quinta-feira, 8 de março de 2018

A censura como instrumento de poder [Tipologia 2017]



ECI - UFMG - Museologia


Grupo: Isabela Rocha, Victor Zanini, Luiza Fortes, Caroline Moraes, Rafaella Almeida, Heloísa Hashimoto, Edson Augusto. 

A arte tem como uma das suas funções a elaboração de discursos e diálogos que buscam a quebra de paradigmas culturais/sociais. A arte em si, que nada mais é do que uma expressão livre nunca buscou impor e sim levar a discussão. A censura está sim impositiva, leva a ignorância de todos uma vez que se limita a interpretação da expressão, encerrando o debate em função dos valores de alguns. Geralmente vinculada a visão conceitual de (des)governos e preconceitos sociais que buscam moldar a estrutura e o padrão de expressão da sociedade. Através da leitura do livro “Europa Saqueada” de Lynn H. Nicholas é possível construir um paralelo de ligação entre a repressão de movimentos artísticos e governos de cada época. A repressão ao que é diferente e a censura sempre existiram deixando como questionamento a forma como é definido o conceito do que é arte e os limites de sua expressão, esta que é uma expressão de liberdade, do cotidiano e da experiência do ser humano. 

Segundo Zygmunt Bauman, há grande cinismo na sociedade, principalmente daqueles que tentam impor seus gostos à multidão e podemos dar vários exemplos disso como Michelangelo e a sua obra “Juízo Final” que foi censurada por ser considerada profana e imoral para os valores da fé católica da época. Como sabemos, tempos depois os nus de Michelangelo já estavam sendo um pouco mais aceitos e devidamente reverenciados, o que não preveniu que muitas obras ainda fossem censuradas e escondidas por panos em exposições. No ano de 1865 o quadro “Olympia” de Manet foi considerado extremamente vulgar por trazer uma nudez realista, diferente dos padrões que traziam um nu idealista do corpo. 

Se a censura social de determinado tipo de arte já se configura como imposição de determinados setores da sociedade, a destruição permanente da mesma também é instrumento de poder como podemos ver desde as ações do Terceiro Reich alemão aos recentes atos de terrorismo na Síria e no norte do Iraque. A manifestação artística é uma das formas mais primordiais de comunicação e expressão humana (tendo como exemplo a arte pré-histórica) e através dela podemos perceber a construção da identidade de determinadas sociedades, grupos e nichos específicos independente de sua época. Enquanto que através da censura, podemos perceber quais grupos são dominantes e quais são os invisibilizados. 

O uso de censura é termômetro para avaliação de políticas fascistas e a ação de se censurar nada mais é do que um ato de intolerância e um desrespeito ao estado democrático pois não é possível a real expressão artística sem a liberdade de expressão, limitando a capacidade de entendimento e diálogo, em função da manutenção de valores e dogmas. 


Bibliografia: 

LOURENÇO, Maria Cecilia França. Museus acolhem moderno.São Paulo: EDUSP, 1999. 293p. 

NICHOLAS, Lynn H. Europa saqueada: o destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 538p. 

BALDASSARRE, Maria Isabel. As origens do colecionismo de arte pública e privada em Buenos Aires. In: SOUZA, Eneida Maria de; MIRANDA, Wander Melo(Orgs.). Crítica e coleção. Belo Horizonte: UFMG, 2011. pp. 308-326. 

COSTA, Helouise. Da fotografia como arte à arte como fotografia: a experiência do Museu de Arte Contemporânea da USP na década de 1970. An. mus. paul. [online]. 2008, vol.16, n.2 [citado 2013-08-28], pp. 131-173 . 

MACHADO, Fernanda Tozzo. Os museus de arte no Brasil moderno: os acervos entre a formação e a preservação. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 2009, 187 p. 

DEMARCHI, Rita de Cássia. Arte como conhecimento, patrimônio e identidade cultural 

Até onde pode ir a censura a obras de arte – REDE TVT: 


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