quarta-feira, 1 de abril de 2015

Museus, culturas, antropologias

Repassando o texto Museus, culturas, antropologias da coluna Sentidos do mundo (Ciência Hoje), mantida desde fevereiro de 2011 pelo antropólogo Luiz Fernando Dias Duarte, pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) [completo, aqui].


"Ao lado das instituições tradicionais, de disposição mais universalista, como os museus ‘nacionais’ e os de ciência, proliferam atualmente importantes iniciativas de valorização e legitimação dos modos de vida, das culturas, de segmentos dominados ou desfavorecidos das sociedades modernas.
Quer se trate de culturas indígenas, de comunidades periféricas urbanas, de enclaves rurais ou de atividades artesanais ou alternativas, a disposição em registrar, objetivar, sistematizar testemunhos físicos, estáveis, dessas experiências identitárias parece tornar-se um recurso importante para a autoestima e para as lutas políticas de todos esses atores da cena pública moderna. Um bom exemplo é o do Museu da Maré (RJ), que se apresentou naquele seminário.
 
Essa é uma das muitas características dinâmicas que atravessam atualmente a relação entre museus, culturas e antropologias. A mesma tensão entre instituição e vida social se apresenta no desafio de tornar os museus mais ágeis e eficientes na comunicação com os saberes que representam e com as populações que desejam influenciar.
Num momento em que a própria objetivação excessiva do conceito de ‘cultura’ é motivo de crítica no pensamento antropológico, a luta por representação e expressão ‘cultural’ dos grupos minoritários cresce na agenda circundante, impondo intensa reflexão e cuidadosa participação dos antropólogos na assessoria a tais iniciativas.
Grandes desafios para nossa museologia, amparada pelo ativo Ibram, mas sempre oscilando, como nossas classes populares, na linha intermediária entre a dura miséria e alguma digna pobreza.