segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Dedo de Prosa no Museu Histórico Abílio Barreto

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – ESCOLA DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO - GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA

DISCIPLINA FUNÇÃO SOCIAL DOS MUSEUS

TRABALHO FINAL – ALFREDO L. VIEIRA, DAISE G. CARVALHO, MARIA BEATRIZ M. SILVA, VITOR G. SANTOS

“DEDO DE PROSA” NO PARQUE DO MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO

1 - capa do trabalho


Para elaboração do trabalho final desta disciplina, consideramos que o museu, enquanto instituição, assume a função social de servir a sua comunidade, estabelecendo comunicação contínua com a mesma. Além disso, através de ações articuladas com o acervo, ele deve munir a sociedade de aparato representacional potente, capaz de projetar questões concernentes ao contexto daquelas pessoas, fazendo-as refletir sobre estruturas e processos presentes em suas próprias vidas. Podemos observar a importância deste processo através de um trecho da Mesa Redonda de Santiago que fala que o museu 

“pode contribuir para o engajamento destas comunidades na ação, situando suas atividades em um quadro histórico que permita esclarecer os problemas atuais, isto é, ligando o passado ao presente, engajando-se nas mudanças de estrutura em curso e provocando outras mudanças no interior de suas respectivas realidades nacionais.” (Mesa Redonda de Santiago, 1972)


Para explorar os efeitos que o museu exerce ao cumprir (ou não) sua função social, consideramos pertinente nos focar em um museu de cidade. O Museu Histórico Abílio Barreto (MHAB) foi inaugurado em 1943, com o objetivo de dedicar-se à produção e à difusão de conhecimento sobre a cidade de Belo Horizonte. Porém, esta pesquisa se foca muito menos no edifício sede ou no casarão da Fazenda do Leitão, e sim nos jardins do museu. Esses jardins, segundo descrição encontrada no site da Prefeitura de Belo Horizonte, foram concebidos para serem locais de educação e lazer. Certamente há uma programação cultural frequente nos jardins, e o museu possui acervo em sua área externa, porém algumas dúvidas permanecem: esses eventos convidam a população a desfrutar do museu como um todo? Os jardins são vistos apenas como espaços de entretenimento sem relação nenhuma com o MHAB? As pessoas que frequentam esse espaço estão cientes de que ele pertence ao conjunto arquitetônico e de funcionamento do museu? E como averiguar as noções que as pessoas têm a respeito do museu e de seus jardins?

Para realizarmos a proposta, nos dividimos em 2 duplas, e cada uma visitou o museu para realizar a pesquisa de campo em dias diferentes, a primeira dupla foi em um dia de semana, onde não havia muito movimento e as pessoas estavam menos acanhadas a interagirem com os entrevistadores, já a segunda dupla, foi em um domingo, onde especialmente, ocorreu a realização de um show no local. Neste dia, foi bem mais fácil a realização do trabalho, pois as pessoas estavam mais abertas para o diálogo (inclusive um dos entrevistadores tomou uma cerveja oferecida pelo entrevistado). Foram realizadas entrevistas bastante amistosas nesse dia, houve uma grande troca de experiências, principalmente por parte dos entrevistados, onde eles compartilharam diversos momentos e fatos de sua vida, que principalmente, se relacionavam com o museu. O clima amistoso estava mais que comprovado, pois ao longo das entrevistas as próprias pessoas que estavam passeando pelo local, estavam interagindo entre si, comentando sobre diversos assuntos, sendo eles, política, o museu, o cantor que se apresentou e etc.



2 - Visitantes do jardim do Museu Histórico Abílio Barreto e Casarão ao fundo


Já pelos resultados, podemos extrair algumas coisas interessantes, primeiro devemos observar a faixa etária dos entrevistados, que flutua em uma média entre os 35 e 60 anos (haviam algumas que tinham idades fora desse espectro). Outra coisa interessante a se notar é sobre o que as pessoas acham do local, uma grande maioria fez grandes elogios, falas como “local de terapia” e de “descanso emocional” foram frequentes, mostrando que a calmaria e a tranquilidade do lugar é um ponto forte na atração do público., e sobre a duração da permanência dos visitantes na praça é bem variável , tendo visitantes que informaram ficar no local por até 4 horas, assim sendo possível concluir que falta de tempo para a visitação ao museu, não é um problema na maioria dos casos. Já sobre a pergunta que falava sobre a entrada no museu, podemos identificar 2 respostas interessantes, uma onde o entrevistado disse que o museu era interessante, mas “não muito convidativo” e outra onde um estrangeiro entrevistado disse não ter entrado pois o idioma predominante no museu é o português. Essas respostas nos levam a pensar numa possibilidade de intervenção no museu que faça com que ele seja mais atrativo para o público, podendo ser por exemplo, a inserção de legendas em outros idiomas (visto que Belo Horizonte é uma cidade que atrai muitos turistas) e também alguma ação que faça com que o público se sinta cativado a entrar. Sobre a história da casa onde o museu está localizado, grande parte estava ciente, mas quando falamos sobre o outro prédio, a situação muda, vários entrevistados diziam não saber sobre a função do edifício, mostrando a nós uma noção territorial do museu limitada (deve ser combatida com ações que introduzem a área local e os seus arredores aos visitantes da praça). Após o final da entrevista, convidamos os entrevistados a participarem de uma roda de conversa e uma visita ao museu, para conversarmos um pouco sobre o lugar e fazer uma troca de experiências, porém, nenhum entrevistado se disponibilizou.

REFERÊNCIAS

IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus & Programa Ibermuseus. Mesa redonda sobre la importancia y el desarrollo de los museos em el mundo contemporáneo: Mesa Redonda de Santiago de Chile, 1972.

MOUTINHO, M.. Sobre o conceito de museologia social. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 1, Mai. 2009.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Museu Histórico Abílio Barreto - MHAB. [S. l.], 25 jan. 2018. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/fundacao-municipal-de-cultura/museus/mhab. Acesso em: 9 out. 2022.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. BH em Cantos: Museu Histórico Abílio Barreto. [S. l.], 17 ago. 2017. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/bh-em-cantos-museu-historico-abilio-barreto. Acesso em: 9 out. 2022.

ROSAS MANTECON, Ana. Usos y desusos del patrimonio cultural: retos para la inclusión social en la ciudad de México. An. mus. paul. [online]. 2005, vol.13, n.2 [cited  2014-08-19], pp. 235-256 .

SANTOS, M. Capítulo IV - reflexões sobre a nova museologia. Cadernos de Sociomuseologia Centro de Estudos de Sociomuseologia, América do Norte, 18, Jun. 2009.





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