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segunda-feira, 13 de março de 2017

A volta ao mundo em 80 museus - 2. Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago do Chile


Universidade Federal de Minas Gerais
Curso: Museologia
Disciplina: Tipologia de Museus
Prof.: Luiz Henrique Assis Garcia
Aluna: Elizabeth Castro Moreno

Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago do Chile 
 
Estive recentemente em Santiago do Chile e visitei o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, um dos museus mais emocionantes que já vi. O objetivo do museu, inaugurado em 2010, vai muito além de retratar o que ocorreu no período da ditadura militar no Chile. Em sua exposição permanente, além de mostrar os fatos ocorridos entre 1973 e 1990 através de imagens, documentários, depoimentos, cartas, fotos, recortes de jornais, a exposição nos transporta à realidade vivida pelo povo chileno nesse período e compreende-se como os acontecimentos que afetaram a vida de milhares de famílias contribuíram para formar a consciência da nação. 

 
Como museóloga em formação, não pude deixar de admirar a expografia da mostra. O rico acervo documental, de imagens e artefatos é apresentado de forma didática e comovente, causando um impacto muito grande nos visitantes. Percebe-se a profunda a relação entre os objetos/documentos expostos e a memória desse povo (fato museal). Logo na entrada, uma mensagem: El Museo es una escuela. El artista aprende a comunicar-se, el público aprende a hacer conexiones
 
O edifício, projetado para ser esse museu, é obra de uma equipe de arquitetos brasileiros, de São Paulo (Mario Figueiroa, Lucas Fehr e Carlos Dias) e impressiona pela imponência e simplicidade de linhas. Um enorme bloco de paredes de vidro verde e estruturas metálicas é apoiado em dois blocos de concreto (Figura 2).  
No seu interior, vãos livres são usados como espaço expositivo, permitindo o percurso livre do visitante. A iluminação é natural, com o auxílio de alguma iluminação indireta no teto. O mobiliário é composto por cubos brancos ou vermelhos e alguns painéis em madeira.  O museu é acessível a pessoas com necessidades especiais, pelo espaço e variedade de recursos utilizados para a comunicação; são usadas imagens, gravações e vitrines acessíveis.
 
No primeiro andar são apresentados vários documentários sobre o cerco ao Palácio La Moneda, pelos militares, em 11 de setembro de 1973, exigindo a renúncia de Salvador Allende. Os bombardeios ao Palácio, os tanques na Praça da Constituição, a detenção de pessoas nas ruas, o último discurso de Allende. Acompanhando os acontecimentos como se fosse ao vivo, é possível se envolver com os relatos e vídeos a ponto de, em alguns momentos, esperar-se um desfecho diferente para os fatos. No espaço “Repressão e Tortura” ouve-se os testemunhos de pessoas que foram detidas e submetidas a torturas físicas e mentais. São expostos e descritos os objetos e técnicas de tortura utilizadas. Um aparelho de eletrochoque ligado à uma cama de ferro é o cenário de uma dessas sala, onde são apresentados vídeos com entrevistas em que os ex-detentos relatam os sofrimentos a que eram submetidos. Segundo informações do museu, no dia 11 de setembro foram registradas 598 mortes, 274 detenções com desaparecimento e 19.083 prisões (presos políticos torturados).  

Um dos espaços mais comoventes é chamado “El Dolor de los Ninõs”, onde estão expostas as cartas e desenhos das crianças deportadas e adotadas em outros países da América do Sul e Europa (Figura 3). Nessas cartas, enviadas aos familiares no Chile, as crianças pedem notícias dos pais e avós e relatam o seu sofrimento por estarem longe da família, vivendo entre pessoas com outros hábitos e culturas. Em uma carta emocionante, um menino de 9 ou 10 anos adotado por uma família austríaca, relata com tristeza como era tratado como diferente pelas crianças da escola, que estranhavam sua pele “marrom” e seus olhos pretos. Com uma espontaneidade infantil, ele pergunta aos parentes porquê as crianças brancas de olhos azuis não aceitam que existam pessoas de outras cores, e comenta que em seu país todos são marrons e ele sempre foi muito querido e feliz. Em outra carta, por se aproximar o dia dos avós, uma criança escreve para D. Lúcia, esposa de Pinochet, apelando para o seu lado bom e pedindo noticias de seus avós, desaparecidos políticos. Outro setor bastante impressionante é a exposição dos artefatos feitos pelos presos para serem entregues a seus filhos, como bonecas feitas de pedaços de tecido ou couro, desenhos ou poemas escritos em pequenos pedaços de papel, colares ou adornos ou as cartas escritas pelos presos aos familiares antes de serem executados. 
 
