segunda-feira, 1 de junho de 2020

A volta ao mundo em 80 museus: Museu Manuelzão

“Minha vida é andar por esse país (...) Guardando as recordações. Das terras onde passei. Andando pelos sertões (...).” (Luiz Gonzaga). Esta tem sido minha sina, há exato um ano e meio, quando iniciei minha graduação em Museologia pela UFMG. Descobri que na minha sede de conhecimento poderia unir o útil ao agradável. Ciente de que a teoria vem sempre acompanhada de uma boa prática, passei a frequentar, visitar e ir em busca de Museus para vivenciar o que venho aprendendo em sala de aula, principalmente em relação as funções museológicas de pesquisa, conservação, documentação e comunicação. Nascida no coração das Minas Gerais, estado que tem aproximadamente 10% dos museus brasileiros, optei, dentro das minhas possibilidades, por conhecer alguns deles andando pelas Minas e pelos Gerais. E por falar em Gerais, venho apresentar o Museu Manuelzão, personagem do grande escritor Guimarães Rosa. É o Museu da minha terra natal, Três Marias, localizado no distrito de Andrequicé. Um vilarejo que remete aos meus antepassados, minhas origens. No meio do cerrado, usando o linguajar de Guimarães Rosa, apresenta o que há de “mió”: contos e causos, comida boa, pés de pequi, folia de reis, cavalgadas, festas religiosas, café coado, biscoito frito, belas histórias e uma boa prosa. Andrequicé é um lugar de povo acolhedor, de grande religiosidade, possui uma Igreja de Nossa Senhora das Mercês, datada de 1725. É o lugar dos grandes sertões e das belas veredas.
















 
 
 
 
O Museu Manuelzão faz parte do Projeto Memorial Manuelzão, que consiste em um conjunto de ações que visam à preservação da história de Manuel Nardi, o Manuelzão, capataz da viagem do escritor Guimarães Rosa em 1952, que, posteriormente, se tornou personagem de sua obra “Manuelzão e Miguilim.”

Instalado de 2001 a 2003, os bens culturais que compõem o museu foram adquiridos da família de Manuel Nardi e representam os hábitos e costumes cotidianos de um vaqueiro do sertão mineiro. No museu também estão disponíveis os registros das homenagens e a participação de Manuelzão em eventos e mídia. O restante do acervo ficou sobre a guarda técnica da UFMG, de 1997 até 2003, quando retornou para o Distrito de Andrequicé e, hoje, faz parte do Museu.

O local pertencia à família Nardi e foi adquirido, em 2001, pela Associação Comunitária de Andrequicé e o acervo doméstico pela Prefeitura de Três Marias, em 2003. O Museu é uma casa simples que simboliza a sabedoria e os costumes do sertanejo. É gerido pela SAMARRA – Sociedade dos Amigos do Memorial de Manuelzão e Revitalização de Andrequicé, que tem como coordenador José Antônio Vicente de Souza, um administrador e entusiasta pela preservação da cultura na região. A Semana Cultural com a Festa de Manuelzão abordando temáticas relacionadas a literatura Roseana é realizada no mês de julho e já conta com a sua 17º edição. Possui uma rica programação, parcerias diversas e animação típica em dias de muita cultura, valorização e homenagens ao vaqueiro Manuelzão. O evento corrobora as funções essenciais do Museu que é a preservação e a comunicação, por meio da educação não formal, instruindo, compartilhando e gerando conhecimentos.


Distante 276 km de Belo Horizonte, via BR 040, sentido Brasília, deixo aqui a sugestão para uma visita ao Museu Manuelzão. Valerá a pena! Como dizia Guimarães Rosa: “Felicidade se acha é em horinhas de descuido.” “O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.” Museus são lugares de histórias e memórias. Aprender, apreender, nunca é demais!


Por Daniela Tameirão dos Santos Mota

Graduanda do 3º Período do Curso de Museologia – UFMG
Belo Horizonte, 04/12/18.

Extensão: parceria Engaja ECI/UFMG e Retratistas do Morro


Por Lara Prado, bolsista de extensão (out-dez 2019)


 
"No projeto Retratistas do Morro, eu tive muita oportunidade de ter contato com uma comunidade que não conhecia, aliás, não sou de Belo Horizonte, então felizmente agora tenho mais consciência da história da cidade e isso é ótimo para minha estadia no local.
Além disso, desenvolvi a habilidade de limpeza física e química de negativos que é uma atividade muito importante, significativa e interessante para mim que gosto da área. A organização também é uma habilidade muito importante para o projeto. Sou muito grata por essa oportunidade e espero que eu possa desfrutar de mais projetos incríveis como esse!"



Do editor:
Em 2019, através do projeto de extensão Engaja (ECI-UFMG)  - que tem como intuito realizar estudos  e propor ações de engajamento de público e acervo em museus públicos de Belo Horizonte,  e estende-se a  demais instituições públicas e privadas de perfil semelhante na cidade - convidei o coordenador Guilherme Cunha a apresentar o Projeto Retratistas do Morro numa aula aberta da disciplina Função Social dos Museus, da graduação em Museologia da UFMG. A partir daí firmamos uma parceria, que ainda pretendemos aprimorar, que iniciou-se pela cooperação técnica a partir da seleção de bolsista de extensão por um período mais curto, remuneradas através de recursos do "Retratistas do Morro". Foram selecionadas as estudantes de graduação em Museologia da UFMG Lara Prado e Mariana Ferreira. O depoimento da Lara, além de apresentar as atividades que realizou, deixa registrado sua apreciação do valor iniciativa para sua formação.

O projeto Engaja, a partir da intercessão entre diferentes esferas (universidade, alunos, professores, grupo de pesquisa, poder público municipal, museus e citadinos) visa promover  no âmbito da cultura e do patrimônio uma perspectiva plural e colaborativa para a construção da memória coletiva, a projeção dos museus enquanto lugares de trocas e debate , a formação de alunos e o envolvimento da comunidade externa à universidade de forma a proporcionar maior compreensão sobre os museus, acervos e o patrimônio cultural, promovendo a participação efetivamente democrática em algumas de suas atividades.