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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Escola de Ciências da Informação como objeto de memória

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Graduação em Museologia
Função social dos Museus.
Prof. Luiz Henrique Assis


Alunos: Frederico Augusto João B.M.S.
Gabriela Guerra Fortunato
Lorena Eduarda da Silva Luz
Lorena Gonçalves Moreira




A Escola de Ciências da Informação como objeto de memória





Belo Horizonte, 13 de Novembro de 2024


Introdução

A Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) possui uma rica história de 75 anos, marcada por transformações e memórias que refletem não apenas o desenvolvimento da instituição, mas também a experiência coletiva dos que a frequentam. Nosso grupo propõe uma intervenção focada em preservar e destacar as memórias afetivas ligadas ao prédio, reconhecendo seu valor como patrimônio tombado e seu potencial como objeto de memória coletiva.


Ao utilizarmos o prédio da Escola de Ciência da Informação como objeto de memória, buscamos enfatizar a função social da museologia de resgatar e valorizar as experiências e narrativas da comunidade. Ao criar uma intervenção de memória afetiva, queremos promover o engajamento da comunidade acadêmica com o espaço e ressignificar o prédio como um ‘museu vivo’ que abriga lembranças e histórias coletivas, transformando o prédio em um "objeto de memória", refletindo sobre seu passado e as mudanças que sofreu ao longo do tempo


As etapas consistiram em:


Coleta de depoimentos: Conduzir entrevistas presenciais ou virtuais com membros da comunidade acadêmica (alunos, professores, funcionários, ex-alunos) para capturar histórias e experiências afetivas relacionadas ao prédio.


Mapeamento Temático: Organizar os depoimentos em categorias como “Primeiras Impressões”, “Mudanças ao Longo do Tempo”, “Eventos Marcantes” e “Lugares Memoráveis”.


Seleção dos Espaços: Identificar locais específicos do prédio para a instalação dos relatos de acordo com o conteúdo de cada um, criando uma ligação entre a memória e o espaço físico.


Montagem: Posicionamos os murais de memória e interativos para que os visitantes pudessem interagir adicionando suas próprias memórias.

A intervenção foi organizada em pontos estratégicos das escolas, com cada relato sendo feito em locais relevantes e simbólicos, criando uma conexão entre a memória relatada e o espaço onde ocorreu. Os depoimentos foram disponibilizados em murais colaborativos nos corredores da ECI e FAFICH nos dias 04 e 11 de Novembro. O público alvo foram os servidores que atuam trabalhando diariamente no prédio da Escola de Ciências da Informação, alunos graduandos (prioritariamente museologia) e frequentadores diários que passam pelo local selecionado.


As perguntas para a intervenção:


1- Que sensação o prédio da ECI te passa?

2- Me fala uma memória, uma história que ficou marcada pra você que aconteceu no prédio da ECI?

3- O que você pensou quando pisou a primeira vez no prédio da ECI?

4- Porque você gosta do Prédio da ECI?

5- O que o Prédio da ECI te faz refletir?


Respostas obtidas


Um exemplo das respostas obtidas foi do seguinte estudante da UFMG do prédio Belas Artes:


1- Sensação de calma;

2- O dia que fui ver os gatinhos;

3- Gostei das plantinhas descendo nos andares;

4- Porque é bem arborizado e ventilado;

5- O convívio com a natureza.


Outra resposta obtida de um estudante da Faculdade de Letras foi:


1- Paz e quietude.

2- Eu ter ficado lendo no ECI até dar o horário de ir embora.

3- Que ele parece um cenário de ficção científica.

4- Porque ele não tem poluição visual e é pouco movimentado.

5- Que os outros prédios deveriam ser como ele.


Conclusão

Após entrevistar profissionais da ECI, estudantes da Belas Artes, Faculdade de Letras, Instituto de ciências exatas, Faculdade de veterinária, Faculdade de Ciências Humanas e demais departamentos concluímos que a divulgação e a lembranças das memórias afetivas em relação ao prédio da ECI são latentes. Grande parte do público se sente acolhida e deseja compartilhar o sentimento de calma com os outros alunos, servidores e transeuntes da ECI, tornando um ambiente que é ideal para criar novas memórias e descansar no tempo livre.

O edifício da ECI, portanto, não é apenas um espaço físico destinado ao aprendizado ou ao trabalho acadêmico; ele carrega uma carga simbólica e afetiva que, ao longo do tempo, vai se transformando e se fortalecendo. Para muitos, esse é um local que transcende a função estritamente institucional e vínculo com a UFMG. Ele se tornou um lugar de convivência, de pausas para o descanso mental, mas também de partilha e interação, criando uma rede de relações que ultrapassa as fronteiras do campus. Portanto, é fundamental que a universidade, os responsáveis pela gestão dos espaços acadêmicos e os alunos reconheçam essa relação afetiva com o prédio da ECI, não apenas como um símbolo de história e tradição, mas como um ativo que promove o bem-estar e a coesão social.

A ECI não é apenas um prédio: ela é um lugar de vivência, de expressão e de reflexão, onde as memórias construídas são parte de uma história maior que se renova constantemente, mantendo viva a identidade do campus e a conexão entre as pessoas que o habitam.





