ECI-UFMG
CURSO: MUSEOLOGIA
DISCIPLINA: FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS
PROFESSOR: LUIZ H. GARCIA
ALUNAS: DANDARA TEIXEIRA, DANIELI DI MINGO, JADE DRUMOND, JESSICA BAUMGARTNER E MARINA REBUITE
MUSEU ITINERANTE PONTO UFMG
Você já foi visitar um museu? É possível que sua resposta para essa pergunta seja sim, afinal, a maioria das pessoas foram em uma excursão com a escola quando criança. Porém, se for lançada uma pergunta como “com que frequência você visita um museu?” ou “qual a última vez que foi a um museu?” ou até mesmo “qual é o museu mais próximo de onde você está?”, as coisas mudarão e a probabilidade de ter dificuldade em pensar na resposta será grande. Esse foi o foco desse projeto.
A disciplina “Função Social dos Museus” ministrada pelo professor Luiz Henrique Assis Garcia no curso de graduação em Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais, tem como objetivo mostrar para as pessoas de fora do meio que o museu é muito mais que um espaço de visitação, e sim um espaço de diálogo com a sociedade e os seus arredores, inserção cultural e aprendizagem; um espaço para pesquisa que envolve muito mais do que a instituição museu. É através dessa Disciplina que surgiu o projeto de intervenção tendo como intuito convidar pessoas para dentro do museu.
Entre os dias 16 e 23 de setembro de 2019 foi realizada pela Secretaria Municipal de Belo Horizonte a Semana da Educação – Educa BH, evento cujo objetivo era reafirmar a cidade como um local de Educação. Temas como artes, educação, ciências, lazer, saúde, tecnologias, linguagens e cultura se fizeram presentes nestes dias. Presente no evento o Museu Itinerante Ponto UFMG se fixou na Praça da Estação (Avenida dos Andradas, 201 – Centro). Assim, dispondo da visibilidade que tanto o evento quanto essa nova tipologia de museu trariam, realizamos a intervenção no espaço.
O museu conta com salas adaptadas dentro da carreta, além de exposições e oficinas externas que ligam diversas áreas do conhecimento científico e cultural. O espaço por si só chama atenção devido às figuras coloridas que compõem o caminhão, além dos objetos da exposição externa que permitem interação direta com os visitantes.
Centenas de visitantes passaram pelo museu e a maioria desses interagiram com o espaço. O público, em sua maioria, foi composto por crianças já que o evento contava com a participação de estudantes de escolas municipais da cidade, o que foi ótimo, pois desta forma, através de perguntas, foi possível cativá-las para o processo criativo e educacional das exposições. Por outro lado, foi difícil estabelecer diálogos com os professores que guiavam os estudantes; não se mostraram muito interessados em uma possível parceria entre escola e museu, além de não terem tempo para uma conversa mais direcionada. Uma pena já que a ideia, tanto do museu quanto da iniciativa que tomamos, era aproximar mais as instituições de estudo com o que museus podem oferecer (seja para estudantes ou para os professores).
Outra parte interessante foram as conversas estabelecidas com passantes. Muitos ficaram curiosos para saber o que era aquela estrutura - o espaço reservado para o museu, e curiosos para compreender melhor como o museu funciona além de acharem interessante a iniciativa das alunas em chamar mais pessoas para dentro dos museus. Conversas foram estabelecidas com guardas que trabalham nos arredores da Praça da Estação e esses revelaram, um tanto constrangidos, que não possuem o costume de visitar museus (ainda que exista o Museu de Artes e Ofícios localizado em frente à praça) e não conhecem os museus da capital; mais do que isso, pediram sugestões de museus para visitar, demonstrando um interesse genuíno. Uma conversa estabelecida com funcionários do metrô revelou que esses também não conhecem os arredores da estação e não sabiam ao certo o que estava acontecendo durante aqueles dias, além de ser um evento da prefeitura.
Dos depoimentos colhidos acreditamos que dois se destacam mais. O primeiro deles foi dado por uma funcionária do metrô que acredita que o museu é um ótimo lugar de conhecimento e, quando mais nova, não acreditava que esse fosse um lugar seu por ser negra e da periferia. Deixamos aqui os questionamentos: museus são espaços para quem? Não deveria, então, como uma instituição pública e social, permitir que as pessoas se sintam, independentemente de quem são, confortáveis em suas instalações?
O segundo depoimento foi de um professor de Informática que passou pela exposição externa do Museu Itinerante Ponto UFMG. Ao perguntar se ele conhecia algum museu próximo, ele disse que não. Descobrimos que ele dava aula dentro do MAO. Aqui deixamos outro questionamento: que esforço o museu (ou museus) está fazendo para ser identificado e usufruído pela sociedade?
A experiência nos mostrou vários aspectos que dentro de uma instituição podem ser mudados de modo a atrair mais o público, seja por meio de convites diretos ou dando a oportunidade da comunidade do entorno participar das ações promovidas pelo espaço. Também nos mostrou a importância de conversar com as pessoas pois somente elas poderão dizer o que esperam de um museu e dar um retorno completo e construtivo. Agora utilizaremos desse projeto e seus resultados para convidar algumas das pessoas com as quais conversamos para visitar o museu, sendo nós as mediadoras. Não somente para atrair e fazer essas pessoas acostumarem-se com visitas frequentes em museus, mas sim para mostrar a elas que nós, do campo da museologia, temos um real interesse na participação da sociedade dentro desses. Uma forma de provar que nós ouvimos e não estamos apenas em uma falácia.
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