segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Intervenção no Museu Casa Kubitschek

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG

ESCOLA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ECI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA

FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

PROFESSOR: LUIZ HENRIQUE ASSIS GARCIA

ALUNOS(AS): Ana Beatriz Foscolo Gomes, Adriana Lage B. Souza, Maria Elisa Pereira Aguiar, Marco Tulio Dias M. B. Ferreira, Nara Santana da Silva e Thais de Souza Costa


TRABALHO DE CAMPO - FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

01 - Fachada da Casa Kubitschek

1. EMBASAMENTO HISTÓRICO

O Museu Casa Kubitschek (MCK) é um museu histórico localizado na orla da Lagoa da Pampulha, mais especificamente em uma edificação construída na década de 1940, a qual foi destinada para ser, além de residência de fim de semana do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, modelo para o projeto arquitetônico desenvolvido pelo prefeito, pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o paisagista Burle Marx e o pintor Cândido Portinari: A Pampulha.

Como reflexo de tais idealistas, a casa possui um telhado em forma de asa de borboleta e planos inclinados, marcas da arquitetura de Niemeyer. A instituição ocupa 680 m² de um terreno de 2.800 m², sendo reconhecida como um dos exemplos da arquitetura modernista brasileira presente na região. Sua história esbarra na vida de dois patronos: a família Kubistchek e a família Guerra, sendo os últimos os responsáveis pela assinatura do Termo de Desapropriação em 2005 - o qual transferiu o imóvel para a prefeitura. Em 2008 iniciou-se as obras de reestruturação da arquitetura para os moldes originais desenhados por Niemeyer, bem como a adaptação do espaço para a instalação do Museu Casa Kubitschek, tendo como base o projeto desenvolvido pela Diretoria de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

A articulação de todos esses elementos resultou em uma residência singular, que recebeu proteção legal por meio do tombamento Federal (1997), Estadual (2009) e Municipal (2003) (Plano Museológico, p.12). O tombamento estadual da Casa Kubistchek foi aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – CONEP - em 30 de junho de 2009 e inscrito nos Livros n.° II, III e IV, respectivamente, do tombo de Belas Artes, do tombo Histórico, das obras de Artes Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos e do tombo das Artes Aplicadas. 

2. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO e JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a relevância então mencionada, a importância cultural que o MCK expressa para a interpretação crítica do Complexo da Pampulha através do seu acervo institucional e operacional fica clara. Sendo assim, além de suas atribuições museais obrigatórias, possui um papel crucial no debate sobre o que significa morar e transformar um espaço geográfico em um lugar cultural. 

Desta forma, o grupo busca propor uma reflexão ao lado dos visitantes espontâneos da instituição e um grupo de estudantes de Paisagismo da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) sobre os argumentos até então tecidos pela exposição “A casa que mora em mim”. Em suma, o objetivo central é refletir sobre o lugar do público a partir de seus pontos de vista e considerações. Para tal feito, será utilizada a metodologia de entrevistas in loco. Sendo assim, questionamos: O que o motiva estar ali? Qual o que espera encontrar? Quer se encontrar na exposição e/ou entrar em contato com questões que nunca pensou? De que forma o público consegue perceber o espaço como lugar de conhecimento a partir do que observa na exposição?

Para nortear nossas perguntas, refletiremos sob a perspectiva da Função Social do Museu, conforme definição apresentada na conclusão da Mesa Redonda de Santiago em 1972: “ (...) o museu é uma instituição a serviço da sociedade, da qual é parte integrante e que possui nele mesmo os elementos que lhe permitem participar na formação da consciência das comunidades que ele serve” (p. 360/361). Somado a isso, nos norteia também a definição de PRIMO (2009. p 361) perante o conceito de Museu Integral, sendo ele um espaço "destinado a proporcionar à comunidade uma visão de conjunto de seu meio material e cultural". Dessa forma, justificamos a nossa ideia por entendermos que o entender o público é  um instrumento que permite a instituição museal aperfeiçoar suas ações de comunicação, educação e formação de consciências.

No que tange a Instituição, o estudo pretende contribuir para elucidar algumas das condições que podem promover o acesso ao museu e, eventualmente, incentivar a participação da comunidade em um esforço da instituição em atender o conceito de Museologia Social que, segundo MOUTINHO (2009), “traduz uma parte considerável do esforço de adequação das estruturas museológicas aos condicionalismos da sociedade museológicas aos condicionalismos da sociedade contemporânea.”