Bordado Livre


Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Museologia
Função Social dos Museus
Docente: Luiz Henrique Assis Garcia
Discentes: Aparecida Milena Rocha, Kamila Ferreira, Monaliza Melo, Sofia de Carvalho, Vitor Santos


Bordado Livre



Belo Horizonte, 21 de novembro de 2024


Introdução

A oficina “Bordado Livre”, que ocorreu no dia 01 de Novembro de 2024, se desenvolveu a partir de uma exposição realizada pelo Centro de Memória da Educação de Contagem baseada no projeto da professora Rosana Araújo, que tinha como objetivo ensinar mulheres idosas a bordar. A exposição em si mantinha o foco na história e percurso da professora, do projeto, além da ancestralidade e o saber-fazer do bordado.

Professora Rosana durante a oficina - Fotografia: Kamilla Ferreira



Para a realização da oficina, foi mantido a ideia principal de tentar manter a intimidade trazida nas aulas do projeto, onde as alunas sentavam em círculo e podiam compartilhar histórias e experiências sobre a prática, e pelo ato de bordar em si, pois, sabendo que os participantes da oficina seriam trabalhadores da Secretaria de Educação de Contagem, onde o Centro de Memória se encontra, a intervenção surge como uma nova forma de interação com o espaço, que também é um ambiente de trabalho, com o Centro de Memória e com a exposição.


Desenvolvimento

Dessa forma, a oficina ocorreu durante aproximadamente 2 horas no refeitório da Secretaria, sendo organizada em conjunto com o Centro de Memória da Educação de Contagem, com o limite de 20 participantes. A professora Rosana disponibilizou material próprio para o desenvolvimento da oficina, com intuito de ensinar dois pontos básicos de bordados aos participantes. Como resultado da oficina, seria produzida uma manta de “retalhos” com as obras feitas pelos participantes.

Por fim, a oficina ocorreu de forma onde foi possível manter uma energia intimista com bastante conversa entre os participantes e a professora, sendo estas mais focadas na relação das mesmas com o bordado, resgatando memórias de parentes que também bordavam e outros aspectos.

Posteriormente à oficina, foi realizada uma pequena entrevista com alguns dos participantes a fim de saber qual foi o impacto da oficina. Uma das participantes comentou como seria difícil, em seu dia a dia, conseguir tempo para aprender algo na área e que essa teria sido uma ótima oportunidade para isso. Isso pode mostrar uma ressignificação do espaço de exposição que, por estar dentro da Secretaria, acaba recebendo mais visitas de seus próprios trabalhadores e, através da oficina, pode servir como um tipo de escapatória para arriscar um tipo de arte nova ou apenas ter um momento bom, como apontado por algumas, mesmo em ambiente de trabalho.

 

Participantes da oficina - Fotografia: Kamilla Ferreira


Conclusão


A arte da costura e bordado são íntimas e todo, desde as mãos ao material usado, assim como o lugar e companhia que é feito significam muito no processo. Ertzogue, em seu texto “Quando o Bordado e a Memória se Entrelaçam”, nos diz sobre o processo de produção de arpilleras feitas por mulheres durante o regime de Pinochet que “é no modo de costurar que a memórias e a oralidade se entrelaça, pois nas oficinas onde produziam uma peça coletiva, elas compartilhavam histórias de vida” (p.106), uma situação que também pode ser observada no caso apresentado, porém em situação bem mais feliz.


Referencias:

ERTZOGUE, M. H. Quando o bordado e a memória se entrelaçam: imagem e oralidade em Arpilleras amazônicas. História Revista, Goiânia, v. 23, n. 3, p. 104–120, 2019. DOI: 10.5216/hr.v23i3.51464. Disponível em:https://revistas.ufg.br/historia/article/view/51464. Acesso em: 20 nov. 2024.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM CENTROS DE MEMÓRIA DA JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PARA DISCUTIR A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA

 
Universidade Federal de Minas Gerais

Escola da Ciência e da Informação

Disciplina: Função Social dos Museus

Professor: Luiz Henrique Assis Garcia

Aluno(a): Alessandro De Oliveira Rezende, Camila Amanda Moreira Baldassini, Isabela Taylor Santos, Luciana Almeida Tonholli, Maria Moreira Rodrigues


RODA DE CONVERSA


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM CENTROS DE MEMÓRIA DA JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PARA DISCUTIR A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA


Os museus e centros de memória possuem uma função social fundamental: preservar o patrimônio cultural e histórico, além de promover a democratização do conhecimento. No âmbito das instituições de Justiça, esses espaços se tornam ferramentas valiosas para conscientizar a sociedade sobre seus direitos e aproximá-la do sistema judiciário.




No contexto de um projeto acadêmico da disciplina Função Social dos Museus, do curso de Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi proposta uma intervenção educativa nos centros de memória das instituições de Justiça de Minas Gerais. O objetivo foi discutir como esses espaços podem contribuir para a democratização do acesso à justiça e aproximar a população dos valores e práticas judiciais.


A pesquisa abrangeu várias instituições da Justiça de Minas Gerais. Destacam-se:


Centro de Memória da Justiça Eleitoral: Focado em processos eleitorais e sua evolução. Contato: smemo@tre-mg.jus.br.

