Como parte de suas atividades como bolsista CAPES/Reuni, a pesquisadora Joelma Nascimento, que recentemente defendeu sua tese de doutorado no PPGHIS-UFMG, realizou um pequeno levantamento de trabalhos recentes produzidos em Programas de Pós-graduações em História concernentes ao campo da
museologia, selecionando pesquisas de doutorado e
mestrado em História que estritamente possuam os museus como objeto central de análise. O levantamento foi realizado através dos sites dos sistemas de buscas das Bibliotecas Digitais
das Universidades.
Considero essas referências para compor a bibliografia complementar das disciplinas que leciono na graduação em museologia da UFMG, especialmente Tipologia de Museus e Metodologia da Pesquisa Histórica em Museus. Como isso no fundo é uma pesquisa em andamento, irei fazendo atualizações periódicas nesta postagem.
Documento:
Tese de Doutorado
Autor:
Carula, Karoline (Catálogo USP)
Unidade
da USP Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Área do Conhecimento História Social
Título em
português: Darwinismo, raça e gênero: conferências e cursos públicos no Rio de
Janeiro (1870-1889) [link]
Palavras-chave
em português: Ciência, Darwinismo, Gênero, Raça.
Resumo
em português: O presente trabalho pretende delimitar os contornos de um
discurso científico/cientificista, presente de modo mais intenso no último quartel
do Oitocentos, que fundamentou argumentos de projetos modernizadores da nação,
quais sejam, a aplicação da teoria de Darwin à sociedade, a hierarquização
racial da sociedade e a criação de uma boa mãe de família burguesa, nos moldes
europeus. Estas três propostas modernizadoras foram apresentadas e discutidas
nos seguintes espaços públicos de vulgarização científica as Conferências
Populares da Glória, os cursos públicos do Museu Nacional e as que denominei
Avulsas, pois não se encaixavam nas duas categorizações anteriores todos
realizados na capital imperial entre os anos de 1870 e 1889.
Documento:
Tese de Doutorado
Unidade
da USP Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Área do Conhecimento História Social
Título em
português: Os estudos físicos de antropologia no Museu Nacional do Rio de
Janeiro: cientistas, objetos, idéias e instrumentos (1876-1939) [link]
Palavras-chave
em português: Antropologia (pesquisa e história), Museus, Rio de Janeiro.
Resumo
em português: Este
trabalho analisa o processo de institucionalização da Antropologia no Museu
Nacional do Rio de Janeiro entre 1876-1939. Operando com as continuidades e
descontinuidades do período, a pesquisa foca nas mudanças políticas e
institucionais e tenciona observar o desenvolvimento da atividade científica da
Antropologia. Pretendemos caracterizar esta prática científica, identificar os
cientistas, reconstruir sua rede de intercâmbio entre cientistas e
instituições, conhecer seus problemas e questões discutidas, e como eles faziam
suas pesquisas e construíam conhecimento.
Documento: Dissertação
de Mestrado
Autor
Martins,
Mariana Esteves (Catálogo USP)
Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Área
do Conhecimento História
Social
Data
de Defesa 2012-03-16
Título
em português A formação do Museu
Republicano Convenção de Itu (1921-1946) [link]
Palavras-chave
em português: Cultura
material; Exposições; História dos museus; Museologia
Museus de história; Primeira República
Museus de história; Primeira República
Resumo
em português:Esta dissertação, desenvolvida no Programa de
Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo (USP), vincula-se
também ao Programa de Pesquisas em História da Cultura Material do Museu
Paulista/USP, na linha de pesquisa História dos Museus e das Exposições. Seu
objeto de estudo é a formação do Museu Republicano Convenção de Itu, extensão
do Museu Paulista no interior do Estado (o primeiro museu histórico brasileiro
dedicado à República), emblemático por ter-se constituído como projeto de
alguns dos chamados republicanos históricos, que estiveram à frente do governo
brasileiro na Primeira República. Seu recorte cronológico abrange desde o
momento que antecede a inauguração do Museu, realizada em 1923, até o final da
gestão de Affonso Taunay, seu primeiro Diretor, em 1946. Os museus de história têm
suscitado reflexões de diferentes autores, em diferentes perspectivas. A
contribuição que pretendemos dar para esta discussão desenvolve-se não na
perspectiva da História Política, mas sim da Cultura Material e da Museologia,
isto é, a partir do exame de seu acervo e sua exposição.
