Reformas ainda sem data para começar visam acessibilidade para seus visitantes e melhorias na condição estrutural do edifício histórico
O Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do
Ipiranga, foi fechado às pressas no dia 03 de agosto para a realização
de reformas estruturais e só deve ser reaberto para visitação em 2022,
informa a diretora do local, Sheila Walbe Ornstein.
De acordo com o comunicado oficial, assinado pela diretoria
da instituição, “é necessário e comum que museus instalados em prédios
históricos fechem parcial ou totalmente para restauros e modernizações”.
O fechamento do Museu Paulista é necessário para, de um
lado, “facilitar diagnósticos, projetos, licitações e intervenções; e,
de outro, para garantir a incolumidade dos visitantes e servidores, bem
como a proteção física do acervo”. Entretanto, segundo a assessoria de
imprensa do museu, a ideia inicial era de que num primeiro momento
apenas a fachada fosse reformada. O local só seria fechado
posteriormente.
A responsável pela interdição imediata teria sido uma
vistoria técnica que aconteceu na sexta-feira que a antecedeu. Sheila
afirmou que estes “últimos diagnósticos indicaram alguns desplacamentos
de forros decorrentes de infiltrações de águas de chuvas”. “O Museu
necessita de restauro de fachadas, forros, coberturas e clarabóias,
implementação de acessibilidade a pessoas com deficiência e modernização
de toda a sua infraestrutura como instalações elétricas, segurança
contra incêndio, instalações hidráulicas, coletores de águas pluviais e
assim por diante”, informou a diretora.
Apesar do fechamento imediato, as reformas não devem
começar tão cedo. De acordo com Sheila elas “somente poderão ser
realizadas depois de finalizados os serviços de diagnósticos e os
projetos que irão nortear todas as ações em termos das boas práticas de
restauro”. Ela afirmou também que após finalizados, esse projetos e
diagnósticos devem ser submetidos aos Órgãos do Patrimônio, como o
CONDEPHAAT e IPHAN, e que somente depois de aprovados, poderão ser
licitados.
Como não existe uma certeza de quando as reformas
começarão, a reabertura do museu ainda não possui uma data definida. Ao
ser questionada sobre a previsão média sobre quando as atividades do
museu serão reiniciadas, a diretora voltou a falar dessas etapas que
precedem a reforma e afirmou que eles trabalharão com a meta do
bicentenário, em 2022.
Também ainda não houve acerto sobre qual será o destino das
obras de arte enquanto o Museu estiver fechado. “Estamos estudando as
alternativas de deslocamento do acervo dentro do próprio edifício e
também a possibilidade de aluguel de imóveis”, afirmou Sheila. Segundo
ela, a USP está “tomando as providências cabíveis” para evitar danos ao
patrimônio da instituição.
Segundo a diretora do Museu Paulista, as últimas vistorias
antes da que antecedeu o fechamento foram realizadas no mês de julho. A
interdição, originalmente, não tinha data para ocorrer, mas, nas últimas
semanas, “foi constatada uma maior aceleração de queda de desempenho de
alguns elementos construtivos”, como no caso de alguns forros. Dessa
forma, a antecipação foi preventiva, “o que permitirá evitar os impactos
negativos no sistema construtivo do uso intenso comum neste período”.
O Museu do Ipiranga, com um movimento diário de 3 mil
pessoas, é um dos mais visitados de São Paulo e possui um acervo de 150
mil peças, entre mobiliário, roupas e lembranças da família imperial,
quadros, itens de iconografia em geral, fotos e documentos. Uma de suas
obras mais conhecidas é o quadro Independência ou Morte, de Pedro
Américo.
Orçamento
De acordo com a assessoria de imprensa do Museu Paulista, o
valor destinado para as reformas é de 21 milhões de reais. Entretanto
essa instituição não é a única na USP a demandar um grande investimento
para manutenção e adaptação. O Museu de Arte Contemporânea (MAC), por
exemplo, também recebeu grandes somas recentemente para a construção de
uma nova sede, próxima ao parque Ibirapuera, que, contando com reforma
em toda a estrutura e construção de dois edifícios anexos, custou 76
milhões de reais.
Além disso, a USP prevê um gasto de 100 milhões de reais
com a construção de um complexo de três edifícios e uma passarela
suspensa chamado Praça dos Museus. A ideia é que o Museu de Arqueologia e
Etnologia (MAE), o Museu de Zoologia e um espaço para exposições de
ciência fiquem abrigados nos novos prédios, localizados perto da
Portaria 3 da Cidade Universitária.
A previsão inicial era de que a Praça dos Museus ficasse
pronta em 2013, para coincidir com o último ano de mandato do atual
reitor da Universidade, João Grandino Rodas. Entretanto, o projeto já é
antigo: foi idealizado ainda nos anos 1990, mas só obteve permissão
judicial para ser executado recentemente.
ResponderExcluirFiquei impressionado com o tempo previsto que o Museu Paulista ficará fechado para reformas estruturais e pior é que o fechamento não indica o início das obras, obras essas que ao meu ver são de caráter de urgência, pois existem problemas de infiltrações e águas de chuva adentrando ao recinto pelo teto sem condições de estancar esses fenômenos meteorológicos. Atualmente o Museu Paulista possui um acervo de mais de 125.000 itens do século XVII até meados do século XX muito significativos para a compreensão da sociedade brasileira, acervo este que foi sendo incorporado ao longo do tempo, oriundos de outras instituições, e que veio somar ao acervo original que era tipológicamente definido como Museu de História Natural. É muito preocupante saber que um acervo de relevante valor, esteja exposto à burocracia de instituições e dependente de verbas, que na atual conjuntura do país, possam demorar mais tempo ainda, e enquanto isso, nossa memória está correndo perigo. Ao meu ver, a primeira coisa que deveria ser feita, é conseguir um local seguro para que fosse feita a transferência desse acervo, para que pudesse ficar em segurança e esperar que a reforma, que pela previsão pode demorar mais que o previsto fosse concluída. Infelizmente, imagino que verbas para esse tipo de obras estão em uma escala de prioridade baixa, resta-nos esperar que algum órgão competente interfira, para que a solução seja encontrada o mais breve possível.
Daniel Xavier Henriques
Museologia UFMG