Centro de Memória do Tribunal Regional do Trabalho: Resgata a história de conflitos trabalhistas e sua resolução. Contato: memoria@trt3.jus.br.


Embora esses espaços tenham grande potencial, foram identificadas dificuldades, como falta de organização e limitações no acesso, que impactam negativamente sua capacidade de engajamento público.


Roda de Conversa com Estudantes


Como parte da intervenção, foram organizadas rodas de conversa com estudantes de Direito, visando discutir a relevância dos centros de memória para a democratização do acesso à justiça. O diálogo foi enriquecido por visitas a centros de memória, onde se analisaram os seguintes pontos:


Importância dos espaços de memória para a formação cidadã.
Desafios para torná-los mais acessíveis e participativos.
Contribuições para o aprendizado sobre o sistema judiciário e seus serviços.





Resultados da Intervenção


As atividades mostraram que os centros de memória podem ser efetivos na educação sobre direitos e no fortalecimento da cidadania, especialmente ao informar sobre:


O papel da Defensoria Pública e dos juizados especiais no acesso à justiça.
Caminhos para acessar serviços jurídicos e compreender os processos judiciais.
No entanto, os estudantes ressaltaram que a falta de divulgação e algumas dificuldades estruturais prejudicam a visibilidade e o impacto desses espaços.


Conclusão

Os centros de memória das instituições de Justiça possuem um enorme potencial para promover o acesso à justiça e à educação cidadã. No entanto, é essencial superar desafios organizacionais e ampliar ações educativas, garantindo que esses espaços cumpram plenamente sua função social.


Sugestões de melhoria:

Aumentar a divulgação dos centros de memória.
Oferecer mais atividades interativas, como rodas de conversa e oficinas.
Estimular parcerias com instituições de ensino para engajar novos públicos.


Referências bibliográficas


A importância dos centros de memória para as instituições e para a sociedade. Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/a-importancia-dos-centros-de-memoria-para-as-instituicoes-e-para-a-sociedade>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Acesso à Informação. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/transparencia-cnj/acesso-a-informacao>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. Disponível em: <https://www.tre-mg.jus.br/institucional/memoria-eleitoral/centro-de-memoria-TRE-MG>. Acesso em: 20 nov. 2024.

Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais. Disponível em: <https://portal.trt3.jus.br/escola/institucional/centro-de-memoria>. Acesso em: 20 nov. 2024.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Democratizando o acesso à Justiça: 2022. Brasília: CNJ, 2022. Acesso em: 20 nov. 2024.

O Acervo Artístico da UFMG e sua função social



Universidade Federal de Minas Gerais - Escola de Ciências da Informação

Bacharelado em Museologia - Função Social dos Museus

Docente: Luiz Henrique Assis Garcia
 
 
Discentes: Alice Martins; Clarissa Tomasi; Helen Batista; Letícia Albuquerque; Rafael Pereira Santos e Suzane Rodrigues Brito

O Acervo Artístico da UFMG e sua função social

O intuito dessa atividade é traçar uma discussão com um grupo de pessoas que frequentam o campus Pampulha da UFMG, e que, em teoria, têm contato com as obras do Acervo Artístico da UFMG (AAUFMG) que estão em espaços externos. A proposta está em abordar os usos e percepções atuais dessas obras, como ocorre o contato do público com esse acervo, sobre as dificuldades atuais e necessidades de acessibilidade, e quais seriam as propostas ideais de usos e atividades para esses objetos, em consonância com uma visão social do patrimônio e da arte, onde estes, em conjunto com os museus e demais instituições culturais, devem atuar de forma ativa e conjunta com a sociedade. Para isso, foram selecionadas 15 obras, entre painéis e esculturas, e suas imagens foram impressas, juntamente com um mapa do campus Pampulha, para facilitar a identificação do local ao qual cada obra pertence. Foi proposto aplicar essa dinâmica com os discentes do 1º período do curso de museologia da UFMG, intencionando por adiantar uma abordagem social da museologia com esses estudantes.

Sobre o Acervo Artístico da UFMG

Trata-se de um acervo que se constituiu desde a formação da UFMG, em 1927, sendo composto por aproximadamente 1500 obras de arte de diferentes tipologias, datadas desde o século XVI até a atualidade. Foram adquiridas, em sua maioria, por meio de doação e se encontram espalhadas entre 33 prédios dos diferentes campi da UFMG e em locais externos aos prédios, no campus Pampulha.


A proposta

Foram elaborados um cronograma e um roteiro com perguntas norteadoras das discussões, embasadas nos textos e discussões da disciplina Função Social dos Museus. A atividade se iniciou com uma apresentação da dinâmica; a divisão da turma em 3 grupos, cada um recebendo um kit de imagens e um mapa. Com isso foram propostas perguntas sobre o reconhecimento das obras, sua possível localização, como aconteceu a descoberta dessas obras, se estas estão bem localizadas e possuem uma relação evidente com os prédios próximos ou deveriam estar em outras localidades. Após essa etapa, foi realizada uma explanação sobre o Acervo Artístico da UFMG, sua formação, usos dos acervos e disponibilização de informações, visando fornecer insumos para as discussões seguintes. Na sequência, foi proposto que os grupos conversassem sobre as formas como as obras são expostas atualmente e quais pontos seriam essenciais para uma melhor apreensão dessas para o público, assim como possíveis novas abordagens, apresentações desses objetos e a composição atual e futura desse acervo, os alunos foram convidados a escolherem uma única palavra para definir suas ideias.