"Darwinismo, raça e gênero: conferências e cursos públicos no Rio de Janeiro (1870-1889)": Não consegui abrir essa de doutorado de Karoline Carula, para lê-la na íntegra, de forma a entender como, nesses três projetos modernizadores, se deu essa aplicação da teoria de Darwin à sociedade, e particularmente o papel que Herbert Spencer teve nesse projeto - e de quem se diz que era defensor do darwinismo social. Interessante lê-la para entender o que foram os cursos públicos do Museu Nacional, já que era ele reconhecido como centro de produção de conhecimento e de difusão de cultura.
ResponderExcluirCaro Pedro,
ExcluirA partir da página do repositório da USP vc encontra o link para o pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27092012-115018/publico/2012_KarolineCarula_VCorr.pdf (copie mas aqui não há como fazer direto).
Obrigado pela orientação para acesso.Consegui abrir e estou lendo. Pelo que pude perceber até agora, Herbert Spencer não é usado em nenhum como referência para explicar as desigualdades sociais, no caso, naturalizadas nesses cursos, na maioria das vezes.
ExcluirComentário adicional: Talvez seja preciso analisar os fundamentos psicológicos e os elementos ideológicos da produção do saber que se dá por meio do senso comum ou por meio da ciência, para evitar que a legítima preocupação com o rigor e a neutralidade científicos mascare a naturalização das relações sociais de exploração vigentes durante toda modernidade – e que na contemporaneidade se manifesta como crise estrutural de longa duração, dado que toda ordem social ficou subordinada à acumulação de riqueza desenvolvida para ser alcançada sem que seus beneficiários sofram, a partir de uma racionalidade crítica, questionamentos efetivos por parte da classe trabalhadora e que tragam resultados práticos duradouros na práxis política. Essa análise pode também abarcar o processo ou o modo como se molda cada subjetividade em cada singularidade nas tensões sociais cotidianas expressas nos antagonismos entre classe sociais. Isso parece ser rigorosamente um exame da ideologia no seu sentido estrito.
ResponderExcluirObrigado pelas considerações. Se chegar a ler o trabalho e quiser compartilhar suas conclusões sobre o mesmo, será mais que oportuno. Um abraço!
ExcluirNesta tese me pareceu claro que o Museu Nacional é um lugar em que, no Século XIX, se produzia ciência, mesmo que sua produção se desse de forma subsidiária em relação ao que acontecia nas principais universidades europeias e de maneira desigualmente combinada com seus projetos de pesquisa.
ResponderExcluirNo Museu Nacional, quais dessas pesquisas à época podem ser caracterizados como cientificistas?
E o cientificismo aí se definiria como a confiança extremada na capacidade de resolverem as ciências naturais, com experimentos práticos conduzidos pela razão humana, todas as questões e problemas com que os seres humanos se deparam?
O Museu Nacional era, àquela época, um espaço de disputa política entre classes sociais por hegemonia, melhor dizendo, um espaço legítimo de disputa por hegemonia política? Os cursos públicos que o Museu Nacional oferecia deixavam perceber isso?
E nos museus de hoje: os cidadãos mais críticos com relação à forma atual de organização da sociedade contemporânea têm conseguido, nas exposições em museus, fazer com que ganhem força narrativas (texto) que têm como proposta fortalecer os movimentos de emancipação humana?
Ou continuam prevalecendo largamente exposições cujas narrativas, pela via do mascaramento dos valores que sustentam no poder a classe dominante, mantém e fortalecem os mecanismos estruturais de opressão política e exploração econômica que essa classe, numericamente pequena, exerce sobre o restante da sociedade?