Universidade
Federal de Minas Gerais
Escola
de Ciência da Informação
Disciplina:
Metodologia de Pesquisa Histórica em Museus
Professor:
Luiz Henrique Garcia
Alunos:
Bárbara Oliveira, Lorrayne Drumond, Natália Oliveira, Odirlei Almeida, Sâmara
Rebeca, Thamires Caetano.
Data:
06/07/2022
A
Influência da imprensa no estigma da AIDS sobre a comunidade LGBTQIA+
As
informações sobre a Síndrome da Imunodeficiência Humana, mais conhecida como
AIDS, no Brasil na década de 80, foi acompanhada pelos brasileiros principalmente
pela mídia impressa. É possível notar ainda nos dias de hoje, o lugar
privilegiado que a mídia e o acesso à informação têm sobre a formação da
opinião pública. Não é de se espantar, portanto, que naquela época, sem
internet e com poucos canais de informação, e com a influência do preconceito
já existente contra LGBTQIA+, a ideia da AIDS como, informalmente chamada, de
“peste gay” ou “castigo divino” fosse difundida e a aceita.
A
comunidade LGBTQIA+ que vivia um período de muita luta por seus direitos
básicos de existência aliados a falta de conhecimentos sobre a doença (até pela
própria medicina) junto à moral cristã, que era uma vertente extremamente
forte, e a forma que a imprensa brasileira simplesmente replicava o que a
imprensa internacional difundia, davam seguimento e voz ao preconceito e
discurso de ódio já presente na sociedade em relação a esse grupo.
Mesmo
antes do primeiro caso da doença ser confirmado no Brasil, os homossexuais
foram apontados como principal “grupo de risco” de contaminação pelo HIV e isso
fez a AIDS ser considerada por muitos como uma doença de gay, estigma que
existe até os dias atuais. Como se não bastasse, a primeira morte confirmada de
um brasileiro com a doença foi a do costureiro Markito, que era um homem gay.
Os jornais noticiavam o medo, o preconceito e a moralização da epidemia. A
comunidade médica, que não era livre de ideais individuais e que enfrentava uma
doença desconhecida, influenciava em tais estigmas, quando todos que
manifestavam a doença eram tratados como "gays ou drogados". Dessa
forma, o estigma foi se concretizando sobre a comunidade LGBTQIA+ como sendo os
grandes portadores da doença, e foi essa a ideia que perpetuou no imaginário
brasileiro por algum tempo.
Algumas reportagens em revistas de grande circulação (Veja,
Istoé, …) expunham trechos que davam espaço a homossexuais com AIDS para
falarem sobre sua vida, sobre a doença e suas relações, após a morte de Cazuza,
sua mãe ficou conhecida como a "mãe dos aidéticos" e se preocupava em
ajudar e a difundir informações. É possível notar a influência dos ideais de
alguns jornais em suas reportagens, que no geral foram sendo suavizadas com o
passar dos anos e com a evolução do conhecimento médico em relação à doença.
O
tratamento pela imprensa, dava voz ao estigma já presente na sociedade em
relação a esse grupo. Paulo Ricardo Diniz Filho (2014) apresenta como os
‘desvios sociais’, apresentados por Howard Becker e Erwing Goffman, foram
estigmatizados pela sociedade, levando uma pessoa ou grupo a ser reconhecido
apenas por uma característica e por seus estereótipos. Os conceitos e estigmas
foram sendo construídos e difundidos pela sociedade, perpassando por questões
morais, religiosas e sociais.
Com
o passar do tempo é possível notar as mudanças em como a AIDS e esses estigmas
eram tratados, até mesmo nas palavras usadas, as palavras "aidéticos"
e "drogados" foram trocadas por "vítimas do HIV" e
"usuários de drogas", termos homofóbicos foram banidos e o discurso
foi sendo alterado.
A
imprensa, ainda é um grande difusor de opiniões e se mantém necessária como uma
forma de promover campanhas de conscientização sobre HIV e AIDS e da
diminuição de estigmas, principalmente o de como a doença não está relacionada
a homossexualidade, além de reduzir o preconceito sofrido por soro-positivos e
em como se proteger do vírus.
REFERÊNCIAS
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