Alun@s/autores: Aline
Damasceno; Diogo Vieira; Haelton Junio; Marisa
Dias; Paloma Magda
Curso: Museologia [ECI/UFMG]
Trabalho apresentado para a disciplina:
Tipologia de Museus, ministrada por
Luiz Henrique Assis Garcia
INTRODUÇÃO
Dentre os diversos assuntos dentro da
temática dos museus históricos, modernidade e nação, o nosso grupo resolveu
trabalhar com a questão da transformação do Museu Paulista, que passou da tipologia
predominante das ciências naturais ao caráter histórico. Nossa escolha se
justifica, não só por ter sido parte constituinte do nosso seminário, mas pela
sua pertinência, pela transformação sofrida pela instituição em 40 anos, o que
mudou completamente o modo de se tratar determinada tipologia de acervo, pelo
objetivo desta transformação em constituir uma historiografia sob o ponto de
vista paulista sobre os fatos históricos e heroicos, e também para exemplificar
que os museus estão sempre em movimento, seja esse movimento, social ou
tipológico.
A metodologia adotada para a construção
do texto se deu por meio de leituras das referências bibliográficas da
disciplina e também de textos pertinentes ao assunto. O artigo que norteou a
construção de nosso texto foi “História nacional em São Paulo: O Museu Paulista
em 1922” da autora Ana Cláudia Fonseca
Brefe, e os outros textos servirão como complemento ás informações
presentes no texto de BREFE.
A
leitura de artigos e o dialogo acerca da pertinência dos tópicos a serem
abordados brevemente no texto para o blog, possibilitou a construção do texto a
seguir.
A
TRANSFORMAÇÃO DA TIPOLOGIA DO MUSEU PAULISTA
Por varias décadas, após a
proclamação da Independência do Brasil por D. Pedro I em 1822, muitos
intelectuais e políticos da época sentiram a necessidade de se erguer em um
local próximo do famoso “Grito” - que se tornou um dos símbolos da
independência brasileira- um monumento que enaltecesse este fato histórico.
Diante de vários projetos falidos, no fim do século XIX inicia-se e conclui-se ainda
no mesmo século, o projeto de construção de um prédio – conhecido como Palácio
de Bezzi, devido ao nome de seu arquiteto- que abrigaria primeiramente uma
escola, contudo, seu tamanho não era adequado para a instalação de uma
instituição de ensino, instalando-se assim, o Museu Paulista no local. (ELIAS, 1995-1997,
p.12-15),
O primeiro acervo da instituição se
constituiria em bens particulares, isto é, era composto de alguns objetos de
caráter histórico á uma vasta gama de objetos do campo da história natural.
Contudo, a primeiratipologia da instituição seria delineada por Von Ihering,
que por ser formado no campo da zoologia, daria maior ênfase na aquisição de
objetos das ciências naturais e sua pesquisa, organizando-os e expondo-os,
possuindo como consequência a diferença exorbitante entre o tratamento dado aos
objetos das ciências naturais em comparação com os objetos históricos, que
acabavam sofrendo com o descuido do museu.O museu, em sua proposta e em sua
construção, teve como objetivo construir um monumento histórico que enaltecesse
a independência brasileira,entretanto, Von Ihering foi em contramão deste fato,
segregando á exposição dos objetos históricos em apenas duas salas, sem uma
organização ou critério, e também não adquirindo peças de características históricas
suficiente para enaltecer todo este fato “histórico-nacionalista”, frisando que
as escassas aquisições eram compostas por doações. (BREFE,2003,p.79-82).
A
posição tomada por Von Ihering de valorização da zoologia dentro do Museu
Paulista fica claro quando analisado a quantidade de artigos sobre zoologia na
revista do Museu, isto é, de 112 artigos escritos e enviados para a revista, 77
artigos era sobre a temática da zoologia. Contudo, também no período de 1917 á
1945 em que o diretor do museu era o Taunay, há tambémo predomínio de artigos
sobre zoologia sob os demais temas. Ressaltando que a revista do Museu
Paulista, era um dos meios de afirmação da existência de uma ciência
Brasileira, apesar de, poucos artigos terem sido escritos por cientistas brasileiros
(SCHWARCZ, 1993,p.82).
