in: Etnográfica, 2 (11). Revista do Centro de Estudos de Antropologia. Lisboa: CEAS / ISCTE. pp 373-385.

 

GOLDSTEIN, Ilana. Reflexões sobre a arte "primitiva": o caso do Musée Branly.Horiz.antropol. [online]. 2008, vol.14, n.29 [cited 2013-08-27], pp. 279-314. 

 

KOK, Glória. A fabricação da alteridade nos museus da América Latina: representações ameríndias e circulação dos objetos etnográficos do século XIX ao XXI. ESTUDOS DE CULTURA MATERIAL/DOSSIÊ. Anais do Museu Paulista. P. 26 .2018. 


PAZ, Felipe Rodrigo Contri. Bustos raciais: uma biografia das Imagens-Artefato racialistas (1862-1930). 2020.


VIEIRA, Marina Cavalcante. A Exposição Antropológica Brasileira de 1882 e a exibição de índios botocudos: performances de primeiro contato em um caso de zoológico humano brasileiro. Horizontes antropológicos, v. 25, p. 317-357, 2019.

O Surgimento dos Museus de História Natural

Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciências da Informação
Tipologia de Museus
Docente: Luiz Henrique Assis Garcia
Discentes: Esther Alice Lima Gonzaga; Guilherme Barbosa de Carvalho; Iara Suyane
Fernandes dos Santos
 
O Surgimento dos Museus de História Natural

O aparecimento de locais que reuniam diversos objetos oriundos de diferentes partes do mundo aconteceu durante o século XVI na Europa. Os gabinetes de curiosidade, como eram chamados, foram responsáveis por guardar as mais diversas coleções que algumas pessoas reuniam. Nesses espaços era possível encontrar tipologias variadas de “acervos”, desde objetos naturais como ossos, fósseis, plantas e animais empalhados, até grandes quantidades de objetos históricos.
Com o passar dos anos, essas coleções ganharam destaque e passaram a servir como um instrumento para medir o poder e o prestígio dos Estados Nacionais que emergiram entre os séculos XVII e XIX. Elas ajudavam a validar conquistas territoriais e avanços científicos, tornando-se símbolos do progresso dessas nações. Inicialmente, esses espaços, antes dedicados a uma pequena parcela da população, começam a ganhar uma nova funcionalidade e gradualmente são abertos para o público geral. A exemplo desses locais, podemos citar o Museu Britânico, fundado em 1753, e o Museu de História Natural de Paris, criado em 1793.
 
 

 
Figura 1 - British Museum. Fonte: Wikimedia
 
 

 
Figura 2 - Paris Grande Galerie de l’Evolution.Fonte: Wikimedia


No Brasil, a primeira instituição que apareceu seguindo os moldes de um gabinete de curiosidade veio a
surgir em 1784, quando D.Luís de Vasconcelos funda a casa dos pássaros que vai ser comandada pelo famoso taxidermista Xavier dos pássaros, e passa a funcionar para preparação dos exemplares coletados no território brasileiro a fim de serem enviados para Portugal. Ela também vai desempenhar um papel importante na catalogação da flora e fauna nacional. Com a sua extinção em 1813, as coleções que estavam no local foram alocadas em diferentes espaços. Posteriormente, esses materiais que estavam dispersos, passam a adquirir um novo destaque ao fazer parte da exposição do Museu Imperial, inaugurado em 1818 no estado do Rio de Janeiro. O primeiro museu do país segue os moldes das grandes instituições europeias, expondo enormes coleções com diferentes temáticas, desde mineralogia, botânicos, flora e fauna. O caráter enciclopédico vai ser uma marca dessa tipologia de museus no início de sua concepção, tendo a proposta de fazer o visitante conhecer o mundo inteiro sem precisar viajar longas distâncias.


