quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Optativa Museu e Cidade 2015

Este semestre (2015/2) irei lecionar novamente a optativa "Museu e Cidade" (ECI 126) , às quintas-feiras pela manhã. Uma disciplina que venho desenvolvendo com especial dedicação pois configura um ponto de articulação entre diferentes pesquisas e reflexões ao longo da minha trajetória. Sempre tive, desde a primeira vez em que a ofertei, um ótimo retorno dos estudantes, tanto nos trabalhos e discussões realizadas ao longo do semestre quanto nas avaliações a posteriori. 
Compartilho aqui uma síntese do programa:





Ementa:
A cidade como fenômeno histórico e social. A experiência da modernidade e os museus no contexto urbano. Museus na cidade contemporânea: globalização, transformações no espaço e culturas urbanas. Cultura, memória e espaço público.



Objetivos:  
Refletir sobre a cidade como fenômeno histórico e social, considerando a inserção dos museus no espaço urbano e seu papel na cultura contemporânea. 







Conteúdo Programático:
Unidade I
A cidade como fenômeno histórico e social. A experiência da modernidade e os museus no contexto urbano.
Unidade II
Museus na cidade contemporânea: globalização, transformações no espaço, culturas urbanas e mega-eventos.
Unidade III
Cultura, memória e espaço público. O museu como espaço público.




Referências Bibliográficas:

Bibliografia Básica
BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes do fazer. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. O museu na cidade/a cidade no museu: para uma abordagem histórica dos museus de cidade. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 5, n. 8/9, p. 197-206, set/1984-abril/1985.
SCHORSKE, Carl E. Viena fin-de-siècle: política e cultura. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.

Bibliografia Complementar
APPADURAI, Arjun e BRECKENRIDGE, Carol. Museus são bons para pensar: o patrimônio em cena na Índia. Musas: Revista Brasileira de Museus e Museologia, n.3, p.10-26. Rio de Janeiro: Iphan, Demu, 2007.
ARANTES, Antônio (org.) O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000.
ARANTES, Otília. Os novos museus. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n.31, p.161-169, out. 1991.
BALIBREA, Mari Paz. Memória e espaço público na Barcelona pós-industrial. Revista Crítica de Ciências Sociais, 67, Dezembro, 2003, pp. 31-54.
BARBUY, Heloisa . O Brasil vai a Paris em 1889: um lugar na exposição universal. Anais do Museu Paulista (Impresso), São Paulo, v. 4, p. 211-261.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
CHARLOT, Monica; MARX, Roland (Org.). Londres, 1851-1901: a era vitoriana ou o triunfo das desigualdades. Rio de Janeiro: J. Zahar, c1993.
FABRIS, Annateresa. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Studio Nobel, 2000.
FALCÃO, Fernando Antônio Ribeiro. Uma reflexão sobre a utilização de museus como vetores de operções urbanas : os casos dos museus Iberê Camargo e Guggenheim-Bilbao. UFRGS, 2003 (dissertação de mestrado). <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/5511> acesso em Fev. 2012.
FEATHERSTONE, Mike (org.). Cultura global. Petrópolis: Vozes, 1999.
FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Favela como Patrimônio da Cidade? Reflexões e polêmicas acerca de dois museus. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro: FGV, Vol. 2, No 38, 2006, pp.49-66.
FORTUNA, Carlos; LEITE, Rogério Proença (orgs.). Plural de cidade: novos léxicos urbanos. Coimbra: Almedina, 2009.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas hibridas: estrategias para entrar e sair da modernidade. Sao Paulo: EDUSP, 1997.
GARCIA Canclini, Néstor. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003.
GIANNOTTI, Marco. À margem da rua: o novo espaço público. ARS (São Paulo) [online]. 2010, vol.8, n.16, pp. 33-37.
HAYDEN, Dolores. The power of place: urban landscapes as public history. Cambridge, Massachusetts: The MIT press, 1996.
HARDMAN, Francisco Foot. Exposições Universais. In: Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. 291p.
HARVEY, David. Espaços de esperança. São Paulo, Loyola, 2004.
HERZFELD, Michael. A place in history: social and monumental time in a Cretan town. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1991.
HUYSSEN, Andreas. Memorias do modernismo. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.
LEFEBVRE, Henry. O Direito à Cidade. São Paulo: Centauro Editora, 2008.
LEITE, Rogerio Proença. Contra-usos da cidade: lugares e espaço público na experiência urbana contemporânea. 2. ed., rev e ampl. Campinas, SP: Ed. da UNICAMP; Aracaju: Ed. da UFS, 2007.
LEPETIT, Bernard. Por uma Nova História Urbana. São Paulo: Edusp, 2001.
LOW, Setha M. Cerrando y reabriendo el espacio público en la ciudad latinoamericana. Cuadernos de Antropología Social FFyL – UBA, Nº 30, pp. 17–38, 2009.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1996.
MAGNANI, José G. C.; TÓRRES, Lílian. Na metrópole: textos de antropologia urbana. São Paulo: Edusp/FAPESP, 2000.
MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MARTÍN-BARBERO, Jesus Martin. De la ciudad mediada a la ciudad virtual. In: Innovarium. <www.innovarium.com/CulturaUrbana/VirtualJMB.htm> acessado em 10/10/2000.
OLIVEIRA, Lúcia Lippi (org.). Cidade: história e desafios. Rio de Janeiro: Ed.Fundação Getulio Vargas, 2002. 295 p.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito alem do espaço: por uma história cultural do urbano. Estudos Históricos. Rio de Janeiro. V. 8, n° 16, 1995. pp. 279-290.
POSSAMAI, Zita Rosane. Metáforas visuais da cidade. Urbana, ano 2, nº 2, 2007, pp.1-11.
RONCAYOLO, Marcel. Cidade. In: ROMANO, Ruggiero (org.). Enciclopédia Einaudi. v.8. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1986.
SANTOS, Maria Célia Moura, Uma abordagem museológica do contexto urbano. Cadernos de Museologia,  n°5. Lisboa: ULHT, 1996, pp.35-57.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
SCHORSKE, Carl.  Pensando com a história. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SENNETT, Richard. Carne e pedra: o corpo e a cidade na civilização ocidental. Rio de Janeiro: Record, 2003.
SENNETT, Richard. O declínio do homem publico: as tiranias da intimidade. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
WILLIAMS, Raymond. Cultura e materialismo. São Paulo: Unesp, 2011.
  