Como ocorreu a dinâmica e impressões do grupo

Durante o andamento da dinâmica, percebeu-se que a maioria dos estudantes teve contato com pelo menos alguma das obras selecionadas, ainda que não tivesse conhecimento de todas elas, e suas localizações. Como o grupo era bastante heterogêneo - daí a escolha pelo 1º período - foi possível colher percepções distintas sobre a composição desse acervo. A atividade evidenciou a necessidade da gestão do AAUFMG ter mais ações que permitam à comunidade uma melhor fruição desse acervo, seja disponibilizando-o na sua totalidade de forma virtual, inserindo mais informações sobre as obras nos seus locais de exibição e, talvez o ponto mais significativo, estabelecer diretrizes mais democráticas e plurais na aquisição de novas obras. Palavras como “acessível, disponível, diverso, valorizado e digitalizado” apareceram como mote de “como esse acervo deveria ser”, em contraponto a palavras como “inacessível, omisso, elitizado, restrito, estático” apareceram quando perguntamos como esse acervo aparenta ser atualmente. Ao fim, foi possível perceber que ações, de certa forma simples, como ofertar mais informações sobre as obras, ou mesmo ações de divulgação, pavimentam um caminho de maior aproximação com o acervo como um todo. Entretanto, como desdobramento dessas ações, fica claro que a percepção e desejo do público por um acervo diverso, que retrate questões contemporâneas da arte da sociedade, bem como a reflexão sobre como grafites podem fazer parte desse acervo, são prementes e devem ser incorporadas pela gestão de modo que a comunidade possa se apropriar e estabelecer outros vínculos com o acervo artístico da UFMG.

 


 

                Seleção de obras para a dinâmica                              Mapa do campus Pampulha

 


Aplicação da dinâmica com os alunos do 1º período de museologia.


Bibliografia

ARANTES, A. A. Revitalização da capela de São Miguel Paulista, in: Produzindo o passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense: CONDEPHAAT, 1984. 255p.

CURY, Marília Xavier et al. Repensar o museu e a museologia a partir da prática colaborativa com os povos indígenas: Entrevista com Marília Xavier Cury. MIDAS, [S. l.], ano 2024, n. 18, p. 1-1, 13 jun. 2024. Disponível em: <http://journals.openedition.org/midas/5097>. Acesso em: 6 nov. 2024.

UFMG. Sobre o Acervo Artístico da UFMG. Belo Horizonte, 2024. Disponível em: <https://acervos.ufmg.br/inweb/acervoartistico/termosCondicoes.aspx?&Lang=BR&&c=sobre&IPR=2192>. Acesso em: 6 nov. 2024.


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Dedo de Prosa no Museu Histórico Abílio Barreto

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ESCOLA DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO - GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA

DISCIPLINA FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

TRABALHO FINAL – ALFREDO L. VIEIRA, DAISE G. CARVALHO, MARIA BEATRIZ M. SILVA, VITOR G. SANTOS

“DEDO DE PROSA” NO PARQUE DO MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO

1 - capa do trabalho


Para elaboração do trabalho final desta disciplina, consideramos que o museu, enquanto instituição, assume a função social de servir a sua comunidade, estabelecendo comunicação contínua com a mesma. Além disso, através de ações articuladas com o acervo, ele deve munir a sociedade de aparato representacional potente, capaz de projetar questões concernentes ao contexto daquelas pessoas, fazendo-as refletir sobre estruturas e processos presentes em suas próprias vidas. Podemos observar a importância deste processo através de um trecho da Mesa Redonda de Santiago que fala que o museu 

“pode contribuir para o engajamento destas comunidades na ação, situando suas atividades em um quadro histórico que permita esclarecer os problemas atuais, isto é, ligando o passado ao presente, engajando-se nas mudanças de estrutura em curso e provocando outras mudanças no interior de suas respectivas realidades nacionais.” (Mesa Redonda de Santiago, 1972)


Para explorar os efeitos que o museu exerce ao cumprir (ou não) sua função social, consideramos pertinente nos focar em um museu de cidade. O Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) foi inaugurado em 1943, com o objetivo de dedicar-se à produção e à difusão de conhecimento sobre a cidade de Belo Horizonte. Porém, esta pesquisa se foca muito menos no edifício sede ou no casarão da Fazenda do Leitão, e sim nos jardins do museu. Esses jardins, segundo descrição encontrada no site da Prefeitura de Belo Horizonte, foram concebidos para serem locais de educação e lazer. Certamente há uma programação cultural frequente nos jardins, e o museu possui acervo em sua área externa, porém algumas dúvidas permanecem: esses eventos convidam a população a desfrutar do museu como um todo? Os jardins são vistos apenas como espaços de entretenimento sem relação nenhuma com o MHAB? As pessoas que frequentam esse espaço estão cientes de que ele pertence ao conjunto arquitetônico e de funcionamento do museu? E como averiguar as noções que as pessoas têm a respeito do museu e de seus jardins?

