terça-feira, 8 de outubro de 2019

Intervenção no Parque Lagoa do Nado e Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional - CRCP [Função Social dos museus 2019]


Disciplina: Função Social dos Museus
Prof.: Luiz Henrique Garcia

Integrantes: Bruna Ferreira, Erika Gonçalves, Maxwell Pêgo, Mayra Marques


Intervenção no Parque Lagoa do Nado e Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional - CRCP

A ideia de se fazer uma intervenção no Parque Lagoa do Nado se deu principalmente pelo fato de, anteriormente já termos realizado uma pesquisa de público no local. Na pesquisa analisamos que muitos frequentadores das quadras esportivas não frequentam as exposições do Centro de Referência, inserido no parque, sendo a falta de informação e sinalização sobre o CRCP um importante fator para tal. Assim, a intervenção teria o objetivo de comunicar com esse público sobre a existência do CRCP e suas exposições, atraindo principalmente os frequentadores das quadras.

A exposição atual “Quilombos Urbanos e a Resistência Negra em Belo Horizonte” apresenta um rico acervo das comunidades quilombolas Luízes, Mangueiras e Manzo Ngunzo Kaiango, situadas em Belo Horizonte. Em nossa intervenção houve a implementação de quatro placas indicativas no espaço, com setas e desenhos do baobá, importante símbolo da África e dos quilombos, para que seja seguida uma “trilha dos baobás”, com frases de resistência: “Quilombo é resistência”, “Quilombo é liberdade”, “Quilombo é negritude”, “Quilombo é ancestralidade”. As placas se iniciavam na entrada do parque mais próxima às quadras e iam passando por elas.






Depois do trajeto, há uma quinta placa, próxima ao casarão, informando melhor do que se trata: “Você sabia que ainda existem quilombos em BH? Visite a exposição no casarão!”. E também foram instalados dois quadros interativos próximos aos bebedouros do parque, que ficam perto das quadras, mas em diferentes locais, com copos de gizes pendurados, para que o público respondesse às perguntas: “Onde estão suas raízes?” e “O que te faz resistir?”, convidando-o não somente a visitar a exposição, como também a interagir com a intervenção, se expressando.

Após a fixação das placas e com a participação dos visitantes nos quadros interativos, desenvolvemos algumas críticas em relação à intervenção e o espaço. Como o problema da falta de pertencimento de muitos visitantes do parque, que não frequentam as exposições do CRCP, o que pode ser analisado a partir das reflexões sobre identidade cultural. Como é refletido no texto A Democratização da Memória: a Função Social dos Museus Ibero-Americanos, de Mário de Souza Chagas, Rafael Zamorano Bezerra e Sarah Fassa Benchetrit, em que se debate sobre o fato de que nem todos os indivíduos de uma sociedade possuem as mesmas oportunidades de representatividade, produção de identidades e memórias. Assim como boa parte do público do Parque Lagoa do Nado, que vem de favelas próximas e não possui poder socioeconômico significativo para afirmar sua identidade e se sentir pertencente ao CRCP. Pois, como pode-se observar, este público de baixa renda se apropria muito mais facilmente às quadras de esportes do parque, mas não tanto ao CRCP. Com isso, também é possível refletir sobre muitas respostas aos quadros interativos terem sido em forma de pichação, que é a forma de boa parte de tal público se manifestar artisticamente e socialmente. 

Outro fator é o tombamento do casarão onde fica o CRCP, que não permite a inserção de placas de identificação, dificultando a visibilidade e conhecimento das funções do espaço, o que deixa-o com uma aparência menos acessível e faz com que muitos não se sintam convidados a entrar.

Foi realizada essa intervenção, pois vemos nos visitantes a potencialidade de serem atores do espaço, instigando suas percepções acerca do contexto social dos quilombos e convidando-os a se apropriarem do próprio CRCP, conhecendo-o e frequentando-o. Além de que pensamos no local como um transformador social, onde o objetivo da exposição e da nossa intervenção é o diálogo com a comunidade a sua volta, sendo uma referência de espaço cultural que abraça a comunidade. 



Referências Bibliográficas:



CHAGAS, Mário de Souza; BEZERRA, Rafael Zamorano.; BENCHETRIT, Sarah Fassa. A democratização da memória: a função social dos Museus Ibero-Americanos . Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2008. 278 p.

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