No segundo andar, no setor da Verdade e Justiça, em um extenso corredor, são apresentados recortes de jornais, cartazes, vídeos, mostrando os movimentos criados pelas famílias dos desaparecidos, na busca por seus entes queridos. São apresentadas as organizações formadas para denunciar os abusos cometidos pelos militares, as ações na justiça, as manifestações populares. Toda a extensão de uma parede, do primeiro ao segundo andar é coberta por um mural com fotos de centenas de desaparecidos (Figura 4). Através de um monitor com tela touch, é possível selecionar uma foto e acessar seus dados, como idade, sexo, profissão, local onde foi visto pela ultima vez e os informes das Comissões da Verdade sobre o seu caso. É um setor, chamado de “Ausência e Memória” para se velar os desaparecidos. Centenas de velas elétricas artificiais cercam o ambiente. 


Um ultimo espaço é reservado para a “Esperança”. Música, poemas, pinturas, gravuras, são mostradas como expressões artísticas produzidas durante a ditadura, quando a censura limitava qualquer tipo de exibição. Um vídeo leve e divertido mostra a campanha desenvolvida na televisão para o plebiscito de 1988, que decidiu sobre o futuro político do país. Conhecido como “No” foram criados vários clipes para incentivar a população a votar “Não” à permanência de Pinochet no poder. O percurso termina com o fim da ditadura. 
 
Mas a exposição não é só sobre o Chile. No hall de entrada há centenas de fotos que retratam algum tipo de violação dos direitos humanos, dispostas em um enorme mapa-múndi (Figuras 5 e 6). A mostra é baseada nos Relatórios das Comissões da Verdade, designadas para apurar violações dos direitos humanos em todo o mundo e criar políticas de reparação nos países de origem. 

 


Abaixo desse mapa, pequenas placas contem informações sobre as datas de fundação dessas comissões em cada país, o período investigado, os objetivos e os resultados obtidos. Investigações sobre sequestros, detenções, assassinatos, desaparições, torturas, atos de barbárie, maus tratos e outros atentados contra a integridade física e ou mental de pessoas, práticas discriminatórias, tráfico de drogas, são alguns dos objetivos dessas comissões (Figura 7). É com certo alívio que se vê que muitos casos foram encerrados e os objetivos atingidos. Há informações sobre o número de vítimas atingidas, o número de corpos encontrados, e a data de encerramento das investigações.
Infelizmente, a placa do Brasil sobre as investigações dos crimes cometidos durante a ditadura militar, no período de 1946 a 1988, informa que a investigação ainda não foi encerrada e ainda não há resultados conclusivos. 
 
A exposição do hall informa também que em todos os locais onde há investigações, por iniciativas das comunidades locais, são construídos Memoriais, como o objetivo de dar maior visibilidade aos crimes cometidos e como forma de homenagear as vítimas dos abusos. Em cemitérios, prisões, sítios onde são achadas ossadas das vitimas, ou em bairros onde estas viviam, se instalam monumentos, placas comemorativas de mármore, cobre, madeira ou esculturas para recordar os ausentes (Figuras 8 e 9). Lugares de memória. Fotos desses memoriais e a descrição pormenorizada de cada um pode ser vista em vídeos. A exposição desse conjunto de memoriais é bastante impactante para qualquer visitante. Os relatos sobre os acontecimentos no Chile apresentados no museu foram elaborados pela Comissão Nacional da Verdade e Reconciliação (1990), pela Corporação Nacional de Reparação e Reconciliação (1996), pela Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura (2004) e pelo Relatório da Comissão Presidencial Assessora para a Qualificação de Presos Políticos Desaparecidos e Executados Vitimas de Prisão Política (2011). 
 
O Museu da Memória e dos Direitos Humanos é um museu que, sem dúvida, atinge os objetivos de preservação da herança patrimonial e de comunicação dessa herança.
Em várias ocasiões, durante os três dias que passei em Santiago, tive oportunidade de conversar com chilenos na rua, em bares e restaurantes, e todos com quem conversei demonstravam uma forte consciência nacional. Este e outros museus locais são bem conhecido pelo povo. Em todos os museus que visitei vi crianças acompanhadas pelos parentes ou escolas, em visitas guiadas ou espontâneas, um exemplo que nosso país precisa seguir. Com exceção do hall de entrada, a exposição não pode ser fotografada e algumas imagens foram, portanto, obtidas em sites da internet.