Para realizarmos a proposta, nos dividimos em 2 duplas, e cada uma visitou o museu para realizar a pesquisa de campo em dias diferentes, a primeira dupla foi em um dia de semana, onde não havia muito movimento e as pessoas estavam menos acanhadas a interagirem com os entrevistadores, já a segunda dupla, foi em um domingo, onde especialmente, ocorreu a realização de um show no local. Neste dia, foi bem mais fácil a realização do trabalho, pois as pessoas estavam mais abertas para o diálogo (inclusive um dos entrevistadores tomou uma cerveja oferecida pelo entrevistado). Foram realizadas entrevistas bastante amistosas nesse dia, houve uma grande troca de experiências, principalmente por parte dos entrevistados, onde eles compartilharam diversos momentos e fatos de sua vida, que principalmente, se relacionavam com o museu. O clima amistoso estava mais que comprovado, pois ao longo das entrevistas as próprias pessoas que estavam passeando pelo local, estavam interagindo entre si, comentando sobre diversos assuntos, sendo eles, política, o museu, o cantor que se apresentou e etc.



2 - Visitantes do jardim do Museu Histórico Abílio Barreto e Casarão ao fundo


Já pelos resultados, podemos extrair algumas coisas interessantes, primeiro devemos observar a faixa etária dos entrevistados, que flutua em uma média entre os 35 e 60 anos (haviam algumas que tinham idades fora desse espectro). Outra coisa interessante a se notar é sobre o que as pessoas acham do local, uma grande maioria fez grandes elogios, falas como “local de terapia” e de “descanso emocional” foram frequentes, mostrando que a calmaria e a tranquilidade do lugar é um ponto forte na atração do público., e sobre a duração da permanência dos visitantes na praça é bem variável , tendo visitantes que informaram ficar no local por até 4 horas, assim sendo possível concluir que falta de tempo para a visitação ao museu, não é um problema na maioria dos casos. Já sobre a pergunta que falava sobre a entrada no museu, podemos identificar 2 respostas interessantes, uma onde o entrevistado disse que o museu era interessante, mas “não muito convidativo” e outra onde um estrangeiro entrevistado disse não ter entrado pois o idioma predominante no museu é o português. Essas respostas nos levam a pensar numa possibilidade de intervenção no museu que faça com que ele seja mais atrativo para o público, podendo ser por exemplo, a inserção de legendas em outros idiomas (visto que Belo Horizonte é uma cidade que atrai muitos turistas) e também alguma ação que faça com que o público se sinta cativado a entrar. Sobre a história da casa onde o museu está localizado, grande parte estava ciente, mas quando falamos sobre o outro prédio, a situação muda, vários entrevistados diziam não saber sobre a função do edifício, mostrando a nós uma noção territorial do museu limitada (deve ser combatida com ações que introduzem a área local e os seus arredores aos visitantes da praça). Após o final da entrevista, convidamos os entrevistados a participarem de uma roda de conversa e uma visita ao museu, para conversarmos um pouco sobre o lugar e fazer uma troca de experiências, porém, nenhum entrevistado se disponibilizou.

REFERÊNCIAS

IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus & Programa Ibermuseus. Mesa redonda sobre la importancia y el desarrollo de los museos em el mundo contemporáneo: Mesa Redonda de Santiago de Chile, 1972.

MOUTINHO, M.. Sobre o conceito de museologia social. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 1, Mai. 2009.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Museu Histórico Abílio Barreto - MHAB. [S. l.], 25 jan. 2018. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/fundacao-municipal-de-cultura/museus/mhab. Acesso em: 9 out. 2022.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. BH em Cantos: Museu Histórico Abílio Barreto. [S. l.], 17 ago. 2017. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/bh-em-cantos-museu-historico-abilio-barreto. Acesso em: 9 out. 2022.

ROSAS MANTECON, Ana. Usos y desusos del patrimonio cultural: retos para la inclusión social en la ciudad de México. An. mus. paul. [online]. 2005, vol.13, n.2 [cited  2014-08-19], pp. 235-256 .

SANTOS, M. Capítulo IV - reflexões sobre a nova museologia. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 18, Jun. 2009.





Proposta para o Museu de Artes e Ofícios - Legendas expandidas como intervenção

Grupo responsável pelo trabalho de intervenção museal proposta dentro da disciplina Função Social dos Museus :

Evelyn Martins
Juliane Martins
Kézia Miguel
Vitú de Souza

Museu de Artes e Ofícios (MAO)

O Museu de Artes e Ofícios é constituído pela coleção de objetos industriais e pré-industriais, que pautam as narrativas dos trabalhos exercidos na região de Minas Gerais.

Sua composição enquanto museu, partiu de uma frente de trabalho que envolveu diversos pesquisadores da Museologia, oriundos de perspectivas diferentes tanto sobre o acervo e exposição do museu, quanto a narrativa central do museu em si.

A assinatura da Expografia por Maria Ignez, dentro do projeto museográfico de Pierre Catel, apontou para uma perspectiva rasa e conivente do que foram os trabalhos forçados no Brasil, ponto este que inaugura uma ruptura na curadoria do museu já no início do projeto. O historiador Nicolau Sevcenko entendia que o Museu de Artes e Ofícios tinha o dever de contextualizar o trabalho escravo no Brasil, em seu texto de consultoria.

