sábado, 18 de maio de 2019

Todo dia é dia dos museus

Vai chegando ao fim uma semana particularmente movimentada, de trabalho, mobilização, realizações, ensejada pela Semana Nacional dos Museus, o Dia Internacional dos Museus e, inevitavelmente, pela conjuntura política brasileira.
Realizamos o Colóquio Internacional Patrimônio em Foco - Metodologias Participativas: dimensão social dos museus e do patrimônio cultural, através do grupo de pesquisa ESTOPIM. Depois, com calma, espero fazer uma postagem exclusiva sobre o evento. 
Rolou no dia 15 uma belíssima manifestação em defesa da Educação, uma das mais fortes em que já estive. Grande alento ver as pessoas se mobilizando novamente, em torno dos seus direitos e dos valores democráticos. 
Para mim tudo isso representou uma injeção de ânimo, num tempo em que ele anda faltando. Há projetos a seguir, e outros a começar, mesmo com as dificuldades que se apresentam. Isso também inclui o blog Metamuseu. Novidades virão. 
Mas tanto trabalho também nos faz eleger prioridades. Este ano deixei de mandar texto para o volume comemorativo da Revista Museu. Sendo assim, resolvi dar uma revisitada nos que enviei anteriormente, considerando válido reeditar o convite para que sejam lidos. Todos, aliás, vão muito bem de acessos, o que dá sensação de retribuição pelo tempo que consumiram. 

2016
A paisagem no museu, o museu na paisagem

"De imediato a escolha do tema “Museus e Paisagens Culturais” provoca diferentes possibilidades de reflexão, a partir do que está colocado como relação. Pensando no que escrever, acabei optando por tratar de alguma maneira da própria relação, da forma como se pode pensá-la historicamente. A pergunta que me move, portanto, tem dois lados, ou dois pontos de visada: de um lado interrogo como a paisagem entra no museu, e de outro como o museu entra na paisagem. Mas se quisesse poderia reformulá-la pela síntese: como museus e paisagens são mutuamente permeáveis."[+ na página]

2017
Há controvérsias: museus no tempo da pós-verdade e da aquém-história

"O espaço que oferece a Revista Museu é salutar para que possamos articular a docência e a pesquisa, o estudo de longo prazo e o comentário de conjuntura. É muito importante que um campo de conhecimento como a museologia possa também desenvolver o hábito de interferir nas arenas em que o debate se colocar, não só na academia, mas na sociedade de modo geral. O tema da 15ª Semana de Museus, Museus e Histórias controversas: dizer o indizível em museus mostra-se muito afinado com o tempo em que estamos e demonstra a disposição para romper silêncios e reconhecer esquecimentos, um exercício de crítica e autocrítica indispensável ao amadurecimento do nosso fazer. O questionamento e o dissenso são, indubitavelmente, o oxigênio da democracia. Os museus também não podem respirar bem sem eles." [ + na página; P.S.: esse me rendeu até uma réplica do jornalista, tão ruim que não me dei ao trabalho de treplicar] 

2018
Públicos, museus e o espaço da cidade: intensificando conexões 

Neste Dia Internacional dos Museus o ICOM propôs o tema “Museus hiperconectados: Novas abordagens, novos públicos”. Fiquei particularmente movido pela atenção guardada no texto da proposição em não resumir as conexões ao elemento digital. [...] Num dos tremendos paradoxos que constituem o mundo ‘hiper’ em que vivemos, as ferramentas que permitem comunicação instantânea e contatos imediatos, estão longe de garantir a densidade das conexões no plano da sociabilidade e da cultura. [...] Penso, resumidamente, que nem velocidade nem quantidade dão a melhor medida do que seria uma hiperconexão. Pode ser mais proveitoso considerar a densidade dessa conexão, sua multilateralidade, sua fertilidade, sua relevância para aqueles que dela participam, dentre outros critérios que poderiam ser elencados.  [+ na página]

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As datas comemorativas cumprem o papel de dar destaque àquilo que celebram. Mas, por contraste, deixam a ver que às vezes, sobre o mesmo objeto de atenção, paira, por longos períodos, uma notável falta de interesse. De repente são tantas atividades simultâneas para as quais nem sempre é possível se desdobrar. A imprensa, por exemplo, costuma se mover freneticamente em torno dessas datas e fora delas não dar praticamente nenhuma notícia ou destaque para museus, exposições e atividades da área. Silêncio que via de regra se rompe quando ocorrem fatos graves, como incêndios, roubos, e outros problemas. Me impressionou, neste sentido, essa questionável matéria de O Globo Mais da metade dos brasileiros acha os museus monótonos. Artistas e curadores dão ideias para 'espanar o pó' das instituições, um festival de senso comum opiniões pouco embasadas e enviesadas de gente que nem pesquisador da área é, e privilegiando o espaço a entes privados e animadores culturais.Quando picaretas como Marcelo Dantas e Gringo Cardia viram referência, aí quer o quê? Também truco a pesquisa e as conclusões, para não falar de seu realizador, Oi Futuro. Vamos ver os resultados e os métodos direito, mas seria importante passar a debater esse tipo de coisa que sai na imprensa, sempre sazonalmente e condicionado por ocasião. Enquanto remexemos as cinzas do Museu Nacional, me parece um despropósito ficar dando guarida a iniciativas de custo astronômico e concepção questionável como o Museu do Amanhã.
Por isso mesmo renovo minha disposição em manter esse blog, e começarei em breve uma iniciativa para ampliar o espaço para noticiar e debater o cenário museológico através da coluna "Em dia com a museologia", de forma diametralmente oposta à que adota esse tipo de noticiário. Já deixo aberto o convite a quem quiser se integrar a esta iniciativa. 



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