UMA NOVA MUSEOLOGIA: Os Ecomuseus
grupo: Allyson, Camila Mafalda, Kelvin, Leonardo, Morgana Bernardes, Pauline
Muitos questionamentos surgem em torno da proposta dos ecomuseus.
Por se tratar de uma expressão da Nova Museologia – termo que surgiu no início
dos anos 1980, designando um sistema de valores que retrata a mudança prática
do papel social do museu - que caracteriza estudos recentes, os ecomuseus recebem
críticas e interpretações distorcidas, assim como precisa de constantes
reflexões para enfrentar seus desafios.
Este trabalho foi desenvolvido em Novembro de 2013 como critérios
de
avaliação parcial na disciplina Tipologia de Museus, ofertada no
Curso de
Museologia pela Escola de Ciência da Informação (ECI),
na Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), ministrada pelo
Profº Luiz Henrique Garcia.
grupo: Allyson, Camila Mafalda, Kelvin, Leonardo, Morgana Bernardes, Pauline
Geralmente
estes museus são associados apenas a questão ambiental devido ao prefixo eco.
No entanto, sua proposta vai além deste caráter ecológico, englobando as
relações humanas e sociais – sobretudo da comunidade em que está inserido. Intimamente
ligado a concepção de museu integral instituída na Mesa Redonda de Santiago do
Chile em 1972, onde o papel social do museu foi repensado e a sociedade passou
a ser o objeto de estudo e o sentido de patrimônio foi ampliado, englobam o
patrimônio total[1]
(entendido como total por agregar os aspectos imateriais e subjetivos como a
paisagem e a memória coletiva). Assim, são ainda uma expressão da Nova
Museologia ligados, sobretudo as reflexões acercadadessacralização dos museus e
seus acervos, ressaltando por as questões de socialização e envolvimento com as
comunidades.
A
primeira geração destes ecomuseus de fato tem suas raízes entrelaçadas a outras
inciativas como os museus a céu aberto escandinavos e os parques regionais
expressivos na França, e nos Estados Unidos, eram ligados a preservação do meio
ambiente. No entanto, as expressões que ressaltam o papel social tornaram-se
mais evidentes durante a segunda geração, marcados pelo exemplo de
Creusot-Montceau-Les Mines. Conheça a proposta deste museu, o primeiro ecomuseu
instituído na área industrial em: LINK 1
Alvo
das criticas, por ser uma concepção muito ampla e se desenvolver conforme as
características de seu território, era considerado uma proposta de
desenvolvimento sem critérios. Na tentativa de criar um direcionamento para estas
muitas propostas de ecomuseus que eclodiram pelo mundo, Rivieré (FIGURA 1)– um dos conceptores desta tipologia, diretor
do ICOM durante alguns anos. – em 1983 elaborou uma definição evolutiva que
intitulava o Ecomuseu como um “instrumento que um poder e uma população concebem,
fabricam e exploram juntos. O poder, com os especialistas, as facilidades e os
recursos que fornece. A população, segundo suas aspirações, seus saberes, sua
capacidade de análise”.
Cabe
ressaltar nesta definição a relação com o poder, envolvendo o poder de
conhecimento científico. Assim surgem outros direcionamentos de preceitos para
o desenvolvimento destes museus, como a fórmula ideal, proposta pelo mesmo
estudioso, onde três comitês trabalham conjuntamente para formação do ecomuseu:
o de gestão (administradores municipais), o científico (acadêmicos e
estudiosos) e de usuários (comunidade envolvida). Percebe-se que ainda que por
mais que a concepção esteja ligada ao desenvolvimento da comunidade, há uma
relação de dependência do poder, tanto político como intelectual para que a
proposta seja mais bem desenvolvida. Esta proposta exige ainda, uma
interdisciplinaridade acarretando a mudança no papel do museólogo – que passa a
ser catalisador de ideias ao invés de detentor do conhecimento, este deve
então, fomentar a ideia e aos poucos se distanciar da população deixando que a
mesma trabalhe.
É um museu sem acervo?
O desconhecimento sobre a concepção deste tipo de museu gera
questionamentos como este. Não, o ecomuseu não é um museu sem acervo, nem se
opõe completamente ao mesmo. O que ocorre é uma mudança na concepção de objeto
de estudo – acompanhando a tendência de dessacralização que a nova museologia
prega – onde a cultura dominante é elevada ao estatuto de cultura oficial.
Neste ‘novo museu’ a ênfase é dada ao território, ao patrimônio e a comunidade
em vez do prédio institucional, a coleção e aos visitantes. Barbuy afirma em A conformação dos Ecomuseus: elementos
para Compreensão e análise[2], que o
verdadeiro patrimônio desta tipologia de museus é a memória coletiva que
reforça uma identidade cultura. Tentando, portanto, assegurar os saberes e
fazeres – englobando assim aspectos materiais e imateriais.
Há estruturas que não possuem acervo. É o caso dos centros
de interpretação – como são chamados no Canadá – onde sua função é organizar
exposições pedagógicas. Nestes não existe nestes um compromisso com a produção
de informações acerca de acervos, são instrumentos didáticos. São exemplos
destas estruturas, o Centro de Interpretação do Porto e o Centro de
Interpretação da Cidade, em Québec no Canadá.
Utopia ou realidade?
Dentre as principais críticas que os ecomuseus recebem, está
relacionada com o seu caráter utópico. Isso ocorre devido a carga teórica que
vem sido trabalhada em oposição a práticas que encontram dificuldades para
exercer esta teoria. Há dentro deste pressuposto, a discussão sobre as
reconstituições museológicas que criam a representação da realidade por meio
das técnicas museológicas, realizadas nestes museus. Recebem afirmações que
tangem a artificialidade destes espaços bem como uma falsa representação do
real.
No entanto, cabe ressaltar que o ecomuseu bem como a nova
museologia estão em constante transformação, sobretudo por se tratar de estudos
muito recentes. Apesar das contradições presentes na concepção e prática destes
museus é importante enxerga-los como uma proposta de melhoria e ampliação da
museologia, sendo no mínimo interessante acompanhar suas evoluções para um
caminho diferente dentro desta ciência social aplicada.
Referências
Bibliográficas
BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para
compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3
p.209.236 jan./dez. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v3n1/a19v3n1.pdf>
RIVIERE, Georges
Henri. La museologia: curso de museologia
/ textos y testimonios. Madrid: Akal, 1993 533 p.
SOARES, Bruno
César Brulon. Entendendo o Ecomuseu: Uma
nova forma de pensar a Museologia.Revista Eletrônico Jovem Museologia –
Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio. Ano 01, n°2, agosto de 2006.
VARINE, Hugues
de. O Ecomuseu. Ciências e Letras:
Revista da Faculdade Porto Alegrense de Educação, Ciências e Letras, Porto
Alegre , n. 27, p.61-90, jan. 2000.
[1]Bellaigue,
Mathilde. 1993:75 apput BARBUY, Heloísa.
A conformação dos ecomuseus: elementos
para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3
p.209.236 jan./dez. 1995. P.211
[2]Querrien
(1982: 62-63) citado porBARBUY, Heloisa. A
conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do
Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995. P. 220
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