Taunay, foto do Arquivo do Museu Paulista
Em 1917, por questões investigativas
Von Ihering é afastado do cargo, e seu substituto seria Taunay – ressaltando
que antes dele, Armando Prado dirigiu o museu por um período breve, contudo
essa passagem não houve modificações na instituição- que, quando presenciou a
supremacia da ciência natural sob o campo da história, pôs-se a criticar a
gestão de Von Ihering que não cumpriu, de certo modo, o papel de monumento da
instituição. Apesar disto, o trabalho realizado por Taunay se iniciou
imediatamente para a transformação do caráter de ciências naturais ao
histórico, salientando que o processo não se deu rapidamente. Sua primeira ação foi à abertura de salas
para a exposição de objetos históricos, sua classificação de forma histórica
(linear) e pedagógica, não abandonando o caráter enciclopedista da instituição,
e a aquisição de peças de valor histórico para a instituição. Frisando que em
1917, Taunay abriu uma nova exposição dedicada exclusivamente à história
paulista. (BREFE, 2003,p.79-84)
Cabe
salientar que, sob a tônica da Comemoração do Centenário da Independência
Brasileira, o caráter histórico da instituição se consolida e triunfa sobre as
ciências naturais. Dentro desta ótica, Taunay teve por objetivo retratar não só
os fatos ligados à Independência Brasileira, mas também o desbravamento
paulista e seus feitos. Para essa construção, ele utilizou de sua influência
para adquirir para o museu diversos documentos e mapas sobre a história
brasileira e o desbravamento paulista, que se encontravamespalhadas pelo mundo,
e também de construções iconográficas –seja por meio da pintura, miniatura ou
escultura- de personagens pertinentes a esse período brasileiro. Ressaltando,
que ele permitiu o campo epistemológico histórico ascender dentro da
instituição, por meio de fortes pesquisas documentais para se construir tanto a
iconografia quanto o novo discurso da instituição. (BREFE, 2003,p.85-100)
Contudo, os objetos de ciências
naturais continuavam sendo salvaguardados pelo museu, até que em 1939, por meio
de muita insistência de Taunay e cartas trocadas, o estado de São Paulo e seus
Órgãos decidem construir um novo prédio anexo para abrigar a coleção montada
por Ihering dentro do Museu. Ressaltando que após 1945, período em que Taunay
saiu da direção, houvediversas transferências de acervos para outras
instituições como o Instituto Biológico e o Instituto Botânico de São Paulo (MARANCA,1984).
Pode-se dizer que o maior objetivo
de Taunay na direção do Museu Paulista segundo Ana Cláudia Fonseca Brefe: “...era a organização de um museu histórico
dedicado a conservar, colecionar e expor os documentos e objetos históricos de
interesse para a reconstituição da história nacional do ponto de vista de São
Paulo” (BREFE, 2003, pp. 101)”, fato que só se consolidou pouco tempo antes
da saída de Taunay da direção do Museu Paulista.
REFERÊNCIAS
AFONSO,
Ana Paula. Isto é gente. Retrievedon
2008-01-11.
BREFE,
Ana Cláudia Fonseca. História nacional
em São Paulo: o Museu Paulista em 1922. Anais do Museu Paulista, v. 10-11,
n. 1, 2003, p. 79 – 103. Universidade de São Paulo.
ELIAS, Maria José. Museu Paulista: nem Museu
do Ipiranga, nem palácio do Imperador In: Museu
Paulista: Novas Leituras. São Paulo: USP, s/d. p. 12-15.
MARANCA, Silvia. BANCO SAFRA. O Museu Paulista da Universidade de São Paulo. [São Paulo]: Banco
Safra, c1984, 319p.
SCHWARCZ,
Lilia Moritz. Os Museus Etnográficos brasileiros “Polvo é povo, molusco também
é gente”. In:____O espetáculo das Raças:
Cientistas, Instituições e Questão Racial no Brasil 1870-1930. 199.p.82.
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