O artigo "O MASP e a casa da sogra", de Raquel Rolnik, abordando a ocupação do vão livre do MASP, põe em discussão vários assuntos que foram abordados nas disciplinas que lecionei nesse semestre que se encerra: Tipologia de museus, Função social dos museus e Museu e cidade.Assim para marcar o encerramento das atividades reproduzo aqui alguns trechos, convidando que se interessar a ler o texto completo e deixar aqui algum comentário ou impressão. E boas férias! (Luiz H. Garcia)
"Há duas semanas o "Estadão" [aqui] defendeu em seu editorial o cercamento do
vão livre do Masp como forma de proteger o museu da ameaça de
"viciados", "traficantes", "moradores de rua" e "grupos de
manifestantes" que tomaram conta do espaço.
O jornal reverberou declarações do curador do museu, Teixeira Coelho,
que, diante da recusa do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico
Nacional em aceitar seu pedido de instalação de grades no vão livre,
classificou tal posição como 'um atraso'."
"Não é à toa que o Masp se tornou um dos símbolos de São Paulo, além de
um dos lugares mais apropriados pelos paulistanos. Poucos são os espaços
da cidade que estabelecem uma relação tão bem-sucedida entre o público e
o privado, a cultura, a arte e a vida cotidiana dos cidadãos.
Na contramão dos equipamentos culturais desenhados para serem monumentos
de celebração a uma arte-mercadoria, glamourizada e identificada com as
elites, o Masp nasceu para ser uma espécie de antimuseu, radicalmente
aberto para a cidade."
"Não são as grades nem a repressão policial que vão enfrentar a situação
de vulnerabilidade em que se encontram muitos paulistanos. Se eles estão
ali, expondo a precariedade e a situação limite de sua existência, é
porque, simplesmente, não há nada nem ninguém que os acolha, propondo
alternativas reais para essa situação.
A imagem das barracas armadas no Masp só afirma a urgência de
implementação de políticas que avancem nesta direção. Uma boa gestão de
cidade mantém a qualidade de seus espaços públicos cuidando tanto de seu
estado físico de conservação quanto da vulnerabilidade de parte de seus
cidadãos.
Se o vão livre do Masp tem sido cada vez mais palco de manifestações, é
justamente por acolher de forma tão eloquente uma das reivindicações
centrais dos protestos recentes: a necessidade de constituição de uma
esfera verdadeiramente pública no Brasil"
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir