Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciência da Informação – Graduação em Museologia
Disciplina: Função Social dos Museus - Atividade: Relatório Final
Professor: Luiz Henrique Garcia de Assis
Alunos: Alessandra Menezes, Daniel Batista, Débora Calixto, Lucas Thiago e Silvia Maria.
O MUSEU VAI À ESCOLA: O CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA
Museus Universitários, o que são? São denominados “museus universitários” museus e coleções que são de responsabilidade de uma instituição de ensino superior e/ou universidade, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe objetos para estudo, educação e apreciação; as coleções universitária são exibidas de forma limitada ou mesmo não exibidas, sendo utilizadas, principalmente, para o ensino universitário. (ALMEIDA, 2002. p.205)
Atualmente a Universidade Federal de Minas Gerais possui 24 espaços de ciência e cultura que variam entre museus, centros de memória e centros de pesquisa. Dentre estes espaços chamamos a atenção para o Centro de Memória da Medicina - CEMEMOR, nosso objeto de pesquisa e investigação.
O Centro de Memória da Medicina da UFMG foi criado em 1977 e seu principal idealizador foi João Amílcar Salgado, professor dedicado e conhecedor da história e da área da saúde. Em virtude de uma ampla reforma da grade curricular do curso de medicina, e a implementação de uma disciplina sobre a História da Medicina, viu-se a necessidade de criação de um espaço que se dedicasse a memória da Faculdade. O primeiros espaço destinados a abrigar o museu foi inaugurado em 1980.
O acervo do CEMEMOR é composto por objetos que foram usados no ensino e na pesquisa universitárias e é constituído de várias coleções. Dentro dessas coleções encontram-se uma multiplicidade de objetos, como: seringas de diversos tamanhos e modelos, microscópicos, índices de periódicos da faculdade, ampolas de medicamentos, frascos de soro, além de teses de ex-alunos, livros publicados nos séculos XVIII e XIX - incluindo algumas edições raras, entre outros objetos tridimensionais, fotografias e documentos.
Pensando na possibilidade de desenvolver no Centro de Memória uma atividade que atraísse um público em potencial, visto que, cada vez mais, se discute a importância das universidades desenvolverem atividades e programas que aproximam as comunidades externas ao ambiente acadêmico, não somente em seus museus, mas também em suas faculdades e escolas, decidimos tirar o CEMEMOR da Faculdade de Medicina e apresentá-lo em um outro local.
A ideia inicial do projeto O Museu Vai à Escola nasceu de um antigo projeto educativo do CEMEMOR que visava visitar escolas da rede municipal e estadual que se encontram no entorno da instituição, apresentando-lhes o espaço e o acervo do museu. Este projeto tinha como objetivo ampliar o contato do público com o museu, bem como levar seus valores para a sociedade. Utilizando da concepção base da ideia original, reformulamos o projeto e elaboramos uma ação que consistiu em apresentar o Centro de Memória da Medicina UFMG à uma turma do EJA - Educação de Jovens e Adultos, de forma a expor não somente a patrimônio universitário e científico da Faculdade de Medicina, mas também discutir a importância dos museus universitários na educação e pesquisa científica, tentando criar um paralelo entre o que se produz na academia e o resultado dessa produção aplicada diretamente na sociedade.
O CEMEMOR VAI À ESCOLA
Realizada no dia 25 de setembro de 2019 em uma turma de Educação de Jovens e Adultos - EJA - do Colégio Imaculada Conceição, a mini-palestra, com duração de 60 minutos, abordou o conceito de museu, o que são museus universitários, apresentação do CEMEMOR e discussão acerca do papel dos museus (científicos ou não) na sociedade.
Com um público de 35 pessoas, com idades entre 16 e 61 anos e de perfil variado, mas principalmente pessoas em vulnerabilidade social e de baixa renda, a aula/palestra contou com o auxílio de duas professoras da escola, que muito ajudaram com a didática, incentivando os alunos a participarem e mostrarem seus pontos de vista e compreensão acerca do tema proposto e de seus hábitos frente aos patrimônios culturais.
A intervenção também teve como princípio o exercício da cidadania: evidenciar aos estudantes que museus existem em função da sociedade e que cada cidadão deve se apropriar de espaços públicos como praças, prédios históricos e também outros museus. Citando Jaramillo:
“(...)para liderar cambios profundos en la forma como se vive y se ofrece la cultura en la comunidad, y que son una simple escala para conseguir otros objetivos de corte social más fuerte y más profundo, como el de la ciudadanía educada y el de la convivencia que revierte en una profundización del ejercicio de la democracia.” (JARAMILLO, 2010,p.5)
No decorrer da aula o maior número de questionamentos foram sobre o acesso aos museus. Grande parte dos alunos não se sentem à vontade para entrarem em museus estando sozinhos ou acompanhados de familiares, o que não acontece quando estão acompanhados da escola. O que se percebe é que apesar do estímulo da escola e professores em promover visitas a espaços museais, para os alunos a escola, de certa forma, legitima a presença dos mesmos no espaço museal, situação que não permite que se sintam autônomos e seguros a repetirem as visitas sem a presença da escola. Essa realidade pode ser vista nas respostas colhidas em um formulário respondido pelo alunos ao final da aula. Quando perguntado se eles tinham o costume de irem a museus 77,1% respondeu que “sim, vista museus. Mas com pouca frequência”, contra 22,0% que respondeu “Sim, sempre visito museus, centros culturais e outros espaços com exposições.” Mas ao serem questionados sobre quais museus costumam ir as respostas se mantiveram dentro do leque de museus que eles visitaram junto a escola e que se encontram no Circuito Liberdade. Nos parece, por meio das respostas, que as visitas se limitam às excursões escolares.
Outra questão presente no formulário e que vale destaque é se eles acreditam, de alguma forma, se museus contribuem para a sociedade, unanimemente, 100% das respostas foram positivas, sendo citados “memória da cidade”. “conhecimento”, “cultura para a população” e “história” os motivos mais dissertados.
Levar o “museu à escola” permitiu que muitos alunos rompessem estereótipos e concepções acerca do acesso livre ao museu, para a maioria museus são intimidadores o que os inibem de entrar no espaço. Em um bate papo bem informal conversamos sobre a quantidade de instituições museais e de cultura que existem em Belo Horizonte e que são espaços abertos para todos, sendo a maioria gratuita, o que muito os animou. Finalizando a proposta de levar o museu à escola, distribuímos a cada aluno e professor um pequeno kit com uma pequena amostra do CEMEMOR, cartão postal, marca página, informativo e folder institucional compuseram o nosso modesto presente.
Como feedback dos alunos recebemos mensagens - deixadas nos formulários - de agradecimento como essa: “Muito bom, pois me instruiu sobre as dúvidas que eu tinhas sobre visitação aos museus de Minas. Obrigado.”. E no final percebemos que para o museu desenvolver a sua função social, antes, a população precisa compreender o que é um museu. Tarefa essa, nossa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GUSMÃO, S.N.S. 85 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais. Cooperativa Editora e de Cultura Médica, 1997.
JARAMILLO, C. Los Museos como Herramientas de Transformación Social del Territorio El caso del Museo de Antioquia Medellín – Colombia ...in:JUNIOR , José do Nascimento (org.) Economia de Museus. Brasilia : MinC/IBRAM , 2010.
RIBEIRO, Emanuela Sousa . Museus em universidades públicas: entre o campo científico, o ensino, a pesquisa e a extensão. Museologia & Interdisciplinaridade Vol.I1, nº4, maio/junho de 2013, p.88-102.
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