sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ponto e vírgula [Tipologia 2015]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MUSEOLOGIA
TIPOLOGIA DE MUSEUS
PROF: LUIZ H. GARCIA

Alun@s: ANNA KAROLINE PACHECO,IGOR COSTA,LUCAS MORAIS,GABRIELA GOMES,LETÍCIA POZZATO.
 
Ponto e vírgula


Entre o final do século XVII e o século XVIII começavam as grandes discussões entre a diferença de arte e artesanato. Conforme o Xavier Greffe a "noção de obra de arte surgiu claramente dessa forma". Antes à religião ocupava o que foi mais tarde considerado arte, visto que, o museu parecia um templo. Com a discussão sobre o que seria uma obra de arte iniciou-se questionamentos sobre o compromisso artístico com a "beleza", o "gênio", a "aptidão", a "capacidade". As obras de arte passaram a ser contempladas no ponto de vista estético. O primeiro museu público de arte- Museu do Louvre - foi criado no final do século XVIII e tinha aspecto de galeria para exibição de obras primas das coleções reais. Após, na era Napoleônica tornou-se grandioso e exibia os trunfos do seu Governante em guerras. O museu era um local de reafirmar o poder do Governante pela arte conquistada.



De lá para cá, a finalidade do museu foi se moldando a partir de sua tipologia. Afinal, um museu de ciências naturais tem finalidade de transmitir conhecimento de forma diferente de um museu de arte ou um ecomuseu. Pensando nesse percurso ideológico, os museus de arte, desenvolveram sua própria concepção. Tal desenvoltura é facilmente percebida no enquadramento da fotografia como um dos tipos de arte contemporânea. Esse tipo de obra é a imagem prática da modernidade. Ela apresenta um modelo estático de representação de ambientes e pessoas, porém, com a mesma capacidade de promover apreciação do espectador. Maria Cecília França, em seu livro Museus Acolhem Moderno, questiona se os museus sobreviverão a tamanha modernidade e arrojamento (não só das fotografias, mas como todos os tipos de artes que estão sendo exploradas).




Afinal, as (belas) artes modernas estão a cada dia ultrapassando as quatro paredes das instituições e vivenciando os ares externos e improváveis do mundo esquizofrênico que vivemos. E não é só isso, a cada dia que se passa, os profissionais de um museu estão submetidos às dificuldades de captação de público, investimento, valorização profissional e qualificação de mão de obra. Os museus vistos como empresas colaboram com a redução dos números de instituições museológicas.

Cecília França é pontual:
Nossos museus de arte ficam à mercê de vontades pessoais, carecendo de processos de continuidade e dependendo de quem lidera. Por vezes, técnicos remanescentes e inconformados de não serem alçados à direção engendram poderes paralelos, com prejuízo para a rotina. Quando os museus estarão livres de perfídia, conquistarão autossuficiência, independência, maturidade e respeitarão decisões dos técnicos abalizados, deixando, tais práticas, de serem honrosas exceções? (1997)

Como qualquer empresa e qualquer instituição os museus estão submetidos aos processos de mercado. Nesse sentido, a produção artística começou ser valorizada a partir de obras de determinados artistas que possuíam acesso às instituições museológicas ou mercadológicas.




Assim, com a complexidade da definição de (boa) arte, será que o que vale mais é o que foi ou está exposto no museu? No nosso ponto de vista a resposta é clara: não. Se o que não está exposto no museu também pode ser arte, o papel do profissional – do museólogo – é justamente realizar um diálogo entre gestão (e suas dificuldades) e a arte que é objeto/finalidade/função dos museus. O caminho é longo, árduo e, possivelmente, sem rumo. Mas se torna cada vez mais interessante descobrir e compreender o que é arte e como tornar o museu de arte acessível, arrojado, desafiador e educador. Não se assuste, caro leitor, os museus sobreviverão a modernidade, e é exatamente por isso que não podemos colocar um ponto final nessa discussão, mas sim um ponto e vírgula.

Referências bibliográficas:

GREFFE, Xavier. Arte e mercado. Iluminuras, 2013.
 
LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem Moderno. São Paulo: EDUSP, 1999.

Um comentário:

  1. Não sei se eles sobreviverão a (pós)modernidade. Há um alento de uma mudança das formas de pensar os museus, a nova museologia está aí pra comprovar isso, com ideias de ecomuseus e museus comunitários, por exemplo(mesmo que são exceções as que enchem realmente nossos olhos de alegria). Mas também temos que ressaltar que contrário a esse fenômeno de criação dessa tipologia de museus, ou de museus que sejam pensados para a comunidade, que possibilitam uma reflexão crítica da realidade, há também uma crescente criação de um modelo de museus tão problemáticos, que são trabalhados com o intuito de reafirmar o poder que estamos subordinados, seja esse poder do Estado, seja do Capital.
    A forma sempre vertical de se pensar, talvez esteja com os dias contados, enquanto o museu n for criado, e dirigido pelo população comum, ele será sempre inacessível. Museu é o mundo, assim já pensava Oiticica, e o mundo é o comum, não pode ser mais exclusivo, caso contrário, não existirá mais museus, e quiçá mundo!

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