segunda-feira, 13 de março de 2017

Museus e mudança social [Tipologia 2016]

Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciência da Informação
Curso de Museologia
Disciplina: Tipologia de Museus
Professor: Luiz Henrique Assis Garcia
Aluno: Gabriel Cândido Carneiro
 
 
Museus e mudança social
 
Entre as muitas transformações sociais ao longo da segunda metade do século XX, como as mudanças comportamentais, a crise da economia industrializada e a emergência da sociedade da informação, figuram condições favoráveis a novas experiências museais. Tais experiências são bem diferentes daquelas conformadas ao longo do século XVI ao XVIII, como os gabinetes de curiosidade, nos quais as coleções restritas a poucos serviam mais como demonstração de poder e domínio de príncipes e colecionadores sobre a natureza do que a qualquer desejo de algo em comum.

Hoje, o museu se constitui em uma instituição em constante movimento, que aspira democracia e compreende que vivemos em sociedades plurais e multiculturais, em que prevalece a diversidade. Nesse movimento, surgem museus comprometidos com a realidade social, locais de reflexão crítica que incorporam vozes silenciadas, enfrentam padrões culturais hegemônicos, enfrentam conflitos, produzem conhecimento e fortalecem a função social dos museus.

Os novos caminhos se iniciaram em várias regiões. Na França, em 1971, com a criação e desenvolvimento do Ecomuseu em Le Creusot Montceau. Na América do Norte, com os museus comunitários que surgem nos anos 1960, o Museu de Anacostia é um exemplo de experiência de transformação social. Na América do Sul, em 1972, em um encontro realizado em Santiago do Chile, aconteceria o despertar de consciência para o museu como ferramenta de desenvolvimento. Nesta esteira de experiências surgem organizações como o Conselho Internacional para Nova Museologia (MINON), e os museus se fortalecem na prática e na teoria através de conferências, seminários e encontros, além de eventos regionais e mundiais. Algumas declarações dos principais encontros podem ser acessadas abaixo:


No Brasil, desde 2004, existe a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMEC). No site você encontra informações e uma lista museus no país.




Museu da Maré. Rio de Janeiro. Foto: Naldinho Lourenço



Para saber mais, no último janeiro, o professor Mário Chagas, da UNIRIO, ministrou na Escola do Louvre, em Paris, o seminário "Museologia Social no Brasil: Poéticas e Políticas no Trabalho Baseado na Experiência Prática" e concedeu uma entrevista rápida a rádio RFI, na qual comenta um pouco sobre experiências expressivas em Museologia Social no Brasil. Para Chagas, “ela não está colocada apenas a favor da conservação de bens culturais ou de objetos museológicos, mas especialmente interessada na dignidade humana. Ela mobiliza suas energias a favor das comunidades populares, utilizando o patrimônio e a memória." (entrevista completa).

E para aprofundar no tema, consulte os Cadernos de Sociomuseologia editados pelo Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CEIeD) da Universidade Lusófona de Lisboa. A edição v. 18 n. 18, de 2002: “Reflexões museológicas: caminhos de vida” traz textos da professora Maria Célia Moura Santos da UFBA, que no artigo “Reflexões sobre a Nova Museologia” constrói “uma reflexão a partir dos documentos básicos produzidos pelo ICOM/UNESCO, nos últimos vinte anos, bem como em trabalhos produzidos por profissionais engajados no movimento da Nova Museologia”(Santos, 2002).

 

Referências consultadas:

BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995.

RIVIERE, Georges Henri. La museologia: curso de museologia / textos y testimonios. Madrid: Akal, 1993 533 p.

SANTOS, Maria Célia Moura. Reflexões em Nova Museologia. Cadernos de Sociomuseologia: Reflexões museológicas: caminhos de vida. Lisboa: Ulusofona. v. 18 n. 18. 2002.


Sites consultados:

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