Pois é, topei agora mesmo com esse texto* pra lá de bacana da Karina Kuschnir, Dez lições da vida acadêmica [link][*os desenhos também são dela], cuja lição inicial para mim é que nunca deixamos de aprender com a experiência de outros pesquisadores. Como de costume, separei alguns trechos e comentei mas incentivo fortemente a leitura do texto completo.
"Quando fui estudar para o mestrado, meu maior desafio foi não dormir
lendo Marx. Li aquele capítulo do Capital sobre o fetichismo da
mercadoria e pensei: ferrou! Não entendi nada. Por sorte, a Maria
Claudia Coelho era minha professora na PUC e se dispôs a traduzir aquilo
pra mim. E não é que o texto caiu na prova? Uma professora durona
estava na banca e me perguntou: porque você escolheu Marx para responder
essa questão? Respondi a verdade: não tinha entendido nada quando li
pela primeira vez, e depois achei genial – era uma questão de honra
enfrentá-lo na prova! (Só não falei que o mérito era todo da Maria
Claudia, pois não ia pegar bem…)
Primeira lição aprendida: quase sempre vale a pena entender um texto clássico. É por isso que se tornou um clássico. (Mas nem sempre.)"
L.H.: O verdadeiro clássico - paradoxalmente - jamais parecerá datado. Sobre esse assunto recomendo a leitura de Por que ler os clássicos, do Ítalo Calvino.
"Na época em que tive
que escolher um orientador, expliquei para o Gilberto Velho que não
poderia ser orientanda dele de jeito nenhum. Falei que não sabia nada de
antropologia, nem o básico do básico. Mas ele me respondeu, o que se
tornou a Terceira lição aprendida: “você sabe escrever, e isso é 50% do trabalho do antropólogo”. Minha sorte foi que logo no curso seguinte que fiz com ele, aprendi o segredo dos outros 50%: Para
fazer antropologia bastava ficar o dia todo parada numa esquina, me
enturmar com jovens desocupados e escrever um diário sobre isso! Quarta
lição, com ajuda de William Foote-Whyte."
L.H.: Essa de ficar parado na esquina eu conheço bem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário