quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

MUSEUS HISTÓRICOS: MODERNIDADE E NAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ATIVIDADE ACADÊMICA CURRICULAR – Disciplina: Tipologia de Museus
GRUPO: Breno Alves, Henrique dos Santos, João Lucas Salgado Machado, Isabela Taylor, Ordilei, Saulo Marques da Silva. 

MUSEUS HISTÓRICOS: MODERNIDADE E NAÇÃO


Os Museus Históricos começam na gênese do Estado Nação moderno, principalmente em uma França revolucionária que buscava ressignificar as obras de arte da nobreza e também mostrar ao público o que era chamado de "verdadeira história" contada a partir de objetos em um museu memória. Com amplo objetivo em preservar o que eram "real e antigo” amostras do passado.
O Museu histórico “Seria aquele que opera com objetos históricos. Se, contudo, é a dimensão do conhecimento que sobe à tona, é preciso retificar e dizer, que o museu histórico deve operar com problemas históricos, isto é, problemas que dizem respeito à dinâmica na vida das sociedades.” (Meneses, 1994, p.20).
Museus Históricos no Brasil: ​
No Brasil, os Museus Históricos nascem a partir de forte cunho militarista. Numa República jovem, que foi instituída com ideais positivistas, com uma política oligárquica muito forte e grande participação dos militares no governo. Isso se reflete nos museus. Podemos destacar os principais museus históricos brasileiros: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 1838; Museu Paulista 1894, Museu Histórico Nacional 1922 e Museu Imperial 1940. Vejamos algumas dessas instituições abaixo:
Museu Paulista:
A história do museu paulista e de sua estrutura organizacional muda de acordo com a gestão de cada diretor. Nos primeiros anos de funcionamento, o museu Paulista tinha um perfil marcado por ser um ambiente de pesquisa, estudo e exposição das ciências naturais. Em sua parte histórica, o museu funcionava como uma espécie de memorial histórico com a sua expografia não muito organizada. Taunay relata que a parte histórica se parecia com um gabinete de curiosidades e não com uma exposição histórica. O primeiro diretor do museu Paulista foi Hermann Von Ihering, que era um zoólogo e permaneceu na instituição por 23 anos. Taunay chega à direção do museu Paulista no ano de 1917, quando o mesmo começa uma série de mudanças no espaço expográfico e relata a sua insatisfação com o antigo diretor do Museu Paulista. 
De um lado temos Hermann Von Ihering, que se preocupava com as coleções de ciências naturais e esquecia a importância dos objetos históricos que ali compunha. Taunay age de forma diferente e procura fazer um levantamento em outras instituições museológicas de objetos que representassem o sentimento nacionalista e paulista, trazendo assim uma nova organização do espaço que mostre tanto a coleção de ciências naturais, quanto à coleção histórica. 
Museu Histórico Nacional:
 O Museu Histórico Nacional nasceu do sonho do jornalista e político cearense Gustavo Barroso, que lutou desde 1911 para a criação da instituição e depois, como seu primeiro diretor, criou uma história baseada em objetos e heróis, sem grandes preocupações com a linha do tempo. O museu nasceu em meio à Exposição Internacional, no Rio de Janeiro, em 1922, em uma época de visões tecnológicas. O museu ocupa hoje um quarteirão no centro do Rio de Janeiro, e é resultado de obras e reformas que foram se somando ao longo de séculos. A proposta do fundador, Gustavo Barroso, era de o museu ser militar, resgatando a vida de imperadores como heróis, copiando museus europeus. O museu se modernizou depois da saída de Barroso, que ficou 40 anos à frente da instituição. 
Museu Imperial:
O Museu Imperial foi criado com a ideia de preservar a memória de Dom Pedro II na monarquia. Um dos motivos mais fortes que mantém o museu popular é o vínculo que tem entre o edifício em si e o museu. Com um dos objetivos de visar o forte conceito de nação que era dirigida por um governo forte e centralizador, o objetivo central era evocar o monarca. 
Os responsáveis pela instituição não aspiravam à reconstrução fiel do que era o palácio, nunca teve a intenção da reconstrução histórica, a procura era de eternizar valores e manter o sentimento cativo do passado. 
O acervo é constituído por peças que são ligadas à monarquia brasileira, objetos pessoais, documentos, mobiliário e obras de arte, a decoração interna ainda é mantida, pisos em pedras nobres, candelabros, mobília e estuques. 
O Dilema dos Museus:
Ao pesquisar sobre a trajetória e as mudanças dos museus de história, sobretudo no Brasil, a questão que logo surge é talvez a mais básica indagação a respeito do assunto: para que serve um museu de história?
E como o já citado por Meneses, 1994 respondeu: “O museu de história é aquele que trabalha com problemas históricos”. Mas o que seria um problema histórico?
A tentativa de responder essa pergunta nos leva aos métodos de apresentação da história pelos museus que se encarregam dessa tarefa. Durante nossa pesquisa, vimos que os museus de história trabalham com dois tipos básicos de métodos expográficos: O primeiro é o que alguns autores chamam de Museu-memória: é o museu mais focado no objeto, que tende a exaltar o passado. “O museu-memória está assim muito próximo dos antiquários, no sentido de requererem uma autenticidade do objeto como parte do passado, como uma lembrança de uma época e não como causa ou destino de um determinado evento histórico” (STEWART, Susan 1984).
Segundo Santos, 2000. O Museu Histórico Nacional, entre a sua criação em 1922 até a década de 1980 é um exemplo de "museu-memória" e a partir da década de 1980 ele muda sua linguagem expográfica e se torna um "museu-narrativa" - que usa uma concepção de tempo linear e progressiva, tirando o foco do objeto. 
Santos, 2000. Define essa categoria de museu como: (...) “aquele que tem a história racional moderna, e não mais a história que se apoia na memória, como carro chefe da exposição. A narrativa (...) subordina o outro elemento da linguagem museológica que é o objeto. O acervo não é mais quem dita à exposição; ele aparece como auxiliar a narrativa.” (p.69).
Ambos modelos de museus se desembocam nos tempos atuais em um "museu-espetáculo" - um museu atemporal, que evocam que as lembranças do passado tenham espaço para criarem novos momentos de criatividade e que os atos do passado influam no presente.


Referências Bibliográficas:
MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista. Nova Série, São Paulo, v.2, p. 9-42, jan. /dez. 1994
SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. A escrita do passado em museus históricos. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2006. 142 p.
SANTOS, Myriam S. Os museus Brasileiros e a constituição do imaginário nacional. Sociedade e Estado [online]. 2000, v. 15, n. 2, pp. 271-302.
STEWART, Susan. Objects of desire. In:____________. On Longing: Narratives of the Miniature, the Gigantic, the Souvenir, the Collection. Baltimore: The John Hopkins University Press, 1984.


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