quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Hildebrand Gurlitt, “o comerciante do Führer”

Enquanto não estreia The Monuments Men, filme sobre a brigada especial dedicada a recuperar o patrimônio extraviado e surrupiado pelos nazistas durante a 2a. Guerra Mundial , vale conferir o site oficial da fita [link] e essa matéria interessantíssima do El País (versão em português) sobre Hildebrand Gurlitt, “o comerciante do Führer”. A matéria, assinada por Felix Bohr e Lothar Gorrisel, mostra um pouco das nebulosas atividades de negociantes de arte como este.Um pequeno trecho como aperitivo:


"Diziam que Gurlitt era um “colecionador de Hamburgo ligado às altas esferas nazistas. Atuava em nome de outras autoridades nazistas e fez muitas viagens à França, de onde levou a seu país coleções de arte. Há razões para pensar que essas coleções particulares eram formadas por obras roubadas de outros países”. Para os Monuments Men, Gurlitt era um “comerciante de arte do Führer”.
Entre as obras encontradas recentemente em um apartamento no bairro Schwabing, em Munique, há 380 pinturas retiradas dos museus por serem consideradas em 1937 como “arte degenerada”. A descoberta incluía outras 590 obras que o regime nazista e seus seguidores possivelmente arrebataram de proprietários judeus. O dono do apartamento é filho de Gurlitt, Cornelius, atual herdeiro da coleção, que no fim da guerra tinha 12 anos e vivia em Aschbach.
O governo alemão está estudando a origem de cada obra de arte. Com a origem das pinturas individuais ainda a ser esclarecida, um grupo de trabalho nomeado pelo governo alemão está investigando a história de cada uma das obras. A tarefa será longa. Uma pesquisa jornalística realizada em locais como os arquivos do Ministério de Assuntos Exteriores francês e Museu Nacional de Breslau, na Polônia, revela o considerável alcance do tráfego de Gurlitt com a arte roubada e suas práticas cruéis.
Os monuments men interrogaram Hildebrand em Aschbach em junho de 1945. Estava “extremamente nervoso”; não parecia dizer a verdade. Foi, então, quando Gurlitt criou uma nova identidade: a de vítima dos nazistas, a de um homem que havia salvado valiosas obras de arte da destruição e que jamais havia feito mal a alguém. Nem tudo o que contou aos norte-americanos era mentira. Ele ressaltou que os nazistas o haviam considerado “mestiço” por causa de sua avó judia. Também disse que, depois de 1933, havia temido por sua vida, o que o levou a colaborar. Durante um interrogatório de três dias, Gurlitt declarou que, ao ser o que chamavam de “um quarto judeu”, havia o risco de que o recrutassem para fazer trabalhos forçados na Organização Todt, um grupo civil e militar de engenharia do Terceiro Reich. Gurlitt também afirmou: “Tive que escolher entre a guerra e o trabalho para os museus. Nunca comprei uma pintura que não me oferecessem voluntariamente”."

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