Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Museologia
Função Social dos Museus
Docente: Luiz Henrique Assis Garcia
Discentes: Aparecida Milena Rocha, Kamila Ferreira, Monaliza Melo, Sofia de Carvalho, Vitor Santos
Bordado Livre
Belo Horizonte, 21 de novembro de 2024
Introdução
A oficina “Bordado Livre”, que ocorreu no dia 01 de Novembro de 2024, se desenvolveu a partir de uma exposição realizada pelo Centro de Memória da Educação de Contagem baseada no projeto da professora Rosana Araújo, que tinha como objetivo ensinar mulheres idosas a bordar. A exposição em si mantinha o foco na história e percurso da professora, do projeto, além da ancestralidade e o saber-fazer do bordado.
Professora Rosana durante a oficina - Fotografia: Kamilla Ferreira
Para a realização da oficina, foi mantido a ideia principal de tentar manter a intimidade trazida nas aulas do projeto, onde as alunas sentavam em círculo e podiam compartilhar histórias e experiências sobre a prática, e pelo ato de bordar em si, pois, sabendo que os participantes da oficina seriam trabalhadores da Secretaria de Educação de Contagem, onde o Centro de Memória se encontra, a intervenção surge como uma nova forma de interação com o espaço, que também é um ambiente de trabalho, com o Centro de Memória e com a exposição.
Desenvolvimento
Dessa forma, a oficina ocorreu durante aproximadamente 2 horas no refeitório da Secretaria, sendo organizada em conjunto com o Centro de Memória da Educação de Contagem, com o limite de 20 participantes. A professora Rosana disponibilizou material próprio para o desenvolvimento da oficina, com intuito de ensinar dois pontos básicos de bordados aos participantes. Como resultado da oficina, seria produzida uma manta de “retalhos” com as obras feitas pelos participantes.
Por fim, a oficina ocorreu de forma onde foi possível manter uma energia intimista com bastante conversa entre os participantes e a professora, sendo estas mais focadas na relação das mesmas com o bordado, resgatando memórias de parentes que também bordavam e outros aspectos.
Posteriormente à oficina, foi realizada uma pequena entrevista com alguns dos participantes a fim de saber qual foi o impacto da oficina. Uma das participantes comentou como seria difícil, em seu dia a dia, conseguir tempo para aprender algo na área e que essa teria sido uma ótima oportunidade para isso. Isso pode mostrar uma ressignificação do espaço de exposição que, por estar dentro da Secretaria, acaba recebendo mais visitas de seus próprios trabalhadores e, através da oficina, pode servir como um tipo de escapatória para arriscar um tipo de arte nova ou apenas ter um momento bom, como apontado por algumas, mesmo em ambiente de trabalho.
Participantes da oficina - Fotografia: Kamilla Ferreira
Conclusão
A arte da costura e bordado são íntimas e todo, desde as mãos ao material usado, assim como o lugar e companhia que é feito significam muito no processo. Ertzogue, em seu texto “Quando o Bordado e a Memória se Entrelaçam”, nos diz sobre o processo de produção de arpilleras feitas por mulheres durante o regime de Pinochet que “é no modo de costurar que a memórias e a oralidade se entrelaça, pois nas oficinas onde produziam uma peça coletiva, elas compartilhavam histórias de vida” (p.106), uma situação que também pode ser observada no caso apresentado, porém em situação bem mais feliz.
Referencias:
ERTZOGUE, M. H. Quando o bordado e a memória se entrelaçam: imagem e oralidade em Arpilleras amazônicas. História Revista, Goiânia, v. 23, n. 3, p. 104–120, 2019. DOI: 10.5216/hr.v23i3.51464. Disponível em:https://revistas.ufg.br/historia/article/view/51464. Acesso em: 20 nov. 2024.
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