quarta-feira, 22 de junho de 2022

Museus de história natural e a organização do campo museológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 

ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

TIPOLOGIA DE MUSEUS 

PROFESSOR: Luiz Henrique Assis Garcia 

ALUNOS: Cinthia Esteves Alves Cardoso, Jéssica de Freitas Rabelo Amorim, Maria Beatriz de Morais Silva, Maria Elisa Pereira Aguiar, Rafael Pereira Santos.

O que são museus de história natural?

Os museus de história natural são instituições de comunicação, educação e difusão cultural de elementos voltados à ciência e à tecnologia. Ambientes de caráter dinâmico, têm como principal objetivo a disseminação de princípios científicos e tecnológicos, geralmente destinados a um público amplo e diversificado. Neste sentido, as exposições são utilizadas como uma ferramenta de propagação desses conceitos, e geralmente possuem linguagem simples e acessível aos visitantes. Assim, a comunicação nas exposições funciona como mediadora entre os indivíduos e o conhecimento. 

Principais características:


  • Disseminam conteúdo informativo sobre as ciências ao público. As exposições são, em geral, temáticas, e possuem caráter interativo; 

  • Realizam exposições que possuem dioramas, modelos e réplicas de diversas espécies de seres vivos e ambientes, podendo pertencer a diversos períodos da História; 

  • Fazem uso de uma linguagem didática adicionada aos itens expostos, acompanhada do objetivo de construir uma relação entre público e ciência;

  • Geralmente pertencem a universidades, que os utilizam como uma ferramenta de elaboração e divulgação de pesquisas. Nesse caso, o acervo é de extrema importância tanto para a realização de mostras quanto para a produção de conhecimento. 

  • Configuram-se como instituições que possuem objetivos além de apenas servir interesses de Estados que se voltam ao reconhecimento de território e construção de identidades nacionais calcadas em representações da natureza, representando também os interesses da comunidade científica. 

Exemplos de museus de história natural


Entre os museus de história natural mais conhecidos do território brasileiro, é possível citar algumas instituições, entre elas: 

O Museu Paulista, localizado em São Paulo. Um dos primeiros museus públicos de São Paulo, possui um importante papel no que diz respeito à ampliação de espaços institucionais destinados à ciência. 


01 - Museu Paulista

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, que foi fundado em 1818 e é conhecido como uma das maiores instituições museológicas da América Latina. Após sofrer um incêndio em 2018, perdeu parte significativa de seu acervo. Entretanto, apesar do ocorrido, segue sendo um dos museus mais importantes para a ciência e história do território brasileiro.


02 - Museu Nacional do Rio de Janeiro



Museu Paraense Emílio Goeldi, localizado em Belém - Pará. Além de possuir um acervo didático e de extrema importância para a divulgação científica, possui área na qual o público pode obter, por meio da observação, contato com espécies de plantas e animais do local.

03 - Museu Paraense Emílio Goeldi


Gerações dos museus de história natural


Os museus de história natural podem ser divididos em três gerações, cada uma com determinadas características. A 1ª geração se inicia em meados do século 18, incluindo museus derivados de gabinetes de curiosidades, saturados de objetos (inclusive duplicatas), e geralmente possuíam vínculo com universidades e academias. A 2ª geração foi estabelecida na virada do século 18 para o 19 e se voltava para os avanços tecnológicos, com exposições temáticas de vocação didática. Além disso, tem início a separação entre a pesquisa que é feita da exposição que se apresenta, pois, nesse contexto, as galerias perderam seu caráter de bibliotecas e se tornaram espaços de comunicação. Por fim, a 3ª geração se iniciou na década de 1930 e preocupou-se mais com a transmissão de conhecimentos científicos do que com a contemplação de objetos ou a história do desenvolvimento científico. Havia uma ênfase na ciência e na tecnologia por meio de exposições interativas, tendo início também a afirmação da ecologia como uma das principais ciências utilizadas nesses museus. Ademais, há a divisão definitiva entre o processo de pesquisa e de exposição, permitindo ao visitante obter conclusões diferentes das de um pesquisador a respeito da temática abordada na exposição, mas também fornecendo a ele as ideias do idealizador da exposição de forma atrativa. 



Estratégias de expografia e tipos de exposições


Entre as estratégias de expografia utilizadas por essa tipologia de museu, é possível citar algumas formas, que se dividem em: a estratégia estética, na qual a expografia procura informar ao público por meio de estilos de montagem expositiva com foco no conteúdo visual, e a estratégia lúdica, que conta com a interatividade para captar a atenção do indivíduo. 

Além das ferramentas utilizadas, é possível destacar os tipos de exposições utilizadas para a apresentação da temática da exposição ao público, que podem ser: as exposições educativas, que possuem o conceito como elemento central, utilizando materiais que colocam a ideia da mostra em destaque; e as exposições temáticas, que dão ênfase ao objeto como elemento central, colocando uma premissa por valores estéticos ou abordagens classificatórias. Somado a isso, também é viável classificar a exposição em três categorias:

  • 1ª: exposições que propõem o encontro do visitante com os objetos, nas quais a prioridade é permitir ao visitante ver, contemplar e estar “em contato” com o objeto. 

  • 2ª: exposições que se fazem como vetores de uma estratégia de comunicação. Há a utilização de uma cenarização e apresentação dos objetos por existir a necessidade de transmissão de uma mensagem ao público receptor. 

  • 3ª: exposições que visam um impacto social e tem como característica marcante a proximidade que se propõem, expõem e com a qual trabalham entre tema e/ou objetos e público. 


REFERÊNCIAS 


CHELINI, Maria-Júlia Estefânia; LOPES, Sônia Godoy Bueno de Carvalho. Exposições em museus de ciências: reflexões e critérios para análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v.16. n.2. jul.- dez 2008, p. 205-238.

FERREIRA, Maria de Simone. Museus imperiais: uma viagem às imagens do Brasil na narrativa de Carl von Koseritz. 1. ed. Rio de Janeiro: Cassará, 2012. 

GROLA, Diego Amorim. Coleções de História Natural no Museu Paulista, 1894-1916. Dissertação (mestrado). PPGHIS/USP, 2014, 190p.

LOPES, Maria Margaret. A mesma fé e o mesmo empenho em suas Missões Científicas e civilizadoras: os museus brasileiros e argentinos do século XIX. Rev .bras. Hist., São Paulo, v. 21, n. 41, 2001, p. 55-76. 

O MUSEU Nacional vive. Alexandre Kellner. Produçao: ((o))eco. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7pokqNN1qFI&t=52s. Acesso em: 15 fev. 2022. 



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