 
Figura 3 - Palácio de São Cristóvão. Fonte: Wikiedia

Com o crescente interesse no estudo das Ciências Naturais, esses espaços se tornaram grandes centros de pesquisa, o que acabou possibilitando o avanço da compreensão de diversos campos científicos que estavam surgindo, impactando diretamente a maneira como olhamos para o nosso mundo. Reconhecer a importância dessas instituições é também atestar o papel de participação ativa que esses espaços nacionais adotaram ao contribuir com espécimes para as coleções do exterior e ao serem institucionalizadas como locais de estudo e pesquisa, fomentado a educação brasileira nos próximos anos, influenciado até os dias atuais. Esses locais carregam uma herança dos seus antecessores, atuando como centros de estudo e proteção dos registros naturais de nosso planeta, aplicando novos olhares e sendo mais inclusivos com os públicos que possuem curiosidade de conhecer mais sobre as diferentes temáticas que essas instituições podem abordar.
 
Bibliografia
LOPES, Maria Margaret. O Brasil descobre a pesquisa científica: os museus e as ciências naturais no século XIX. São Paulo: Hucitec, 1997, p. 11-83

Museu Histórico Abílio Barreto e a exposição BH Fora dos planos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Graduação em Museologia
Disciplina : Tipologia de Museu
Professor : Luiz Henrique Assis Garcia
Alunos: Gabriel Franklin de Araújo Porto
Geovana de Souza Guilherme
Geraldo Rodrigues da Silva
Maicon Douglas Carvalho Pereira


Museu Histórico Abílio Barreto e a exposição BH Fora dos planos


O Museu Histórico Abílio Barreto, museu da cidade de Belo Horizonte, possui
exposições de longa, média e curta duração, além de diversas atividades culturais,
que por meio destas busca registrar e difundir a história de Belo Horizonte,
promovendo e valorizando a identidade e a memória da sociedade, fortalecendo
assim os laços de pertencimento dos moradores. Ulpiano Meneses, em seus textos,
aborda a contribuição dos museus na produção e disseminação do conhecimento e
sobre como estes espaços evoluíram para atender às demandas científicas e
educativas de sua época. Ainda, nos diz que são históricos os objetos que são
capazes de permitir a formulação e encaminhamento de problemas históricos
(fenômenos que permitem conhecer a estruturação, funcionamento e mudança de
uma sociedade).




Na exposição de longa duração intitulada “BH fora dos planos”, os objetos se
comunicam através das linhas temáticas: soterramento, resistência, cidade como
obra coletiva e cidade vivida, que juntos evocam memórias de um momento de
grandes mudanças e sacrifícios. A sala propõe um olhar sobre a história do
município a partir de um ponto de vista diferente, onde os objetos expostos são
observados a partir de uma relação “objeto X sociedade”, para além da prometida
nova capital como cidade planejada, que também deixou para trás Ouro Preto e seu
passado colonial. Estão expostos registros do cotidiano da população, ferramentas
de trabalhos, mobiliários, entre outros artefatos que faziam parte da vida dos
povoados locais. Essa relação entre a identidade e a memória permite às pessoas, a
partir do conjunto de referências físicas e simbólicas, a se reconhecerem como parte
de um mesmo mundo.


A exposição propõe uma reflexão sobre as formas de vida e elementos da
natureza que foram “apagados”, como o Arraial do Curral Del Rei, os riachos e
córregos que foram soterrados, os instrumentos de trabalhos como símbolo e marca
daqueles que construíram a cidade; ou seja a cidade como obra coletiva. Os objetos
que antes estavam enquadrados em uma classificação padrão e impessoal agora
contém informações que propõem uma nova forma de olhar o mundo e suas
representações, sem perder sua biografia, mas sendo também ressignificados. Os
objetos do museu guardam a história da cidade, referências simbólicas, referências
emocionais e referências físicas. O museu é um espaço de fruição para todas as
gerações, um lugar de convivência e convergência cultural .

Myrian Sepúlveda em seu texto “A escrita do passado em museus históricos” analisa
como as narrativas museológicas contribuem para a escrita da história e destaca o
papel dos mediadores na construção deste conhecimento. Portanto, coube aos
museólogos do espaço a função de estudar os sistemas culturais em que os
sistemas de informações estão inseridos e comunicar seus processos para o
público.

