sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

MUSEUS HISTÓRICOS, MODERNIDADE E NAÇÃO: O MUSEU DO IMPERADOR [Tipologia 2015]


Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Ciência da Informação
Museologia – 3º Período
Disciplina: Tipologia de Museus - Prof.º Luiz Henrique Assis Garcia

Alunos: Bianca Ribeiro, Isac Santana, Larissa Oliveira e Letícia Carvalho



MUSEUS HISTÓRICOS, MODERNIDADE E NAÇÃO: O MUSEU DO IMPERADOR


Segundo Julião “a noção contemporânea de museu, embora esteja associada à arte, ciência e memória, como na antiguidade, adquiriu novos significados ao longo da história” (JULIÃO, 2006). As instituições e museus vêm se ampliando com o passar do tempo, isso acontece não apenas por causa da ampliação da noção de patrimônio, mas também pela sede de memória de diferentes grupos sociais que não se identificam com uma visão homogênea e totalizante de memória nacional. Ao mesmo tempo em que temos a multiplicação e a diversificação de instituições museológicas, também observamos a transformação dos museus nacionais que, dotados de novas missões e voltando-se para atender aos desafios do contemporâneo, vem se reavaliando, se reinventando, modernizando seus espaços, democratizando seus acessos e atualizando seus discursos.

Mas nem sempre foram assim, os primeiros museus surgiram no século XVII e começaram sendo formados por coleções particulares doadas pelos próprios artistas ou por familiares. Mário Chagas relata que o primeiro museu no Brasil surgiu sob a colonização holandesa, tendo como tema história natural. Quanto aos museus históricos, no século XIX, o desenvolvimento desses museus estava associado ao surgimento das nacionalidades. Essa época ficou destacada pelo fato de surgirem grandes coleções privadas, homens buscavam ter coleções para elevar o status e conhecimento, a maioria delas dispostas em gabinetes de curiosidade e mais pra frente em museus. Dentre esses colecionadores podemos destacar o nosso Imperador Pedro II, que mantinha uma "instituição" nomeada por ele de museu, onde objetos de antropologia, botânica e geologia/paleontologia eram expostos. As peças do "museu" do Imperador geralmente eram adquiridas através de presentes de viajantes, chefes de estados e viagens que o mesmo fazia, assim colecionando artefatos e espécimes que ele agregava em sua coleção. Como nunca foi encontrado registro oficial do museu, a maioria das informações a respeito de sua existência veio de viajantes, notas deixadas por d. Pedro II, e da venda de sua coleção em leilões futuros.

Acesse aqui o link para os diários do imperador.




(D. Pedro II)


As visitas realizadas eram apenas mediante o convite expresso do Imperador, o que não denominava uma instituição aberta ao público. De fato podemos dizer que o "museu" era um templo do saber, pois o mesmo gostava de usar esse espaço para estudos e por consequência ser conhecido como homem da ciência, com o Museu do Imperador foi possível perceber os interesses de D. Pedro II, ele apresentava sua coleção de modo que ela se tornava uma espécie de cartão de visitas fazendo o nobre se exaltar com seu conhecimento e estudo, fazendo assim um teatro do seu poder, esse local de deleite mostrava que o imperador gostava de fazer uma representação de sua imagem para quem conhecia seu espaço particular, o que é o caso de alguns museus históricos de nosso tempo, que retratam um passado fazendo uso de objetos que narram memórias partindo de um ponto de vista político e econômico dos nobres, podemos usar como exemplo o Museu Imperial em Petrópolis, que explora a ilusão de um passado recriado a respeito da vida que a família real desfrutava no Brasil, tentando mostrar nossa história apenas banhada a Ouro e a Prata.

“Tudo o que um museu retira da vida e guarda entre suas paredes, tal qual os zoológicos ou as bibliotecas, muda de sentido. A história apresentada pelos museus é o refazer da história.” (SANTOS, 2006)


Bibliografia


JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a história dos museus. In: Caderno de Diretrizes Museológicas 1, Superintendência de Museus/Secretaria de Cultura de Minas Gerais, Belo Horizonte, p. 20, 2006

SCHWARCZ, Lilia Moritz e DANTAS, Regina. O Museu do Imperador: quando colecionar é representar a nação. Rev. Inst. Estud. Bras.. 2008, n.46 , pp. 123-164.

SANTOS, Myrian Sepulveda dos. A escrita do passado em museus históricos. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2006. 142 p.

NACIONAL (BRASIL). Museus nacionais e os desafios do contemporâneo. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2011. 295 p.

BREFE, Ana Cláudia Fonseca. O Museu Paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional 1917-1945 . São Paulo; Ed. da UNESP, 2005. 333 p.

BENNETT, Tony. The birth of the museum. London: Routledge. 1995.

REVISTA MUSEUS, Museologia em Debate, A criação do IBRAM. Disponivel em: < http://www.revistamuseu.com.br/emfoco/emfoco.asp?id=7518> Acesso em: nov, 2015.

Um comentário:

  1. " também observamos a transformação dos museus nacionais que, dotados de novas missões e voltando-se para atender aos desafios do contemporâneo, vem se reavaliando, se reinventando, modernizando seus espaços, democratizando seus acessos e atualizando seus discursos. " Ao meu ver esse trecho nao condiz com a realidade. Existe sim um ideal para essa mudança, mas na prática podemos tratar como exceções instituições que promovem isso. A democratização do acesso ainda está longe de algo que seja satisfatório, seja pelo espaço físico, como, intuitções não possuem acesso a deficientes, museus que em sua grande maioria são situados em regiões nobres de grandes cidades, onde pessoas da periferia não conseguem/podem ter acesso, ou por ainda estar no imaginário da população que esses espaços são apenas para a elite(e que na prática é uma verdade). Enquanto a mudança de discurso, vejamos um cenário menos mundano ainda, discursos condizentes ao que a classe dominante pensa.

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