quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Ecomuseus e museus comunitários

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Ciência da Informação – Graduação em Museologia

Disciplina: Tipologia de Museus - Trabalho Final

Professor: Luiz Henrique Garcia de Assis

Autores: Alessandro Rezende, Jonathan Moura e Mayra Luiza Marques

Ecomuseus e museus comunitários


A Nova Museologia é um movimento consolidado na década de 80 e considerado um dos mais relevantes da Museologia Contemporânea. Este movimento surge principalmente em consequência das demandas sociais reivindicadas num contexto imediatamente posterior aos conflitos, contestações e lutas revolucionárias ocorridas nas décadas de 60 e 70, visando incorporar a função social da instituição museu como caráter primordial e, por isso, contestador, criativo e transformador. Suas bases conceituais e filosóficas foram delineadas na Mesa Redonda de Santiago do Chile, em 1972.  

A partir daí o movimento foi se consolidando progressivamente, culminando com o surgimento oficial do Movimento Internacional para a Nova Museologia - MINOM - em 1985, em Lisboa, como resultado da união das forças divergentes, transformadoras e questionadoras da museologia convencional, pregando uma pedagogia libertadora, a descolonização e a definição de compromissos museais.

A Declaração de Quebec (1984) e a Declaração de Caracas (1992) surgem como dois importantes documentos que auxiliaram na criação e consolidação dos Ecomuseus e Museus comunitários. Esses documentos, adotando conceitos da Nova Museologia, propuseram a implementação de uma museologia ativa dentro dos espaços museológicos, trazendo a discussão sobre pontos como a participação da comunidade dentro dos museus, uma pesquisa participativa e debates sobre patrimônio e território.

Como um exemplo concreto dessa nova ideia que emergia, como já citado anteriormente, temos o Ecomuseu, visto como instrumento de autogestão de uma comunidade, sem limites que não aqueles por ela definidos, sendo concebido, fabricado e explorado por um poder e uma população. O poder, com os especialistas, as facilidades e os recursos que fornece. A população, segundo suas aspirações, seus saberes, sua capacidade de análise. Após certo grau de evolução, eles acabam se integrando em sistemas oficiais e institucionalizam-se. Seus quatro elementos constitutivos, são: o território, a população (como agente), o tempo, o patrimônio (total: paisagens, sítios, edificações, objetos).

[Site do Ecomuseu de Itaipu: https://www.itaipu.gov.br/meioambiente/ecomuseu


A interdisciplinaridade nos museus é compreendida no sentido da necessidade de fazer interagir diferentes especialistas e conhecimentos para trabalhar, em toda complexidade, uma dada cultura. Os comitês de gestão dos museus são: o de gestão (administradores municipais ou regionais), o de usuários (membros da comunidade envolvida) e o científico (acadêmicos pertencentes aos quadros de universidades próximas, estudiosos de questões implicadas na proposta do ecomuseu).


Além disso, temos outro exemplo, o Museu Comunitário. Criado pela própria comunidade, no qual seus moradores tornam-se atores do processo de formulação, execução e manutenção do museu, além da construção de seu acervo, sendo ou podendo ser em algum momento, assessorados por um Museólogo.


O museu tradicional tem por objetivo servir ao conhecimento e à cultura, já o museu comunitário objetiva servir à comunidade e ao seu desenvolvimento. 


O museu de comunidade é um ser vivo, inacabado, como a própria comunidade, em constante movimento para se adaptar às mudanças que acontecem nela e em seu ambiente. Ele não deve ser trancado num edifício, restrito a uma coleção e uma exposição ou administrado por profissionais competentes sem conexão ou comunicação com a comunidade.

[Episódio Museu da Maré do Canal Conhecendo Museus: https://www.youtube.com/watch?v=TVHrrtM9UD0 ]


Na museologia popular todo território está envolvido, todo patrimônio da comunidade é levado em consideração e as exposições são apenas umas das técnicas de comunicação. 

O termo território, em sentido antropológico, é construído por uma dada população, a ele pertencente e com ela identificado.

Os museus comunitários enfrentam um problema recorrente: se o processo deve ser continuado, como mantê-lo vivo com o passar dos anos e com atores diferentes? Existem duas possibilidades:

  • O museu comunitário não conseguirá sobreviver à sua geração fundadora e então desaparecerá ou se tornará um museu institucional.

  • O museu aceitará a sua reciclagem a cada 20 ou 30 anos de modo a permanecer relevante.

A Museologia Comunitária preocupa-se em libertar as próprias pessoas da alienação cultural, ou libertar sua capacidade de imaginação ou iniciativa, ou liberar a consciência dos seus direitos de propriedade sobre seu patrimônio.


Bibliografia: 

BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995.

PRIOSTI, Odalice Miranda. A dimensão político - cultural dos processos museológicos gestados por comunidades e populações autóctones. SEMINÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO ECOMUSEU DA AMAZÔNIA E DO PÓLO MUSEOLÓGICO DE BELÉM/ PA, 8-10 de junho de 2007, 26p.

VARINE, Hugues de. O museu comunitário como processo continuado. Cadernos do CEOM - Ano 27, n. 41, 2014, p.25-35.

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