REFERÊNCIAS
Belo Horizonte Fora dos Planos MHAB | Portal Oficial de Belo Horizonte. Disponível
em:
<https://portalbelohorizonte.com.br/visitas-virtuais/exposicoes/belo-horizonte-fora-do
s-planos-mhab>. Acesso em: 3 fev. 2025.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. Para que serve um museu histórico?
Como Explorar um Museu Histórico. Tradução. São Paulo: Museu Paulista-Usp,
1992. Acesso em:

https://www.sisemsp.org.br/wp-content/uploads/2023/03/1-como-explorar-um-museu-
historico.pdf

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da
História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu
Paulista. Nova Série, São Paulo, v.2, p. 9-42, jan./dez. 1994.
PBH inaugura exposição “Belo Horizonte Fora dos Planos” no Museu Abílio Barreto.
Disponível em:
<https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/pbh-inaugura-exposicao-belo-horizonte-fora-do
s-planos-no-museu-abilio-barreto>. Acesso em: 3 fev. 2025.
SANTOS, Myrian Sepulveda dos. A escrita do passado em museus históricos.Rio
de Janeiro: Garamond Universitária, 2006. 142 p.

SERIAM OS MUSEUS ATUAIS APENAS UMA CONTINUIDADE DOS GABINETES DE CURIOSIDADES?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE TEORIA E GESTÃO DA INFORMAÇÃO

ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

BACHARELADO EM MUSEOLOGIA

DISCIPLINAS DA GRADUAÇÃO

TIPOLOGIA DE MUSEUS

 
Prof. Dr. Luiz Henrique Assis Garcia

Discentes: Beatriz Barbosa Cavalcanti; Bruna Ribeiro Diniz; Cecília Ferreira de Almeida e Silva; Ingrid Duboc Ferreira Dias do Santos Brandão; Yan Nicholas Sauâne De Benedetti

SERIAM OS MUSEUS ATUAIS APENAS UMA CONTINUIDADE DOS GABINETES DE CURIOSIDADES?

Entender os museus, mesmo que de contextos históricos, tipologias ou localidades diferentes, pode depender de conhecimentos prévios sobre os gabinetes de curiosidade, já que estes são compreendidos por alguns autores como uma forma embrionária da formulação dos museus - ou seja, um fenômeno que deu origem aos museus como conhecemos hoje.


Você sabe o que são gabinetes de curiosidade? Como esse fenômeno, que teve seu auge na Europa dos séculos XV ao XVII, pode influenciar os museus nos dias de hoje? Além disso, como os museus podem dialogar com estas raízes sem repetir suas problemáticas?


O “MICROCOSMOS” DO SÉCULO XV


Frequentemente, o colecionismo do século XV ao XVII é ilustrado em livros didáticos com as clássicas figuras dos gabinetes de curiosidades de grandes colecionadores, como Manfredo Settala e Ole Worm (Imagens 1 e 2). Essas ilustrações retratam efetivamente a elaboração conceitual de que os gabinetes de curiosidades funcionavam como “microcosmos”. Essa definição expõe que as coleções do período em questão tinham como objetivo principal a representação máxima do mundo e da natureza em um só cômodo.

 


 

 





Estas coleções pertenciam a aristocratas, que as reuniam através de relações comerciais, proporcionadas pelo avanço naval da época. Os diversos tipos de objetos se dividiam em: Naturalia (objetos da natureza); Artificialia (objetos produzidos por pessoas) e Mirabilia (Objetos “maravilhosos”, “miraculosos” e “misteriosos”).


Justamente por buscarem abranger o mundo todo em um cômodo, para nós, essas imagens podem se mostrar, em um primeiro momento, como espaços bagunçados e confusos. No entanto, os gabinetes de curiosidades tratavam-se de métodos extremamente didáticos e, portanto, organizados, acerca do funcionamento da natureza e das relações humanas. Os objetos seguiam uma linha de pensamento e uma ordem lógica em sua exposição, diferente do que o imaginário popular supõe.


É necessário abordar, também, as questões sociais envolvidas no universo dos gabinetes de curiosidade. Os gabinetes possuíam uma tendência recorrente a estabelecer relações hierárquicas entre povos culturalmente distintos, sustentando uma narrativa de superioridade Europeia. Estas narrativas interessavam muito aos Estados Nacionais que se formavam na época, que precisavam se sustentar, e utilizavam da estratégia do nacionalismo para isso.



