UFMG - ECI - Museologia
Grupo: Letícia Castro, Miguel de Araújo, Paula Cury, Paschoal Colombini, Taynah Perfeito
Duas observações são correntes sobre Museus Históricos: são vinculados a formação dos Estados Nacionais e são construtores de uma Identidade Nacional. Nos domínios brasileiros, no período do Império, a História Nacional buscou se legitimar diante da visão do colonizador. Por essa perspectiva, os Museus Históricos foram criados sob um forte romantismo: a fantasia idílica dos indígenas e a celebração da natureza justificam a formação do acervo de grandes museus como de história natural. Os museus nacionais não eram, porém, aqueles detentores da flora e fauna, mas sim das riquezas culturais do Império.O primeiro grande museu foi criado em 1818, por D. João VI, com o nome de Museu Real, tendo o intuito de propagar o conhecimento e estudos das ciências naturais no Reino do Brasil. Após a independência do Brasil, o Museu Real transformou-se no Museu Nacional.Anos mais tarde, o Imperador Dom Pedro II teve um interesse em colecionar tudo que fosse exótico e que lhe chamasse a atenção, mas vale ressaltar que, em sua coleção, não havia nenhuma referência às culturas de origem africana. Sua coleção particular era mantida no Palácio onde funciona o atual Museu Imperial, apesar disso ela foi doada por ele ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, por conta do seu exílio imposto pelos republicanos.Ao transformar o palácio em museu, décadas depois, a coleção do imperador não foi mantida, preservando apenas os pertences da Família real como acervo. Antes, onde o acesso era privado, agora é um lugar público que nos possibilita a compreensão do que foi a vinda da família real para o Brasil, mostrando todas as suas regalias. Mesmo com o exílio, D. Pedro perpetuou-se sua imagem através do palácio, deixando-o como um lugar de memória nacional, repercutindo os resquícios da história real, tomada como soberana por tanto tempo.Tanto o Museu Imperial quanto o Museu Nacional do Rio de Janeiro possuem páginas online. No Museu Nacional, pode-se ver o grande número de peças de antigas civilizações e de história natural, representando a época em que o Brasil ainda se firmava através da tradição europeia e imperialista, com um forte caráter cientificista que os museus primeiros carregavam.
Figura 1. CAIXÃO DE SHA-AMUN-EN-SU Figura 2. BRAQUIÓPEDES FOSSILIZADOS
Acervo do Museu Nacional Acervo do Museu Nacional
Já no Museu Imperial, o site mais dinâmico nos permite fazer uma visita virtual completa. Nela, vemos os amplos cômodos do Palácio Imperial e exemplos das vestimentas e dos costumes da família através tanto de um Tour Virtual quanto de Ambientes 360°.
Figura 3. GABINETE DE ESTUDOS DO IMPERADOR D. PEDRO II
Figura 4. SALA DE MÚSICA E BAILE
Foi, então, com os Estados
Nacionais, que os museus - qualquer que seja a tipologia - se estabeleceram,
como donos de discursos universalizantes do imaginário nacional. De uma
identidade que se consolida visando a metrópole, outras tantas são marginalizadas
para ceder lugar a um teatro dominativo e normativo. Os museus históricos ainda
se manifestam através das riquezas imperiais, mesmo que não mais aquelas
naturais, mas agora construindo uma narrativa das elites brasileiras, deixando
ainda pouco espaço para a representação de outros setores da sociedade.
Para os curiosos, fica, por fim, a
indicação do episódio número 45 do canal Conhecendo Museu, da plataforma
YouTube: Museu Imperial; e o episódio 13, do mesmo canal: Museu Nacional -
UFRJ.
Link episódio 45: https://www.youtube.com/watch?v=BIjjh61O06E
Link episódio 13: https://www.youtube.com/watch?v=aBFT2-hFGvs
Página Museu Nacional. Disponível em <http://www.museunacional.ufrj.br/index.html> Acesso em novembro 2017.
Página Museu Imperial. Disponível em <http://www.museuimperial.gov.br> Acesso em 2017.
SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Os museus brasileiros e a constituição do imaginário nacional. Revista Sociedade e Estado, XV (2), 2000.
SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Museus brasileiros e política cultural. Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 2004, vol.19, n.55.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e DANTAS, Regina. O Museu do Imperador: quando colecionar é representar a nação.Rev. Inst. Estud. Bras.. 2008, n.46.
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