sábado, 8 de agosto de 2015

Pesquisa, história e memória institucional

O tema da história e da memória institucionais costuma vir muito à baila nas minhas aulas do curso de graduação em museologia. Além de ser um tema inevitável, tanto do ponto de vista teórico/ metodológico quanto prático, uma vez que os museus, centros culturais e demais instituições do campo da cultura e do patrimônio costumam produzir suas narrativas institucionais, ou as de órgãos correlatos por encomenda. Fora o fato de que há muitas empresas privadas que também se ocupam de criar espaços destinados a promover sua história e memória institucionais. Por ter trabalhado 8 anos à frente do Setor de Pesquisa de um museu público, em que várias situações desse tipo se apresentaram, creio ter adquirido alguma experiência e tenho um bom número de "casos" que costumo abordar com @s alun@s. O mais delicado e problemático momento talvez nem seja o de realizar a pesquisa em si, mas quando se chega ao ponto de torná-la pública, ou seja, quando se realiza a exposição, o catálogo ou outra forma de comunicação dos resultados. A independência do pesquisador, essencial para a boa realização desse tipo de trabalho, nem sempre é assegurada. Caminhamos no fio da navalha e lamentavelmente muitas vezes os dirigentes não são capazes de compreender o valor da crítica consequente para a construção da própria instituição. Resguardada a dimensão ética da qual nunca se deve abrir mão, necessariamente recairá sobre os profissionais envolvidos o dilema e a tarefa de negociar textos, acervo, narrativas, sempre em prol de comunicar com a maior fidelidade possível aquilo que foi investigado. Em última instância reside no próprio cérebro do pesquisador o bastião último daquele conhecimento, que se não vier à tona num dado momento, poderá reaparecer em outro.

Esse trecho da entrevista do sociólogo Howard Becker ao jornal portenho La Nación, revela com argúcia como deve ser a postura do pesquisador num contexto como esse:

"Todas as organizações têm uma história, um relato sobre si mesmas que enfatiza o que seus donos ou administradores pensam que essas organizações têm de “bom”, e tentam minimizar o que poderia ser criticado. Para eles, é uma questão de relações públicas, de minimizar as aparências. De modo que se alguém faz uma pesquisa séria, inquisitiva, certamente vai encontrar essas coisas criticáveis e vai incluí-las em sua compreensão dessa organização. Vão te dizer coisas como: “Você não precisa se preocupar com isso”, seja lá o que for. Sempre soube que cada vez que o líder de uma organização me disse que algo não era importante e que não precisava me preocupar com aquilo, bem, era exatamente naquilo que devia prestar atenção. Uma intuição que sempre se provou correta."

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/aos-87-anos-sociologo-americano-howard-becker-defende-estudos-sobre-entretenimento-17116836#ixzz3iHN5zDJU
[este é um blog de finalidade cultural e educativa, sem quaisquer fins lucrativos].