3. ROTEIRO DA ENTREVISTA

A publicação Tecnologia Social da Memória (2009)  apresenta as etapas do desenvolvimento de projetos de memória e procura sistematizar a maneira de realizar entrevistas de modo a obter dos entrevistados a melhor forma de narração de suas experiências.

“Roteiro de Perguntas - O roteiro é uma sequência de perguntas elaboradas pelo entrevistador (ou pelo grupo) que o ajuda a preparar-se para a entrevista. Não deve ser entendido como um questionário rígido, mas como um guia para estimular o entrevistado.” (Tecnologia Social da Memória, 2009).

Perguntas introdutórias sobre o visitante - Perguntas de desenvolvimento - Perguntas Descritivas: aquelas que recuperam detalhes envolventes e familiarizados para os(as) entrevistados(as).

02 - Entrevistas

03 - Entrevistas

04 - Entrevistas

4. MODELO DO FORMULÁRIO PARA A PESQUISA

05 - Formulário

5 - DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO DE CAMPO

O grupo se reuniu para a definição da proposta de intervenção no Museu Casa Kubitschek, que tem relevância histórica e que, de alguma forma, contribui para o desenvolvimento sócio-cultural da população local, bem como para os visitantes da capital.

Foram abordados visitantes  avulsos e também, integrantes do grupo de estudantes da disciplina de Paisagismo da UEMG, estavam participando de uma visita guiada a respeito dos jardins de Burle Max e da arquitetura do museu.

6 - Entrevistas

7 - Cartaz usado para atrair o público
8 - Estudantes da UEMG

9 - Participação dos estudantes

10 - Entrevista dinâmica

11 - Equipe responsável pela elaboração do trabalho

12 - Integrantes do grupo com supervisora do MCK


13 - Recortes da exposição "A casa que mora em mim"

6. Conclusões 

Diante da análise dos dados coletados, foi possível perceber algumas características e comportamentos específicos dos visitantes em relação à instituição e às expectativas que estes possuíam sobre o museu. Em primeiro lugar, foi perceptível que muitos não sabiam da existência do museu naquela região, ainda que fossem moradores de Belo Horizonte e que a casa já estivesse instalada como museu há 9 anos. Também foi possível encontrar visitantes de fora de Belo Horizonte, sendo esse um elemento que revela o potencial turístico que a instituição possui. Além disso, foi possível observar que as visitas são realizadas, na maior parte das vezes, por duplas ou grupos, podendo ser visto como um ambiente no qual os indivíduos gostam de ir na companhia de outras pessoas. Entre essas pessoas, estão amigos, familiares, casais e grupos escolares/acadêmicos, fato que demonstra, neste sentido, a capacidade que o espaço museal possui como meio de socialização dos indivíduos.

A respeito das expectativas sobre o museu, é correto afirmar que foram encontradas diversas perspectivas em relação à história da casa e da figura histórica à qual pertenceu o local, o presidente Juscelino Kubitschek. Sob esse viés, espera-se que o museu conte mais sobre a história do imóvel e de Juscelino, e as características típicas da arquitetura moderna do conjunto arquitetônico da Pampulha. Seguindo essa mesma linha, ao mesmo tempo em que a exposição sobre bordados era esperada por alguns, para outros foi uma surpresa, pois não imaginavam encontrar uma exposição temática. Somado a isso, as impressões que os visitantes geralmente possuíam do museu eram positivas, dando foco principalmente aos jardins de Burle Marx e às características arquitetônicas do local. Com isso, o ambiente museológico servia como um local de salvaguarda e valorização do patrimônio da cidade. De encontro com o anseio de muitos visitantes encontraram, dentro da casa-museu, objetos da exposição e do espaço museológico que geram identificação com características do próprio cotidiano. Entre os itens citados, móveis, plantas e peças de bordado foram mencionados nas opções propostas em nossa pesquisa, mostrando o fato de que o museu  pode gerar identificação com os visitantes, tanto em relação ao acervo quanto aos detalhes das construções e dos jardins. Foram obtidos resultados de satisfação dos entrevistados, que alegaram ter gostado da temática e do acervo exposto, demonstrando interesse em visitá-la novamente, além de convidarem outras pessoas. Outras pessoas demonstraram interesse em retornar ao museu para conhecer exposições com outros temas. Por exemplo, propostas de exposições sobre a história de Belo Horizonte e, em especial, de Juscelino Kubitschek. 