Museus e mudança social [Tipologia 2016]

Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciência da Informação
Curso de Museologia
Disciplina: Tipologia de Museus
Professor: Luiz Henrique Assis Garcia
Aluno: Gabriel Cândido Carneiro
 
 
Museus e mudança social
 
Entre as muitas transformações sociais ao longo da segunda metade do século XX, como as mudanças comportamentais, a crise da economia industrializada e a emergência da sociedade da informação, figuram condições favoráveis a novas experiências museais. Tais experiências são bem diferentes daquelas conformadas ao longo do século XVI ao XVIII, como os gabinetes de curiosidade, nos quais as coleções restritas a poucos serviam mais como demonstração de poder e domínio de príncipes e colecionadores sobre a natureza do que a qualquer desejo de algo em comum.

Hoje, o museu se constitui em uma instituição em constante movimento, que aspira democracia e compreende que vivemos em sociedades plurais e multiculturais, em que prevalece a diversidade. Nesse movimento, surgem museus comprometidos com a realidade social, locais de reflexão crítica que incorporam vozes silenciadas, enfrentam padrões culturais hegemônicos, enfrentam conflitos, produzem conhecimento e fortalecem a função social dos museus.

Os novos caminhos se iniciaram em várias regiões. Na França, em 1971, com a criação e desenvolvimento do Ecomuseu em Le Creusot Montceau. Na América do Norte, com os museus comunitários que surgem nos anos 1960, o Museu de Anacostia é um exemplo de experiência de transformação social. Na América do Sul, em 1972, em um encontro realizado em Santiago do Chile, aconteceria o despertar de consciência para o museu como ferramenta de desenvolvimento. Nesta esteira de experiências surgem organizações como o Conselho Internacional para Nova Museologia (MINON), e os museus se fortalecem na prática e na teoria através de conferências, seminários e encontros, além de eventos regionais e mundiais. Algumas declarações dos principais encontros podem ser acessadas abaixo:


No Brasil, desde 2004, existe a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMEC). No site você encontra informações e uma lista museus no país.




Museu da Maré. Rio de Janeiro. Foto: Naldinho Lourenço



Para saber mais, no último janeiro, o professor Mário Chagas, da UNIRIO, ministrou na Escola do Louvre, em Paris, o seminário "Museologia Social no Brasil: Poéticas e Políticas no Trabalho Baseado na Experiência Prática" e concedeu uma entrevista rápida a rádio RFI, na qual comenta um pouco sobre experiências expressivas em Museologia Social no Brasil. Para Chagas, “ela não está colocada apenas a favor da conservação de bens culturais ou de objetos museológicos, mas especialmente interessada na dignidade humana. Ela mobiliza suas energias a favor das comunidades populares, utilizando o patrimônio e a memória." (entrevista completa).

E para aprofundar no tema, consulte os Cadernos de Sociomuseologia editados pelo Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CEIeD) da Universidade Lusófona de Lisboa. A edição v. 18 n. 18, de 2002: “Reflexões museológicas: caminhos de vida” traz textos da professora Maria Célia Moura Santos da UFBA, que no artigo “Reflexões sobre a Nova Museologia” constrói “uma reflexão a partir dos documentos básicos produzidos pelo ICOM/UNESCO, nos últimos vinte anos, bem como em trabalhos produzidos por profissionais engajados no movimento da Nova Museologia”(Santos, 2002).

 

Referências consultadas:

BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995.

RIVIERE, Georges Henri. La museologia: curso de museologia / textos y testimonios. Madrid: Akal, 1993 533 p.

SANTOS, Maria Célia Moura. Reflexões em Nova Museologia. Cadernos de Sociomuseologia: Reflexões museológicas: caminhos de vida. Lisboa: Ulusofona. v. 18 n. 18. 2002.


Sites consultados:

O Museu Paraense Emílio Goeldi e seu principal personagem [Tipologia 2016]

disciplina: Tipologia de Museus (2º semestre 2016)
professor: Luiz H. Garcia
Alunas responsáveis Carlos Alexandre, Débora Tavares, Eliana Rodrigues, Liziane Silveira , Lucinéia Bicalho, Rháyza Lima e Vanessa Silva 


O Museu Paraense Emílio Goeldi e seu principal personagem 


(O pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna, conhecido como "Rocinha", é o prédio mais antigo do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. http://www.mcti.gov.br/noticia/-/asset_publisher/epbV0pr6eIS0/content/com-150-anos-criacao-do-museu-goeldi-foi-um-divisor-de-aguas-na-historia-da-amazonia)




