segunda-feira, 13 de março de 2017

MUSEUS ETNOGRÁFICOS: O CASO DE ISHI [Tipologia 2016]

disciplina: Tipologia de Museus (2º semestre 2016)
professor: Luiz H. Garcia
Alunas responsáveis:Ana Clara Souza Antunes; Isabella Andrade Oliveira Melo Proença

 MUSEUS ETNOGRÁFICOS: O CASO DE ISHI

Os museus etnográficos surgiram como uma forma de consolidação das expansões coloniais, época onde os europeus acumularam muitos fragmentos de suas viagens, e a manutenção da hegemonia eurocentrista. Com isso, observamos como as culturas consideradas primitivas eram objetificadas e, por isso, tratadas como inferiores.

Imagem (negativo fotográfico): Ishi. Fonte: Acervo Phoebe Hearst Museum of Anthropology
(Disponível em https://webapps.cspace.berkeley.edu/pahma/imageserver/blobs/49c02212-c8f4-4078-b804/derivatives/OriginalJpeg/content)

A história de Ishi foi contada por um livro de Theodora Kroeber, a partir dos relatos de seu marido, o antropólogo Alfred Kroeber, e serviu de inspiração para a criação de dois filmes: “Ishi, the last of his tribe” e “The last of his tribe”. Ishi foi considerado o último de seu povo yahi, que foi massacrado por colonizadores no norte da Califórnia. O índio foi encontrado em 1911 faminto e em situação precária e levado para o Museu de Etnografia de São Francisco aos cuidados de Alfred Kroeber. Por cinco anos, Ishi viveu como objeto de estudo e de visitação pública até morrer de tuberculose. O corpo de Ishi foi autopsiado, contrariando a cultura de seu povo e seu cérebro preservado. O caso exemplifica como os museus etnográficos tinham em sua essência o papel de mostrar a superioridade dos brancos sem dar voz e autonomia para que outras culturas se representassem. Atualmente vemos a necessidade da pluralidade de vozes e de auto-representação de grupos dentro dessas instituições para a legitimação de suas identidades. Clifford defende os museus etnográficos como zonas de contato, onde há efetiva relação e processos mútuos entre museu e sociedade. Deve-se buscar a alteridade e trabalhar em uma maior valorização das diferenças.

Link do filme O Último Selvagem (The Last of his Tribe) completo:

 

REFERÊNCIAS

GOLDSTEIN, Ilana. Reflexões sobre a arte "primitiva": o caso do Musée Branly.
Horiz. antropol. , Porto Alegre , v. 14, n. 29, p. 279-314, June 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832008000100012&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017.
CLIFFORD, James . Itinerarios transculturales .Barcelona: Gedisa, 1999. 493 p.
KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade, & BONIN, Anamaria Aimoré. Para pensar os museus, ou quem deve controlar a representação do significado dos outros? MUSAS - Revista Brasileira de Museus e Museologia. Rio de Janeiro, n. 3, 2007.
VASCONCELLOS, Camilo de Mello. Museus antropológicos na contemporaneidade: perfil, perspectivas e novos desafios. Anais.. Buenos Aires: ICOM/ICOFOM, 2011

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