O Acervo Flávio Gutierrez

Dentre o acervo com diversos objetos (de aspecto) tecnológico sobre a evolução do trabalho humano no Brasil, observamos uma divisão de objetos de comércios, objetos de saberes específicos e de uso doméstico.

Todos recolhidos durante a acumulação de pertences matérias da Coleção Flávio Gutierrez, durante sua composição no Museu, muito se reflete no remanejamento desse acervo, entretanto nos relatórios e nas pesquisas pós composição do Museu, não surge o questionamento de o que leva um colecionador de objetos reunir em seu entendimento pessoal de patrimônio próprio, objetos que são vinculados ao
trabalho escravo no Brasil.

Afinal, porque expor uma balança de escravizados de uma coleção privada, numa
cidade republicana?
 

 

A Balança de Escravizados

A Balança de Escravizados, presente na exposição do MAO, está disposta sem qualquer reflexão e problematização, pois corrobora com o processo de espetacularização da memória colonial, revivendo imageticamente o poder e tirania de uma elite colonial, que pautou e subjugou a produção industrial sob o trabalho forçado.

Tanto a comissão curatorial do museu quanto diversos pesquisadores, entram em dissenso sobre a efetividade daquele objeto, bem como sua contribuição com o restante do acervo. Ciente disso, e em respeito a sua expografia original e restritamente inalterada, realiza um processo de apagamento de sua existência, agindo tal qual a sociedade brasileira, prática com o racismo todos os dias.

Ao expor a Balança é necessário refletir que o Tráfico de Africanos pelo oceano Atlântico, escravizou, estuprou e torturou mais de 4 milhões de pessoas, por um período de tempo de 3 séculos (XVI ao XIX). Sendo desta maneira, a representação de uma memória traumática, para diversos dos descendentes (africanos em diáspora) deste processo. Expor sobre a perspectiva de remontar ou pautar uma história que em específico é falsa, uma vez que esta balança não possui históricos concretos, de utilização em território brasileiro, corroborando assim somente na manutenção e horror visual da austeridade branca hegemônica, racista que age de formas subconscientes nas sequelas e mazelas de diversos brasileiros, todos os dias.

O exercício de apologia a regimes políticos genocidas é crime comum em diversos países, pouco se faz na violência conceitual aplicada aos usos de objetos dessa natureza e tipologia em diversos museus do Brasil, e nesse sentido o Grilhão e a Suástica, possuem pesos diferentes e contextos diferentes, mas atuam em funções similares na perpetuação da memória e soberba de eurodescendentes.

Referência

GONÇALEZ, Sofia. O Trabalhador Negro no Museu de Artes e Ofícios:
Representação e Silenciamento. Programa de Pós-Graduação Interunidades em
Museologia da Universidade de São Paulo (PPGMus-USP). 3° Sebramus. Pará.
2021. p.1-22.

Intervenção no Museu Casa Kubitschek

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG

ESCOLA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ECI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA

FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

PROFESSOR: LUIZ HENRIQUE ASSIS GARCIA

ALUNOS(AS): Ana Beatriz Foscolo Gomes, Adriana Lage B. Souza, Maria Elisa Pereira Aguiar, Marco Tulio Dias M. B. Ferreira, Nara Santana da Silva e Thais de Souza Costa


TRABALHO DE CAMPO - FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

01 - Fachada da Casa Kubitschek

1. EMBASAMENTO HISTÓRICO

O Museu Casa Kubitschek (MCK) é um museu histórico localizado na orla da Lagoa da Pampulha, mais especificamente em uma edificação construída na década de 1940, a qual foi destinada para ser, além de residência de fim de semana do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, modelo para o projeto arquitetônico desenvolvido pelo prefeito, pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o paisagista Burle Marx e o pintor Cândido Portinari: A Pampulha.

Como reflexo de tais idealistas, a casa possui um telhado em forma de asa de borboleta e planos inclinados, marcas da arquitetura de Niemeyer. A instituição ocupa 680 m² de um terreno de 2.800 m², sendo reconhecida como um dos exemplos da arquitetura modernista brasileira presente na região. Sua história esbarra na vida de dois patronos: a família Kubistchek e a família Guerra, sendo os últimos os responsáveis pela assinatura do Termo de Desapropriação em 2005 - o qual transferiu o imóvel para a prefeitura. Em 2008 iniciou-se as obras de reestruturação da arquitetura para os moldes originais desenhados por Niemeyer, bem como a adaptação do espaço para a instalação do Museu Casa Kubitschek, tendo como base o projeto desenvolvido pela Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

A articulação de todos esses elementos resultou em uma residência singular, que recebeu proteção legal por meio do tombamento Federal (1997), Estadual (2009) e Municipal (2003) (Plano Museológico, p.12). O tombamento estadual da Casa Kubistchek foi aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – CONEP - em 30 de junho de 2009 e inscrito nos Livros n.° II, III e IV, respectivamente, do tombo de Belas Artes, do tombo Histórico, das obras de Artes Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos e do tombo das Artes Aplicadas. 

2. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO e JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a relevância então mencionada, a importância cultural que o MCK expressa para a interpretação crítica do Complexo da Pampulha através do seu acervo institucional e operacional fica clara. Sendo assim, além de suas atribuições museais obrigatórias, possui um papel crucial no debate sobre o que significa morar e transformar um espaço geográfico em um lugar cultural. 

Desta forma, o grupo busca propor uma reflexão ao lado dos visitantes espontâneos da instituição e um grupo de estudantes de Paisagismo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) sobre os argumentos até então tecidos pela exposição “A casa que mora em mim”. Em suma, o objetivo central é refletir sobre o lugar do público a partir de seus pontos de vista e considerações. Para tal feito, será utilizada a metodologia de entrevistas in loco. Sendo assim, questionamos: O que o motiva estar ali? Qual o que espera encontrar? Quer se encontrar na exposição e/ou entrar em contato com questões que nunca pensou? De que forma o público consegue perceber o espaço como lugar de conhecimento a partir do que observa na exposição?

Para nortear nossas perguntas, refletiremos sob a perspectiva da Função Social do Museu, conforme definição apresentada na conclusão da Mesa Redonda de Santiago em 1972: “ (...) o museu é uma instituição a serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele mesmo os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das comunidades que ele serve” (p. 360/361). Somado a isso, nos norteia também a definição de PRIMO (2009. p 361) perante o conceito de Museu Integral, sendo ele um espaço "destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto de seu meio material e cultural". Dessa forma, justificamos a nossa ideia por entendermos que o entender o público é  um instrumento que permite a instituição museal aperfeiçoar suas ações de comunicação, educação e formação de consciências.

No que tange a Instituição, o estudo pretende contribuir para elucidar algumas das condições que podem promover o acesso ao museu e, eventualmente, incentivar a participação da comunidade em um esforço da instituição em atender o conceito de Museologia Social que, segundo MOUTINHO (2009), “traduz uma parte considerável do esforço de adequação das estruturas museológicas aos condicionalismos da sociedade museológicas aos condicionalismos da sociedade contemporânea.”

3. ROTEIRO DA ENTREVISTA

A publicação Tecnologia Social da Memória (2009)  apresenta as etapas do desenvolvimento de projetos de memória e procura sistematizar a maneira de realizar entrevistas de modo a obter dos entrevistados a melhor forma de narração de suas experiências.

“Roteiro de Perguntas - O roteiro é uma sequência de perguntas elaboradas pelo entrevistador (ou pelo grupo) que o ajuda a preparar-se para a entrevista. Não deve ser entendido como um questionário rígido, mas como um guia para estimular o entrevistado.” (Tecnologia Social da Memória, 2009).

Perguntas introdutórias sobre o visitante - Perguntas de desenvolvimento - Perguntas Descritivas: aquelas que recuperam detalhes envolventes e familiarizados para os(as) entrevistados(as).

02 - Entrevistas

03 - Entrevistas

04 - Entrevistas

4. MODELO DO FORMULÁRIO PARA A PESQUISA

05 - Formulário

5 - DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE CAMPO

O grupo se reuniu para a definição da proposta de intervenção no Museu Casa Kubitschek, que tem relevância histórica e que, de alguma forma, contribui para o desenvolvimento sócio-cultural da população local, bem como para os visitantes da capital.

Foram abordados visitantes  avulsos e também, integrantes do grupo de estudantes da disciplina de Paisagismo da UEMG, estavam participando de uma visita guiada a respeito dos jardins de Burle Max e da arquitetura do museu.

6 - Entrevistas

7 - Cartaz usado para atrair o público
8 - Estudantes da UEMG

9 - Participação dos estudantes

10 - Entrevista dinâmica

11 - Equipe responsável pela elaboração do trabalho

12 - Integrantes do grupo com supervisora do MCK


13 - Recortes da exposição "A casa que mora em mim"

6. Conclusões 

Diante da análise dos dados coletados, foi possível perceber algumas características e comportamentos específicos dos visitantes em relação à instituição e às expectativas que estes possuíam sobre o museu. Em primeiro lugar, foi perceptível que muitos não sabiam da existência do museu naquela região, ainda que fossem moradores de Belo Horizonte e que a casa já estivesse instalada como museu há 9 anos. Também foi possível encontrar visitantes de fora de Belo Horizonte, sendo esse um elemento que revela o potencial turístico que a instituição possui. Além disso, foi possível observar que as visitas são realizadas, na maior parte das vezes, por duplas ou grupos, podendo ser visto como um ambiente no qual os indivíduos gostam de ir na companhia de outras pessoas. Entre essas pessoas, estão amigos, familiares, casais e grupos escolares/acadêmicos, fato que demonstra, neste sentido, a capacidade que o espaço museal possui como meio de socialização dos indivíduos.

