quarta-feira, 28 de agosto de 2019

A volta ao mundo em 80 museus: Museu Picasso e Museu D'Orsay

Nova edição da série, com o convidado Túlio Ceci Villaça, meu caro amigo e autor/editor do excelente blog Sobre a canção, profissional de comunicação, músico, crítico cultural de gabarito com o qual já tive a satisfação de colaborar com linhas para a Revista Terceira Margem no artigo O pós-futuro do pós-brasil / notas a “o pós-futuro do pós-brasil”.  

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Em que medida conhecer os museus de uma cidade é conhecer a cidade, ou o país? Vim conhecer Londres e Paris ou seus museus? Flanar é sem dúvida a melhor maneira de conhecer Paris, e estar hospedado no banlieu (até amanhã, quando mudamos para mais para o Centro para os últimos dias) tem sido uma chave para o entendimento da cidade. Mas sim, conhecer museus também é conhecer lugares. Museus dialogam com suas cidades, não só com suas histórias, mas também com seus valores.


Fui ao Museu Picasso (A) e ao d'Orsay (B), este principalmente com a coleção impressionista, que é - impossível evitar - impressionante. Mas Picasso também é, talvez ainda mais por ser um só. Incrível como sua produção tão caudalosa não se dilui, como seu traço mesmo tão variado tem assinatura, e nunca se converte de assinatura a caricatura de si mesmo, como nada parece gratuito mesmo quando a liberdade é extrema. Que traço! Que capacidade criativa! Ele pintou telhas, pratos, pedras, fez esculturas usando carrinhos de brinquedo, usa a chuva como pretexto para dividir a imagem da cidade. É como se não bastasse, o Museu faz exposições temporárias de outros artistas relacionando suas obras com a do Picasso, e o da vez era o Alexander Calder! Sensacional. Botei dois vídeos no Integram, vejam porque vale a pena.



E o d'Orsay. Morei na Rua Rodin, num conjunto habitacional só de ruas com nome de impressionistas. E hoje a turma estava toda lá: Monet, Corot, Sisley, Vlaminck, Van Gogh, Gauguin e, claro, a Praça Manet, aquela da festa junina famosa. E outro raio de aula inesquecível. Ver quatro catedrais de Rouen lado a lado com suas variações de luz (aqui em fotos furrecas, preço desculpas, mas eu é que não vou botar filtro em impressionistas, eles inventaram os filtros) ver as bailarinas de Degas (outra Rua do IAPC), ver as luzes do Taiti e comparar com as de Arles, tudo isso é uma aula, não vejo outra palavra. E ver o Dejeuner sur l'herbe do Manet num Museu e sua releitura pelo Picasso no outro, ai é pós-graduação.
























Ora, claro que museus dialogam com a cidade, são a cidade, e é possível inclusive flanar neles. O impressionismo é Paris, Paris está impressa naquelas telas, assim como Debret é Di Cavalcanti são o Rio ou o holandês Franz Post é Recife, assim como o Museu Nacional é o Rio (não registrei, mas usei a camisa do Museu ontem). Lamentável é não conhecermos bem nossos próprios, porque eles são nós, assim como os de Paris são ela. A diferença entre nós e eles não está tanto na qualidade das obras e acervos. A, diferença é talvez que os franceses sabem disso.


Por Túlio Villaça, agosto de 2019. 


Imagens (fotos do autor, da esq. para dir., de cima para baixo):
1. Picasso, Boisgeloup sous la pluie;
2. Picasso, Le guenon e son petit;
3. e 4. Monet, Catedral de Rouen;
5. Monet, La rue Montorgueil, fête du 30 juin1878
6. Degas, Le foyer de la dance à l"Opéra de la rue Le Peletier
7. Manet, Le deujener sur l'herbe
8. Picasso, Le deujener sur l'herbe d"aprés Monet



 

 

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Museus em alta

Acompanhei a matéria na tv mais cedo, deste mesmo órgão de mídiaO aumento do público em si é fato relevante e suscita bons debates. Mas cabe ir um pouco além dos números. Tem hora que eu gostaria que o WB estivesse errado, mas "Nunca há um documento da cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento da barbárie"(a quem quiser se aprofundar, indico esse texto curto de Jeanne Marie Gagnebin).
Convido à reflexão, e a título de incentivo, vamos fazer uma enquete depois e o melhor comentário ganhará créditos bárbaros com o professor. Prometo considerar a opinião do público rsrs.