Sobre o tipo de público presente no museu, percebeu-se que de um universo de treze pessoas entrevistadas, a maior parte delas possuem o hábito de frequentar museus de forma assídua, com a frequência de pelo menos uma vez ao mês. Em menor número estavam aquelas que visitavam museus com uma frequência menor, de pelo menos uma vez ao ano. Após conhecerem o museu, os indivíduos demonstraram preferências relacionadas à construção do espaço, aos jardins, ao acervo e à exposição que está ali, intitulada “A casa que mora em mim”. Desse modo, também houve uma preferência por uma maior divulgação do museu e das atividades que a instituição realiza através de redes sociais, sendo o instagram uma das plataformas mais requisitadas. Universidades, rádio, televisão e centros de cultura também foram meios de comunicação e locais citados como meios de divulgação das atividades do museu, visto que muitos não sabiam a respeito do museu e das atividades educativas que são desenvolvidas no ambiente. A partir disso, foi possível concluir que existe grande interesse no que diz respeito à participação de atividades educativas desenvolvidas pelo museu. Também foi perceptível o alto número de pessoas com crianças dentro do convívio, sendo os grupos escolares, os panfletos e os e-mails as formas de divulgação consideradas mais eficientes. 

Diante das observações realizadas pelos estudantes, foi possível perceber que a função do museu enquanto instituição não está somente ligada à conservação e salvaguarda do patrimônio histórico. Percebemos que o museu tem um importante papel de promover, além das funções supracitadas, o conhecimento acerca das exposições montadas dentro do espaço museológico e do museu como um todo. Através das exposições e dos recursos educativos, pode-se utilizar uma série de abordagens para transmitir informações e, em adição a isso, fazer com que o indivíduo construa a própria capacidade crítica dentro das narrativas que o museu oferece. Com isso, o visitante pode, dentro das possibilidades que o local apresenta, identificar-se ou não com o que lhe é apresentado. A partir disso, é possível constatar a capacidade de apresentação ao público de um novo ponto de vista sobre uma série de questões do mundo que o cerca, que possuem relação com a sociedade, com a memória, com a história e com a identidade. 

Por outro lado, percebemos que o pouco tempo para a construção da ideia central para o projeto e sua aplicação em curto período do dia na instituição, foram pontos negativos nesse processo de trabalho de campo. A limitado número de entrevistados, com a sua maioria de um mesmo núcleo de estudo, torna o resultado ainda insatisfatório para uma conclusão categórica sobre a função social dos museus. No entanto, é possível verificar nesse universo mediano que os museus dispõem de elementos capazes de desempenhar essa função social, por meio do lazer; do entretenimento; da propagação do conhecimento científico, histórico e artístico; podendo influenciar na construção de um pensamento e senso crítico diante do mundo. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Ana K, LIMA, Claudia, ARAÚJO, Vanessa B. Plano Museológico Museu Casa Kubitschek. PMBH. SMC. FMC. Diretorias de Museus. Museu Casa Kubitschek, 2020-2024.


MOUTINHO, M.. Sobre o conceito de museologia social. In.: Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 1, Mai. 2009.


PRIMO, J. Pensar contemporaneamente a museologia. In.: Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 16, Jun. 2009.


RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de História. Chapecó: Argos, 2004.


RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA O “não público” dos museus: levantamento estatístico     sobre o "não ir" a museus no Distrito Federal. CPIM/DEPMUS/IBRAM. Brasília,09/2012.


SANTOS, M. C. T. M. (1). Reflexões sobre a nova Museologia. In.: Cadernos De Sociomuseologia, 18(18). Disponível em: <https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/363>.  Acessado em:26/09/2022


TECNOLOGIA SOCIAL DA MEMÓRIA (2009). Fundação Banco do Brasil, Abravídeo e Museu da Memória. Disponível em: <https://acervo.museudapessoa.org/pt/entenda/portfolio/publicacoes/metodologia/tecnologia-social-da-memoria-2009>. Acessado em :25/09/2022





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