quinta-feira, 25 de março de 2021

Projeto Ess_TemMemória - Função Social dos Museus 2020

UFMG - Museologia

Função Social dos Museus 2020

Professor Luiz Garcia

Alunos: Álisson Valentim de Freitas, Camila Ventoni Guelfi, Erika S. de Souza, Jonathan Nathan Santos de Moura, Karla Esther Rosa dos Santos, Natália Rocha Santos, Priscilla Batista Tôrres de Lacerda

Projeto Ess_TemMemória

A partir de inquietações provocadas pela situação político-social do país, voltamos nosso projeto para acontecimentos que nos fazem refletir a respeito dos rumos que o país tomou e tem tomado. Segundo Correa e Becker (2017), desde a pré-história, os indivíduos usavam imagens para registrar ideias e acontecimentos marcantes à sua volta. Canabarro (2008) afirma que “As fontes imagéticas permitem ir muito além das meras descrições, porque trazem expressões de realidades vividas em outros tempos”. A partir da compreensão, segundo Le Goff (1996), das fotografias como sendo responsáveis por revolucionar e democratizar a memória, buscamos trazer ao público imagens que convidam a refletir acerca de episódios importantes do cotidiano. Utilizamos fotografias que retratam momentos do país a fim de promover a democratização das discussões a respeito da memória e da sociedade, assim como do conceito de Ponto de Memória. Através da rede social Instagram [clique para abrir], foram postadas imagens com legendas provocativas que buscam a reflexão do público. Realizou-se, ainda, lives e alguns posts informativos a fim de promover discussões a respeito de Pontos de Memória. 
 

Para Moutinho (2009), o conceito de Museologia Social traduz o esforço de adequação dos museus aos condicionalismos da sociedade contemporânea. A emancipação dos públicos a partir do desenvolvimento da consciência cultural remete ao acolhimento das reações às ameaças da aceleração das transformações sociais. A instituição Museu deixa de ser distante, se aproxima do público, conscientiza-se de sua participação com o meio social. A Declaração de Santiago de 1972, colocou o museu como uma instituição à serviço da sociedade que tem participação “na formação da consciência das comunidades que serve; que o museu pode contribuir para levar essas comunidades a agir, situando a sua actividade no quadro histórico que permite esclarecer os problemas actuais” (MOUTINHO, 2009, p. 8). A noção de patrimônio se alarga na Declaração de Caracas de 1992. A participação da comunidade nas práticas museológicas e na gestão faz com que a museologia seja um fator de desenvolvimento social, sendo de interesse do tema a “museografia como meio autônomo de comunicação (...) deve ter também em consideração as novas condições sociais da produção museológica.” (MOUTINHO, 2009, p. 8-9).

O Programa Pontos de Memória reúne um conjunto de ações e iniciativas de reconhecimento e valorização da museologia social. É um programa que pretende atender os diferentes grupos que não tiveram a oportunidade de narrar e expor suas próprias histórias, memórias e patrimônios nos museus tradicionais.O Programa Pontos de Memória nasceu em 2009, com o objetivo de identificar e fortalecer iniciativas de memória e museologia social pautadas na gestão participativa e no vínculo com a comunidade e seu território.O programa reúne um conjunto de ações de reconhecimento e valorização da memória social, de modo que as iniciativas protagonizadas por comunidades, grupos e movimentos sociais, sejam reconhecidas como parte integrante e indispensável da memória social brasileira. 
 


As ações desenvolvidas, pautadas no fomento à criação de novos processos de produção e institucionalização de memórias referentes à diversidade social, étnica e cultural do país, visam garantir que o direito à memória seja exercido de forma democrática por indígenas, quilombolas, povos de terreiro, mestres e grupos das culturas populares, urbanas, rurais, de fronteira, e/ou que requerem maior reconhecimento de seus direitos humanos, sociais e culturais. Dessa forma, o Programa Pontos de Memória contribui para o desenvolvimento de uma política pública de direito à memória, com base no Plano Nacional Setorial de Museus – PNM e Plano Nacional de Cultura – PNC, trabalhando a memória como fator de inclusão e transformação social, por meio da integração das diversas iniciativas museais brasileiras. Acompanhe as informações sobre os editais Prêmio Pontos de Memória na área de Fomento e Financiamento do site museus.gov.br.

Após a divulgação das fotografias, e das primeiras informações sobre o programa Pontos de Memória, nos dias 20 e 22 de janeiro, realizamos duas lives. Wellington Pedro, do Museu do Taquaril, de Belo Horizonte [assista 1a e 2a partes], e Viviane Rodrigues [assista, 1a e 2a partes], do Museu Cultura Periférica, de Maceió, foram os entrevistados. As conversas partiram da pergunta sobre como estes Museus têm realizado suas ações durante a pandemia. A partir daí, temas como a mobilização e sensibilização dos atores sociais, os conflitos e tensões foram abordados. 
 


Wellington nos conta como foi o processo de construção do Ponto de Memória do Taquaril, e também como foram modificadas as ações em 2020 e nesse início de 2021, já que com a pandemia, segundo ele, a memória passa a ser segundo plano nas comunidades, pois as pessoas estão preocupadas em sobreviver. Durante a entrevista, uma fala marcante de Wellington Pedro foi: “A periferia é um lugar onde a vida pulsa, e não um lugar de falta.”

Viviane narra em sua fala como foi a construção do Ponto de Memória - Museu Cultura Periférica, e que durante a pandemia o museu ficou (está ainda) com as atividades paralisadas, mas está se movimentando através de distribuição de alimentos para a comunidade, em parceria com o Movimento Sem Terra.





Vale destacar a gestão participativa, e bem peculiar, que cada espaço mantém, além das ações educativas, e o fortalecimento da identidade por meio do território. Os entrevistados também explicaram sobre os processos e eixos do Ibram para implementação dos Pontos de Memória. A junção das imagens de provocação, dos posts informativos, das interações com o público nos stories e a realização das lives foi o que nos possibilitou a conclusão bem sucedida deste trabalho.

Referências

CANABARRO, Ivo. A utilização da fotografia para a construção do conhecimento histórico, Biev, 2008.

CORREA, Maria Eliane de Oliveira; BECKER, Rosana. A Leitura de Imagens como Processo de Desenvolvimento da Criatividade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 13. pp 250-260., janeiro de 2017.

IBRAM. Pontos de memória: metodologia e práticas em museologia social / Instituto Brasileiro de Museus, Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura– Brasília (DF): Phábrica, 2016.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: UNICAMP, 1996.

MOUTINHO, M.. Sobre o conceito de museologia social. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 1, Mai. 2009.

Pontos de Memória, Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, Brasília (DF), Dísponivel em: <https://www.museus.gov.br/acessoainformacao/acoes-e-programas/pontos-de-memoria/>  Acesso em: 10 de jan. de 2021.

SANTOS, M.. CAPÍTULO IV - REFLEXÕES SOBRE A NOVA MUSEOLOGIA. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 18, Jun. 2009.


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