QUESTIONANDO OS MUSEUS


Atualmente, é comum encontrarmos instituições museológicas que passaram por transformações em seu caráter administrativo que, no passado, representavam ideologias totalizadoras e, nos dias de hoje, buscam por um maior percentual de participação e/ou representação social. Se antes traziam narrativas unilaterais que contavam uma história única, agora buscam por encontrar um equilíbrio entre os estudos acadêmicos e as vivências daqueles que são abordados em suas exposições, investindo em atividades interativas e acessíveis para diferentes públicos.


Um desses casos clássicos é o Museu Paulista, recorrentemente referido pelo nome Museu do Ipiranga (até mesmo pela própria instituição). Ele teve sua criação pautada em uma visão generalista da nação brasileira. Inclusive, sua abertura teve foco em processos educativos para a própria população brasileira, como forma de moldar a ótica popular sobre a sua própria identidade. Ainda hoje, é possível observar resquícios dessas escolhas realizadas no passado, ressaltando ainda a apresentação mantida do saguão, das escadarias e salão nobre; desde as ânforas dos rios do país, até as esculturas de bronze dos “grandes ícones nacionais”.


Apesar disso, algumas das exposições buscam transformar esse acervo em algo mais dinâmico e com reflexões que buscam contar outras histórias além da tradicional, como por exemplo a “Territórios em disputa” e a “Passados imaginados”.


https://museudoipiranga.org.br/exposicoes/



Se as sociedades se transformam, se as discussões sociais avançam e se nossas visões se ampliam, porque os museus também não podem sofrer esta metamorfose? Ao refletir sobre os gabinetes de curiosidade e sua influência nos museus de hoje, é possível notar de onde alguns elementos museais vêm, mas isso não pode se tornar um determinismo sobre para onde os museus vão. O que, hoje, nos ajuda a escapar da narrativa unilateral dos gabinetes? O que podemos aprender com eles, em questão de catalogação de objetos?


Analisando algum museu ou espaço museal, o que podemos discutir?



REFERÊNCIAS

Imagem 1 (Disponível em: https://boudewijnhuijgens.getarchive.net/amp/topics/manfredo+settala+s+cabinet)


Imagem 2 (Disponível em: https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/G.-Wingendorp/200866/Frontisp%C3%ADcio-do-gabinete-de-curiosidades-de-Ole-Worm-do-&39;Museum-Wormianum&39;-de-Ole-Worm,-publicado-em-1655.html)


BIBLIOGRAFIA


CHAGAS, Mário de Souza. Os museus e os sonhos: panorama museológico brasileiro no século XIX e início do século XX. In: Há uma gota de sangue em todo museu: a ótica museológica de Mário de Andrade/Mário de Souza Chagas. Chapecó: Argos, 2006. 135 p.

BLOM, Philipp. O dragão e o carneiro tártaro. In: Ter e Manter. Uma história íntima de coleções e colecionadores. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 29-42.

BREFE, Ana Cláudia Fonseca. O Museu Paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional. São Paulo: UNESP; Museu Paulista, 2005.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Escola de Ciências da Informação como objeto de memória

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Graduação em Museologia
Função social dos Museus.
Prof. Luiz Henrique Assis


Alunos: Frederico Augusto João B.M.S.
Gabriela Guerra Fortunato
Lorena Eduarda da Silva Luz
Lorena Gonçalves Moreira




A Escola de Ciências da Informação como objeto de memória





Belo Horizonte, 13 de Novembro de 2024


Introdução

A Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) possui uma rica história de 75 anos, marcada por transformações e memórias que refletem não apenas o desenvolvimento da instituição, mas também a experiência coletiva dos que a frequentam. Nosso grupo propõe uma intervenção focada em preservar e destacar as memórias afetivas ligadas ao prédio, reconhecendo seu valor como patrimônio tombado e seu potencial como objeto de memória coletiva.


