quinta-feira, 8 de março de 2018

MUSEUS COMO LUGAR DE ENCONTRO [Tipologia 2017]

UFMG - ECI - Museologia

Aluna: Luísa Franco Guimarães Domingues

Geralmente quando se pensa em museu, automaticamente espera-se encontrar uma coleção e sua história, localizados em uma construção bela e charmosa. Podemos acreditar que nos tempos passados era realmente assim, estabelecimentos, sejam eles de qualquer natureza, também eram lugares de encontro, elaboração de conhecimento, glamour e poder, como charutarias, livrarias, praças, e os museus não ficavam de fora. Com a globalização, a sociedade vive praticamente em uma eterna discussão de como produzir conhecimento, a maneira de como a informação chega até as pessoas passou por uma mutação assim como o mundo afora, a cada segundo uma transformação. Com o tempo os espaços museológicos foram perdendo sua notoriedade, justamente por conta da mudança continua dos indivíduos perante o mundo. As novas relações e interpretações sociais não enxergam mais o museu como um espaço de encontro e realizações intelectuais e sim, talvez, como uma mera extensão da escola, onde o interpretam como um dever escolar e não um espaço para novas discussões e conceitos.
Os debates a respeito de como modificar essa onda de rejeição para com os museus, pairam sobre todas as áreas da educação e cultura, principalmente a Museologia. Por esse motivo não tão distante, em 1972 houve uma Mesa Redonda em Santiago no Chile, para discutir os novos caminhos que tomariam a Museologia. Foi entendido que as transformações sociais, econômicas e culturais que se produzem no mundo, e, sobretudo em um grande número de regiões em via de desenvolvimento, são um desafio para o campo museológico. Dessa forma os problemas colocados pelo progresso das sociedades no mundo contemporâneo devem ser pensados globalmente e solucionados em seus múltiplos aspectos, em pleno engajamento de todos os setores da sociedade. Essas adversidades não podem ser resolvidas por uma única ciência ou por uma única disciplina, afinal a nossa sociedade possui infinitas distintas características. Esse encontro definiu que o museu terá de exercer uma função social, para possibilitar novas interpretações sobre esses espaços “guardiões da memória”. Surgem então novas formas de pensar museu, em lugares não tão glamourosos, mas ricos em abrigar uma história nem sempre representada em grandes coleções de objetos peculiares. A iniciativa de pensar lugares de memória, inserindo uma determinada região e/ou comunidade como os principais atores desse projeto, enriquece o povo local.

Gerando um sentimento de pertencimento a respeito da identidade regional e orgulho pela valorização e reconhecimento de uma memória não material. Atualmente, na maioria das vezes, não são porcelanas e pratarias que representam um determinado grupo social, mas sim seus costumes respeitados e perpetuados por anos, muitas vezes cantigas antigas, receitas culinárias ou o processo de manufaturar algo e não o produto final necessariamente. São essas memórias que vagam pelo medo do esquecimento em determinadas comunidades. E portanto precisam ser valorizadas e reconhecidas, pois são elas o bem mais precioso de um corpo social. Mas o que acontece com os museus que já existem em grande quantidade pelo mundo afora? Como criar um diálogo entre esses espaços já existentes com toda a população?

São essas questões que a museologia tem de enfrentar em tempos com os atuais. O caso de muitos confundirem os museus apenas como uma extensão escolar, talvez venha do fato de que ambos têm muito o que ensinar, porém de maneiras distintas. O significado da palavra ensinar paira por dois sentidos, o de doutrinar, repassar um determinado conhecimento ou o ato de instruir, transmitir alguma experiência. Portanto a diferença entre museu e escola está representada através do próprio significado da palavra. A escola, de certa forma, doutrina e repassa um determinado conhecimento, totalmente diferente do papel dos museus, que seria instruir sem impor absolutamente nada para qualquer visitante, seja ele aluno ou não. Esse paradigma tem de se quebrado com novas soluções para colocar a sociedade ligada diretamente ao que ocorre dentro dos museus, para que eles sejam vistos novamente como espaços de memória, onde todos são proprietários de toda a história ali representada e que não existem limites para os pensamentos gerados a partir desses espaços.

Os museus têm muito o que transmitir, através do passado é possível se pensar um novo futuro. Fazer os museus se tornarem novamente grandes pontos de encontros de discussões variadas, é um caminho para uma sociedade produtora de questionamentos a respeito da vida e do cotidiano. Para que não hajam mais perguntas como “para que servem os museus?”, e se tornem espaço comuns de encontro, felicidade e produções de conhecimentos nesse mundo contemporâneo.


BIBLIOGRAFIA

BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995.

PRIOSTI, Odalice Miranda. A dimensão político - cultural dos processos museológicos gestados por comunidades e populações autóctones. SEMINÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO ECOMUSEU DA AMAZÔNIA E DO PÓLO MUSEOLÓGICO DE BELÉM/ PA, 8-10 de junho de 2007, 26p.

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