quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Pesquisa em História sobre museus

Como parte de suas atividades como bolsista CAPES/Reuni, a pesquisadora Joelma Nascimento, que recentemente defendeu sua tese de doutorado no PPGHIS-UFMG, realizou um  pequeno levantamento de trabalhos recentes produzidos em Programas de Pós-graduações em História concernentes ao campo da museologia, selecionando pesquisas de doutorado e mestrado em História que estritamente possuam os museus como objeto central de análise. O levantamento foi realizado através dos sites dos sistemas de buscas das Bibliotecas Digitais das Universidades.

Considero essas referências para compor a bibliografia complementar das disciplinas que leciono na graduação em museologia da UFMG, especialmente Tipologia de Museus e Metodologia da Pesquisa Histórica em Museus. Como isso no fundo é uma pesquisa em andamento, irei fazendo atualizações periódicas nesta postagem.



Documento: Tese de Doutorado

Título em português: Darwinismo, raça e gênero: conferências e cursos públicos no Rio de Janeiro (1870-1889) [link]
 

Palavras-chave em português: Ciência, Darwinismo, Gênero, Raça.

Resumo em português: O presente trabalho pretende delimitar os contornos de um discurso científico/cientificista, presente de modo mais intenso no último quartel do Oitocentos, que fundamentou argumentos de projetos modernizadores da nação, quais sejam, a aplicação da teoria de Darwin à sociedade, a hierarquização racial da sociedade e a criação de uma boa mãe de família burguesa, nos moldes europeus. Estas três propostas modernizadoras foram apresentadas e discutidas nos seguintes espaços públicos de vulgarização científica as Conferências Populares da Glória, os cursos públicos do Museu Nacional e as que denominei Avulsas, pois não se encaixavam nas duas categorizações anteriores todos realizados na capital imperial entre os anos de 1870 e 1889.

Documento: Tese de Doutorado

Título em português: Os estudos físicos de antropologia no Museu Nacional do Rio de Janeiro: cientistas, objetos, idéias e instrumentos (1876-1939) [link]

Palavras-chave em português: Antropologia (pesquisa e história), Museus, Rio de Janeiro. 

Resumo em português: Este trabalho analisa o processo de institucionalização da Antropologia no Museu Nacional do Rio de Janeiro entre 1876-1939. Operando com as continuidades e descontinuidades do período, a pesquisa foca nas mudanças políticas e institucionais e tenciona observar o desenvolvimento da atividade científica da Antropologia. Pretendemos caracterizar esta prática científica, identificar os cientistas, reconstruir sua rede de intercâmbio entre cientistas e instituições, conhecer seus problemas e questões discutidas, e como eles faziam suas pesquisas e construíam conhecimento.




Data de Defesa 2012-03-16



Título em português A formação do Museu Republicano Convenção de Itu (1921-1946) [link]
Palavras-chave em português: Cultura material; Exposições; História dos museus; Museologia
Museus de história; Primeira República

Resumo em português:Esta dissertação, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo (USP), vincula-se também ao Programa de Pesquisas em História da Cultura Material do Museu Paulista/USP, na linha de pesquisa História dos Museus e das Exposições. Seu objeto de estudo é a formação do Museu Republicano Convenção de Itu, extensão do Museu Paulista no interior do Estado (o primeiro museu histórico brasileiro dedicado à República), emblemático por ter-se constituído como projeto de alguns dos chamados republicanos históricos, que estiveram à frente do governo brasileiro na Primeira República. Seu recorte cronológico abrange desde o momento que antecede a inauguração do Museu, realizada em 1923, até o final da gestão de Affonso Taunay, seu primeiro Diretor, em 1946. Os museus de história têm suscitado reflexões de diferentes autores, em diferentes perspectivas. A contribuição que pretendemos dar para esta discussão desenvolve-se não na perspectiva da História Política, mas sim da Cultura Material e da Museologia, isto é, a partir do exame de seu acervo e sua exposição.


 

6 comentários:

  1. "Darwinismo, raça e gênero: conferências e cursos públicos no Rio de Janeiro (1870-1889)": Não consegui abrir essa de doutorado de Karoline Carula, para lê-la na íntegra, de forma a entender como, nesses três projetos modernizadores, se deu essa aplicação da teoria de Darwin à sociedade, e particularmente o papel que Herbert Spencer teve nesse projeto - e de quem se diz que era defensor do darwinismo social. Interessante lê-la para entender o que foram os cursos públicos do Museu Nacional, já que era ele reconhecido como centro de produção de conhecimento e de difusão de cultura.

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    1. Caro Pedro,
      A partir da página do repositório da USP vc encontra o link para o pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27092012-115018/publico/2012_KarolineCarula_VCorr.pdf (copie mas aqui não há como fazer direto).

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    2. Obrigado pela orientação para acesso.Consegui abrir e estou lendo. Pelo que pude perceber até agora, Herbert Spencer não é usado em nenhum como referência para explicar as desigualdades sociais, no caso, naturalizadas nesses cursos, na maioria das vezes.

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  2. Comentário adicional: Talvez seja preciso analisar os fundamentos psicológicos e os elementos ideológicos da produção do saber que se dá por meio do senso comum ou por meio da ciência, para evitar que a legítima preocupação com o rigor e a neutralidade científicos mascare a naturalização das relações sociais de exploração vigentes durante toda modernidade – e que na contemporaneidade se manifesta como crise estrutural de longa duração, dado que toda ordem social ficou subordinada à acumulação de riqueza desenvolvida para ser alcançada sem que seus beneficiários sofram, a partir de uma racionalidade crítica, questionamentos efetivos por parte da classe trabalhadora e que tragam resultados práticos duradouros na práxis política. Essa análise pode também abarcar o processo ou o modo como se molda cada subjetividade em cada singularidade nas tensões sociais cotidianas expressas nos antagonismos entre classe sociais. Isso parece ser rigorosamente um exame da ideologia no seu sentido estrito.

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    1. Obrigado pelas considerações. Se chegar a ler o trabalho e quiser compartilhar suas conclusões sobre o mesmo, será mais que oportuno. Um abraço!

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  3. Nesta tese me pareceu claro que o Museu Nacional é um lugar em que, no Século XIX, se produzia ciência, mesmo que sua produção se desse de forma subsidiária em relação ao que acontecia nas principais universidades europeias e de maneira desigualmente combinada com seus projetos de pesquisa.

    No Museu Nacional, quais dessas pesquisas à época podem ser caracterizados como cientificistas?

    E o cientificismo aí se definiria como a confiança extremada na capacidade de resolverem as ciências naturais, com experimentos práticos conduzidos pela razão humana, todas as questões e problemas com que os seres humanos se deparam?

    O Museu Nacional era, àquela época, um espaço de disputa política entre classes sociais por hegemonia, melhor dizendo, um espaço legítimo de disputa por hegemonia política? Os cursos públicos que o Museu Nacional oferecia deixavam perceber isso?

    E nos museus de hoje: os cidadãos mais críticos com relação à forma atual de organização da sociedade contemporânea têm conseguido, nas exposições em museus, fazer com que ganhem força narrativas (texto) que têm como proposta fortalecer os movimentos de emancipação humana?

    Ou continuam prevalecendo largamente exposições cujas narrativas, pela via do mascaramento dos valores que sustentam no poder a classe dominante, mantém e fortalecem os mecanismos estruturais de opressão política e exploração econômica que essa classe, numericamente pequena, exerce sobre o restante da sociedade?

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