Ao utilizarmos o prédio da Escola de Ciência da Informação como objeto de memória, buscamos enfatizar a função social da museologia de resgatar e valorizar as experiências e narrativas da comunidade. Ao criar uma intervenção de memória afetiva, queremos promover o engajamento da comunidade acadêmica com o espaço e ressignificar o prédio como um ‘museu vivo’ que abriga lembranças e histórias coletivas, transformando o prédio em um "objeto de memória", refletindo sobre seu passado e as mudanças que sofreu ao longo do tempo


As etapas consistiram em:


Coleta de depoimentos: Conduzir entrevistas presenciais ou virtuais com membros da comunidade acadêmica (alunos, professores, funcionários, ex-alunos) para capturar histórias e experiências afetivas relacionadas ao prédio.


Mapeamento Temático: Organizar os depoimentos em categorias como “Primeiras Impressões”, “Mudanças ao Longo do Tempo”, “Eventos Marcantes” e “Lugares Memoráveis”.


Seleção dos Espaços: Identificar locais específicos do prédio para a instalação dos relatos de acordo com o conteúdo de cada um, criando uma ligação entre a memória e o espaço físico.


Montagem: Posicionamos os murais de memória e interativos para que os visitantes pudessem interagir adicionando suas próprias memórias.

A intervenção foi organizada em pontos estratégicos das escolas, com cada relato sendo feito em locais relevantes e simbólicos, criando uma conexão entre a memória relatada e o espaço onde ocorreu. Os depoimentos foram disponibilizados em murais colaborativos nos corredores da ECI e FAFICH nos dias 04 e 11 de Novembro. O público alvo foram os servidores que atuam trabalhando diariamente no prédio da Escola de Ciências da Informação, alunos graduandos (prioritariamente museologia) e frequentadores diários que passam pelo local selecionado.


As perguntas para a intervenção:


1- Que sensação o prédio da ECI te passa?

2- Me fala uma memória, uma história que ficou marcada pra você que aconteceu no prédio da ECI?

3- O que você pensou quando pisou a primeira vez no prédio da ECI?

4- Porque você gosta do Prédio da ECI?

5- O que o Prédio da ECI te faz refletir?


Respostas obtidas


Um exemplo das respostas obtidas foi do seguinte estudante da UFMG do prédio Belas Artes:


1- Sensação de calma;

2- O dia que fui ver os gatinhos;

3- Gostei das plantinhas descendo nos andares;

4- Porque é bem arborizado e ventilado;

5- O convívio com a natureza.


Outra resposta obtida de um estudante da Faculdade de Letras foi:


1- Paz e quietude.

2- Eu ter ficado lendo no ECI até dar o horário de ir embora.

3- Que ele parece um cenário de ficção científica.

4- Porque ele não tem poluição visual e é pouco movimentado.

5- Que os outros prédios deveriam ser como ele.


Conclusão

Após entrevistar profissionais da ECI, estudantes da Belas Artes, Faculdade de Letras, Instituto de ciências exatas, Faculdade de veterinária, Faculdade de Ciências Humanas e demais departamentos concluímos que a divulgação e a lembranças das memórias afetivas em relação ao prédio da ECI são latentes. Grande parte do público se sente acolhida e deseja compartilhar o sentimento de calma com os outros alunos, servidores e transeuntes da ECI, tornando um ambiente que é ideal para criar novas memórias e descansar no tempo livre.

O edifício da ECI, portanto, não é apenas um espaço físico destinado ao aprendizado ou ao trabalho acadêmico; ele carrega uma carga simbólica e afetiva que, ao longo do tempo, vai se transformando e se fortalecendo. Para muitos, esse é um local que transcende a função estritamente institucional e vínculo com a UFMG. Ele se tornou um lugar de convivência, de pausas para o descanso mental, mas também de partilha e interação, criando uma rede de relações que ultrapassa as fronteiras do campus. Portanto, é fundamental que a universidade, os responsáveis pela gestão dos espaços acadêmicos e os alunos reconheçam essa relação afetiva com o prédio da ECI, não apenas como um símbolo de história e tradição, mas como um ativo que promove o bem-estar e a coesão social.

A ECI não é apenas um prédio: ela é um lugar de vivência, de expressão e de reflexão, onde as memórias construídas são parte de uma história maior que se renova constantemente, mantendo viva a identidade do campus e a conexão entre as pessoas que o habitam.