Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciência da Informação
Curso de Museologia
Disciplina: Tipologia de Museus
Professor: Luiz Henrique Assis Garcia
Aluno: Gabriel Cândido Carneiro
Museus e mudança social
Entre as muitas transformações
sociais ao longo da segunda metade do século XX, como as mudanças
comportamentais, a crise da economia industrializada e a emergência da
sociedade da informação, figuram condições
favoráveis a novas experiências museais. Tais experiências são bem diferentes
daquelas conformadas ao longo do século XVI ao XVIII, como os gabinetes de
curiosidade, nos
quais as coleções restritas a poucos serviam mais como demonstração de poder e
domínio de príncipes e colecionadores sobre a natureza do que a qualquer desejo
de algo em comum.
Hoje, o museu se constitui em uma
instituição em constante movimento, que aspira democracia e compreende que
vivemos em sociedades plurais e multiculturais, em que prevalece a diversidade.
Nesse movimento, surgem museus comprometidos com a realidade social, locais de
reflexão crítica que incorporam vozes silenciadas, enfrentam padrões culturais
hegemônicos, enfrentam conflitos, produzem conhecimento e fortalecem a função
social dos museus.
Os novos caminhos se iniciaram em
várias regiões. Na França, em 1971, com a criação e desenvolvimento do Ecomuseu em Le Creusot Montceau. Na América do Norte, com os museus
comunitários que surgem nos anos 1960, o Museu de Anacostia é um exemplo de experiência de transformação social. Na
América do Sul, em 1972, em um encontro realizado em Santiago do Chile,
aconteceria o despertar de consciência para o museu como ferramenta de
desenvolvimento. Nesta esteira de experiências surgem organizações como o
Conselho Internacional para Nova Museologia (MINON), e os museus se fortalecem na prática e na teoria através de
conferências, seminários e encontros, além de eventos regionais e mundiais.
Algumas declarações dos principais encontros podem ser acessadas abaixo:
No Brasil, desde 2004, existe a
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMEC). No site você encontra informações e uma lista museus no país.
Museu da Maré. Rio de Janeiro. Foto: Naldinho Lourenço
Para saber mais, no último janeiro, o
professor Mário Chagas, da UNIRIO, ministrou na Escola do Louvre, em Paris, o
seminário "Museologia Social no Brasil: Poéticas e Políticas no Trabalho
Baseado na Experiência Prática" e concedeu uma entrevista rápida a rádio
RFI, na qual comenta um pouco sobre experiências expressivas em Museologia
Social no Brasil. Para Chagas, “ela não está colocada apenas a favor da
conservação de bens culturais ou de objetos museológicos, mas especialmente
interessada na dignidade humana. Ela mobiliza suas energias a favor das
comunidades populares, utilizando o patrimônio e a memória." (entrevista completa).
E para aprofundar no tema, consulte
os Cadernos de Sociomuseologia editados pelo Centro de Estudos
Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CEIeD) da Universidade
Lusófona de Lisboa. A edição v. 18 n. 18, de 2002: “Reflexões museológicas: caminhos de vida” traz
textos da professora Maria Célia Moura Santos da UFBA, que no artigo “Reflexões
sobre a Nova Museologia” constrói “uma reflexão a partir dos documentos básicos
produzidos pelo ICOM/UNESCO, nos últimos vinte anos, bem como em trabalhos
produzidos por profissionais engajados no movimento da Nova Museologia”(Santos,
2002).
Referências consultadas:
BARBUY, Heloísa. A conformação
dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu
Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995.
RIVIERE, Georges Henri. La
museologia: curso de museologia / textos y testimonios. Madrid: Akal, 1993
533 p.
SANTOS, Maria Célia Moura. Reflexões em Nova Museologia.
Cadernos de Sociomuseologia: Reflexões
museológicas: caminhos de vida. Lisboa: Ulusofona. v. 18 n. 18. 2002.
Sites consultados:
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