terça-feira, 16 de outubro de 2018

Visita ao Museu de Arte da Pampulha com grupo de idosas [Função Social dos Museus 2018]


Disciplina: Função Social dos Museus
Prof. Luiz H. Garcia
Integrantes do grupo: Bernardo Fonseca, Diogo Vieira de Melo, Fabio da Fonseca e Gabriel Carneiro.

Ao longo da disciplina Função Social dos Museus do Curso de Museologia da UFMG, foi discutido a problemática e o potencial dos museus para que essas instituições sejam capazes de ser mais um meio de promoção de desenvolvimento social. Para isso é necessário que esses lugares sejam capazes de receberem a diversidade do público que existe. Sendo assim, ao decorrer das discussões com os integrantes do grupo foi pensado a relação do idoso com a sociedade e os espaços culturais.

Ainda é preciso lembrar que grande parte desta reflexão vem do artigo 30 do estatuto do idoso que diz:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Assim como segue a definição de museus que segundo o ICOM o mesmo deve estar a “serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público”, sendo assim, torna-se mais do que claro a necessidade de equidade para que o público idoso assim como todo o público de museu possa usufruir de tudo que a instituição oferece de forma acessível.
Foi então que no domingo, dia 16 de setembro de 2018, nosso grupo de trabalho realizou a atividade de campo da disciplina, o projeto consistiu em realizar uma visita com um público de idosas no Museu de Arte da Pampulha(1) (MAP) em Belo Horizonte. A atividade foi programada ao longo da semana com a mobilização de mulheres integrantes do Grupo Cultural Meninas de Sinhá(2) do bairro Alto Vera Cruz de Belo Horizonte. Uma experiência com idosas que já se encontram inseridas em atividades culturais cotidianamente, porém com um questionamento entre nós, pois várias delas se apresentam em espaços museológicos como artistas cantadoras, mas será que estes espaços estão preparados para recebê-las como público. Após um convite, foi combinado o passeio com três integrantes, Maria Gonçalves (80 anos), Geralda Aparecida (79 anos) e Diva Altina (79 anos). Como transporte optamos pelo carro por vantagens relativos a segurança, conforto e agilidade para pessoas que demandam maior atenção e por ser uma experiência piloto. Em razão do bairro Alto Vera Cruz se localizar na região leste da cidade e o MAP na norte, o encontro para a saída foi combinado às 8h30 com chegada prevista para às 9 horas, conforme se procedeu.



            


Durante e após a atividade o grupo pode refletir vários aspectos, como no caso qual seria a logística para realizar a visita pensando então na mobilidade urbana, o museu se localiza na orla da Lagoa da Pampulha, onde o seu acesso é privilegiado para pessoas que possuem automóveis, já para transporte público existe uma certa limitação, poucas linhas de ônibus atendem a região, e dependendo da localização e preciso ainda pegar mais de uma linha de transporte como no caso das Meninas de Sinhá, que se localiza em uma área periférica da cidade. Lembrando ainda a lei de gratuidade de passagem e garantia de assento para os idosos em transporte público.

Outro ponto a ser levantado foi sobre o próprio trabalho que vem sendo desenvolvido pela instituição, o museu enfrenta uma série de dificuldades com relação a suas exposições, que funcionam somente através de editais de ocupação artística, fazendo com que ocorra assim uma ausência de curadoria fixa que poderia trabalhar com o acervo já existente no museu, deixando assim muitas vezes o espaço com períodos sem exposições, como pode assim ser constatado com a visita de campo, que ocorreu em seu espaço mais sem um acervo exposto, tornando menos atrativo e deixando de desempenhar o seu papel como museu de arte.

Tendo em vista que existem diversas formas de mobilização do público idoso, refletimos sobre a possibilidade de se desenvolver projetos que podem ser executados em parcerias por museus, por instituições de longa permanência para idosos - ILPIS, em grupos organizados, como também em outras instituições públicas como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), além de iniciativas privadas, para o desenvolvimento de projetos de visitas em museus como estratégia de combate à ociosidade e o encontro com as possibilidades oferecidas pelas instituições museais, e desse modo contribuindo para uma vida mais ativa dos idosos, população crescente no Brasil.  Atualmente atividades como esta são possíveis de serem executados em grande escala através de investimento sociais que tenham por objetivo a aplicação de recursos destinados ao desenvolvimento de ações de atendimento à pessoa idosa.

       A necessidade de uma grande diversidade de público nos museus, é uma reafirmação da democracia nesses espaços que são em tese, públicos. É através da valoração da diversidade que se é possível se pensar em um desenvolvimento social. Ao que se parece que o hábito de visitar os museus não está nas raízes da população brasileira, é necessário também essas políticas para atrair o público. Então esse público idoso além de merecerem nosso respeito, precisam ser incluídos em espaços que também são seus por direito, fugindo de ideais demagogas ou paternalistas, mas acreditando que as vezes é necessário que ajude a pessoa a dar o primeiro passo, para que de forma autônoma ela possa caminhar, e sobretudo pensando numa necessidade genuína da valoração do mais velho para nosso aprendizado.



Links:

(1)http://www.belohorizonte.mg.gov.br/local/atrativos-turisticos/culturais-lazer/museu-de-arte-da-pampulha

(2)http://meninasdesinha.org.br/

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