Conhecemos o Museu Paraense “Emílio Goeldi” por meio do livro “A coruja de Minerva”, de Nelson Sanjad, uma sugestão bibliográfica na disciplina Tipologia de Museus do Curso de Museologia da UFMG.
A partir de então, fizemos uma imersão na obra de Sanjad e em outras fontes referentes ao Museu Paraense, e estudamos a visionária trajetória de Emílio Goeldi, que tão logo assumiu a direção da instituição em 1894, e objetivou projetar ao mundo a potencialidade deste Museu.
A primeira proposta de criação do museu, em 1861, se deu em volta das expedições naturalistas que estavam sendo empreendidas na região da Amazônia e tinha como um dos principais objetivos formar cientistas e iniciar coleções de naturais que pudessem ser conservadas aqui, no Brasil.
A ascensão da borracha como maior produto de exportação do estado, e consequentemente, movimentando uma capital cada vez maior, operou significativas mudanças políticas e sociais que foram sendo experimentadas pela sociedade paraense do final dos oitocentos. Em meio a busca pela modernidade e progresso, foi inaugurado em 25 de março de 1871 o Museu Paraense.
O processo de criação do Museu, foi encabeçado por um grupo de intelectuais – Os Philomáticos[1] – que considerava necessária a criação de um museu em Belém, visando fins sociais, culturais, educativos e para dar conhecimento ao mundo sobre as riquezas daquela região. 
Com a instauração do museu, buscava-se ampliar as atividades econômicas para gerar a independência financeira dos seringais. Para além dos objetivos de progresso econômico, esperavam do museu uma fonte de “instrução pública popular” que promovesse exposições de acervos, ofertasse cursos e realizasse palestras.
(Capa do livro “A Coruja de Minerva”, de Nelson Sanjad. Ed.1 - 2010)

Em 1889, imerso em problemas, o museu fechou as portas. O Império caiu e, com a República, surgiu o desejo de tornar o museu uma referência internacional. Em 1891 ele foi reaberto e, em 9 de junho de 1894, Emilio Goeldi foi convidado a assumir a gestão da instituição.
O cientista suíço Emílio Goeldi (1859-1917) assumiu a direção do Museu Paraense entre 1894 e 1907, tendo conseguido mudar o panorama da Instituição; possuía formação acadêmica em Nápoles e em Leipzing, nas áreas de Zoologia, Ornitologia, estudos sobre evolução, interações, e pesquisas sobre vegetais. 



(Funcionários do Museu Paraense, com Emílio Goeldi ao centro, em 1907. Coleção Fotográfica / Arquivo Guilherme de La Penha / MPEG. http://www.museu-goeldi.br/portal/content/museu-goeldi-150-anos-nos-400-anos-de-bel-m-fotos-hist-ricas)

Além de um grande pesquisador atuante na ciência, Emílio Goeldi soube usar estratégias para valorizar os recursos e potenciais do museu e da região amazônica  para atrair o interesse da comunidade científica internacional, estabelecendo parcerias em pesquisas científicas com ênfase em  taxonomia, que resultaram em publicações inéditas sobre a “Fauna do Brasil”, com destaque a  aves e mamíferos, no “Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia”.



(Capa do primeiro fascículo do “Álbum de Aves Amazônicas”, de Emilio Goeldi, publicado em 1900.)

Emílio Goeldi parece ter encontrado a fórmula ideal para conseguir expandir e consolidar este Museu, pois a instituição continua hoje sendo importante no cenário nacional e mundial em pesquisas, não só de cunho Zoológico e botânico, mas também  nas Ciências Sociais, na Saúde e suas aplicações.[http://www.museu-goeldi.br/portal/content/peri-dico-do-museu-recebe-nota-m-xima-em-avalia-o-feita-pela-capes]
Atualmente as coleções científicas da Instituição somam cerca de 4,5 milhões de itens conservados e todo o acervo do museu, formado pelas coleções de botânica, zoologia e paleontologia, o coloca entre as três maiores instituições museológicas de caráter científico do país.


No ano de 2016, o Museu comemorou 150 anos [http://www.museu-goeldi.br/portal/content/museu-paraense-em-lio-goeldi-comemora-150-anos-nessa-quinta-feira-6], e não faltaram comemorações com a comunidade para celebrar o momento. Na mesma época, várias novas parcerias de estudos e pesquisas foram renovadas[2], conforme  inicialmente projetado.


(Nilson Gabas Junior, diretor do museu, discursa no evento de comemoração do aniversário da instituição. http://www.redenamor.org/noticia/545)


Referência
SANJAD, Nelson. A coruja de minerva: o Museu Paraense entre o império e a República,1866-1907. 1. ed. Brasília: Instituto Brasileiro de Museus; Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2010. V.1. 492p.