Finalmente achei uma brecha na agenda combinada com boa logística para
ir ao CCBB conferir RAIZ, com obras de (ou promovidas por) Ai Weiwei. Vi
trabalhos instigantes de um rebelde com causas, conceito aliado a
habilidade, diálogo com a tradição sem subserviência, entusiasmo pela
novidade sem submersão. Achei também válido o esforço dele de criar
obras novas em seu périplo pelo Brasil - a despeito de estereótipos que
um contato tão imediato e mediado pelo curador Dantas não tinha
a menor possibilidade de desfazer. Sem duvidar do impacto social
"local" de trabalhos para os quais convoca artesãos e movimenta
economias, saberes e comunidades, acho sempre estranho que esses
artistas não problematizem nunca a dimensão de propriedade autoral que
toca a si em contraponto ao anonimato que aliena do resultado os nomes e
eventualmente os direitos daqueles que supostamente estão promovendo.
Por fim, graças ao fortuito e agradável encontro com meu caríssimo Alex
Cardoso, de quem cursei uma instigante optativa de Sociologia na
graduação, e companheiro de inenarráveis noites enxadrísticas de uns
anos atrás, acabei notando como o trabalho de Weiwei com os refugiados
permite interrogar fronteiras entre arte e ciência, desde os recursos
muito diversos que tem artistas e cientistas de renome para empreender,
até como esse intercâmbio sugere que eventualmente os artistas saiam-se
melhor como pesquisadores, do que estes últimos quando se pretendem
artistas.
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