A respeito das expectativas sobre o museu, é correto afirmar que foram encontradas diversas perspectivas em relação à história da casa e da figura histórica à qual pertenceu o local, o presidente Juscelino Kubitschek. Sob esse viés, espera-se que o museu conte mais sobre a história do imóvel e de Juscelino, e as características típicas da arquitetura moderna do conjunto arquitetônico da Pampulha. Seguindo essa mesma linha, ao mesmo tempo em que a exposição sobre bordados era esperada por alguns, para outros foi uma surpresa, pois não imaginavam encontrar uma exposição temática. Somado a isso, as impressões que os visitantes geralmente possuíam do museu eram positivas, dando foco principalmente aos jardins de Burle Marx e às características arquitetônicas do local. Com isso, o ambiente museológico servia como um local de salvaguarda e valorização do patrimônio da cidade. De encontro com o anseio de muitos visitantes encontraram, dentro da casa-museu, objetos da exposição e do espaço museológico que geram identificação com características do próprio cotidiano. Entre os itens citados, móveis, plantas e peças de bordado foram mencionados nas opções propostas em nossa pesquisa, mostrando o fato de que o museu  pode gerar identificação com os visitantes, tanto em relação ao acervo quanto aos detalhes das construções e dos jardins. Foram obtidos resultados de satisfação dos entrevistados, que alegaram ter gostado da temática e do acervo exposto, demonstrando interesse em visitá-la novamente, além de convidarem outras pessoas. Outras pessoas demonstraram interesse em retornar ao museu para conhecer exposições com outros temas. Por exemplo, propostas de exposições sobre a história de Belo Horizonte e, em especial, de Juscelino Kubitschek. 

Sobre o tipo de público presente no museu, percebeu-se que de um universo de treze pessoas entrevistadas, a maior parte delas possuem o hábito de frequentar museus de forma assídua, com a frequência de pelo menos uma vez ao mês. Em menor número estavam aquelas que visitavam museus com uma frequência menor, de pelo menos uma vez ao ano. Após conhecerem o museu, os indivíduos demonstraram preferências relacionadas à construção do espaço, aos jardins, ao acervo e à exposição que está ali, intitulada “A casa que mora em mim”. Desse modo, também houve uma preferência por uma maior divulgação do museu e das atividades que a instituição realiza através de redes sociais, sendo o instagram uma das plataformas mais requisitadas. Universidades, rádio, televisão e centros de cultura também foram meios de comunicação e locais citados como meios de divulgação das atividades do museu, visto que muitos não sabiam a respeito do museu e das atividades educativas que são desenvolvidas no ambiente. A partir disso, foi possível concluir que existe grande interesse no que diz respeito à participação de atividades educativas desenvolvidas pelo museu. Também foi perceptível o alto número de pessoas com crianças dentro do convívio, sendo os grupos escolares, os panfletos e os e-mails as formas de divulgação consideradas mais eficientes. 

Diante das observações realizadas pelos estudantes, foi possível perceber que a função do museu enquanto instituição não está somente ligada à conservação e salvaguarda do patrimônio histórico. Percebemos que o museu tem um importante papel de promover, além das funções supracitadas, o conhecimento acerca das exposições montadas dentro do espaço museológico e do museu como um todo. Através das exposições e dos recursos educativos, pode-se utilizar uma série de abordagens para transmitir informações e, em adição a isso, fazer com que o indivíduo construa a própria capacidade crítica dentro das narrativas que o museu oferece. Com isso, o visitante pode, dentro das possibilidades que o local apresenta, identificar-se ou não com o que lhe é apresentado. A partir disso, é possível constatar a capacidade de apresentação ao público de um novo ponto de vista sobre uma série de questões do mundo que o cerca, que possuem relação com a sociedade, com a memória, com a história e com a identidade. 

Por outro lado, percebemos que o pouco tempo para a construção da ideia central para o projeto e sua aplicação em curto período do dia na instituição, foram pontos negativos nesse processo de trabalho de campo. A limitado número de entrevistados, com a sua maioria de um mesmo núcleo de estudo, torna o resultado ainda insatisfatório para uma conclusão categórica sobre a função social dos museus. No entanto, é possível verificar nesse universo mediano que os museus dispõem de elementos capazes de desempenhar essa função social, por meio do lazer; do entretenimento; da propagação do conhecimento científico, histórico e artístico; podendo influenciar na construção de um pensamento e senso crítico diante do mundo. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Ana K, LIMA, Claudia, ARAÚJO, Vanessa B. Plano Museológico Museu Casa Kubitschek. PMBH. SMC. FMC. Diretorias de Museus. Museu Casa Kubitschek, 2020-2024.


MOUTINHO, M.. Sobre o conceito de museologia social. In.: Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 1, Mai. 2009.


PRIMO, J. Pensar contemporaneamente a museologia. In.: Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 16, Jun. 2009.


RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História. Chapecó: Argos, 2004.


RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA O “não público” dos museus: levantamento estatístico     sobre o "não ir" a museus no Distrito Federal. CPIM/DEPMUS/IBRAM. Brasília,09/2012.


SANTOS, M. C. T. M. (1). Reflexões sobre a nova Museologia. In.: Cadernos De Sociomuseologia, 18(18). Disponível em: <https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/363>.  Acessado em:26/09/2022


TECNOLOGIA SOCIAL DA MEMÓRIA (2009). Fundação Banco do Brasil, Abravídeo e Museu da Memória. Disponível em: <https://acervo.museudapessoa.org/pt/entenda/portfolio/publicacoes/metodologia/tecnologia-social-da-memoria-2009>. Acessado em :25/09/2022