sábado, 13 de abril de 2019

Ecomuseus/museus comunitários - Tipologia de museus 2018

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Escola de Ciência da Informação - ECI
Curso de Museologia
Tipologia de Museus
Professor: Luiz Henrique Assis Garcia
Grupo: Alexandre Garzon, Bruna Ferreira, Erika Gonçalves, Marcus Vinícius, Mayra
Marques, Vinícius Bernucci

Ecomuseus/museus comunitários
 
Segundo Georges Henri Rivière, em seu livro La Museologia - Curso de Museologia:
Textos y testimonios, o Ecomuseu é um instrumento que um poder público e uma
população concebem, fabricam e exploram juntos. Um espelho em que essa
população olha para si mesma, para se reconhecer nela, onde busca a explicação
do território ao qual está unido, juntamente com o das populações que o
precederam, na descontinuidade ou na continuidade das gerações. Tal espelho se
apresenta aos seus convidados, para se fazerem entender melhor, respeitando seu
trabalho, seu comportamento, sua privacidade.

No século XIX, enquanto os museus mais prestigiosos eram os de belas artes e os
de história natural, outros movimentos fortalecem-se, germinando os museus de
culturas locais, os museus de folclore. No século XX iniciaram-se as correntes
regionais, que, nos museus europeus tendem mais à auto-representação cultural do
que à representação do outro. Assim, a etnografia regional e a museologia
etnográfica nasciam conjuntamente.
Historicamente, Georges Henri Rivière sentiu a necessidade de criar museus ao ar
livre para preservar os testemunhos do patrimônio arquitetônico rural francês. Antes
mesmo de conceber o Museu Nacional de Artes e Tradições Populares, estudara a
possibilidade de criar um no parque do Castelo de Chambord e apoiará vários
projetos em Bretanha e nas Landes.

















G.H. Rivière, em 1982, frente a uma vitrine do Museu Nacional de Artes e Tradições Populares - Paris

Diante da perenidade do museu tradicional, a espontaneidade com que o
ecomuseu surge a partir de contextos sociais e culturais frágeis poderia ter causado
temores de que ele seria efêmero.
Hugues de Varine afirma que nem todo ecomuseu é considerado um museu de
comunidade. O museu de comunidade tem como objetivo servir a comunidade e ao
seu desenvolvimento. Um exemplo de museu de comunidade que é referência
mundialmente é o Ecomuseu de Seixal, em Portugal.



















Ecomuseu de Seixal, Portugal - Núcleo Naval

Ele insere então o conceito de desenvolvimento local e como os museus
comunitários agem como uma ferramenta cultural específica para dialogar junto à
comunidade, detectando e utilizando os recursos locais em prol desta comunidade.
O desenvolvimento local só acontece quando a população estiver estreitamente
associada com o processo de tomada de decisões, com a identificação e
administração dos recursos locais. E por ser um processo, este museu comunitário
deve estar sempre em contato com sua comunidade e sempre em movimento para
adaptar-se às mudanças no ambiente.
A museologia comunitária vem junto a este movimento preocupando-se em libertar
as pessoas da alienação cultural, desenvolver sua capacidade de imaginação ou
iniciativa, liberar a consciência dos seus direitos de propriedade sobre o seu
patrimônio.

Porém, é importante ressaltar como os ecomuseus muitas vezes acabam servindo
como atrações turísticas, desviando o foco do governo às dificuldades e
necessidades da comunidade. Além de mumificar a cidade no tempo, pois os
cenários criados tornam os maquinários e ambientes inutilizados, como por exemplo
a inserção de um estábulo junto a um moinho, que anteriormente eram de uso da
população, criando um ambiente unicamente para apreciação visual/sensorial. O que
gera a espetacularização das comunidades, a partir da fetichização de histórias
problemáticas, por trabalhos insalubres nas fábricas, pela vida do campo sem
condições mínimas de educação, nem de perspectivas de desenvolvimento
econômico da população. Mas que ali fazem com que se tornem pontos turísticos
com intuito apenas do lucro, em vez de gerar retorno para a sociedade em questão.
Pensando nos desafios que a atualidade impõe a estes museus, devemos pensar
como manter a sua característica de emanar da própria comunidade, não se tornar
politicamente ou economicamente dependente de uma entidade ou associação, e
manter o vínculo de respeito ao meio ambiente, através do desenvolvimento
sustentável. Outra preocupação é em relação ao perigo da lacuna entre as
gerações. Como continuar este processo com outros atores do desenvolvimento? A
comunidade, os novos atores do desenvolvimento, museólogos devem pensar em
conjunto para prever ações a longo prazo, como manter o ecomuseu vivo e em uma
relação direta com a comunidade, e como manter a consciência daquele grupo sobre
suas questões identitárias e patrimoniais.

Referências

BARBUY, Heloisa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise.
An. mus. paul. [online]. 1995, vol.3, n.1, pp.209-230

VARINE, Hugues de. O museu comunitário como processo continuado. Cadernos do CEOM
- Ano 27, n. 41, 2014, p.25-35

https://www.saatchigallery.com/museums/museum-profile/Ecomuseu+Do+Quarteir%C3%A3o+Cultural+Do+Matadouro/4681.html

PRIOSTI, Odalice Miranda. A dimensão político - cultural dos processos museológicos
gestados por comunidades e populações autóctones. SEMINÁRIO DE IMPLANTAÇÃO DO
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA E DO PÓLO MUSEOLÓGICO DE BELÉM/ PA , 8-10 de junho
de 2007, 26p.

RIVIERE, Georges Henri. La museologia: curso de museologia / textos y testimonios.
Madrid: Akal, 1993 533

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