quarta-feira, 26 de março de 2014

Biblioteca Virtual do Museu Histórico Nacional

As bibliotecas são espaços essenciais à produção do conhecimento e um ambiente que os bons pesquisadores devem frequentar sempre e conhecer como a palma da mão. As tecnologias digitais abrem várias possibilidades de circulação e acesso aos acervos de diferentes instituições, nos mais variados formatos e portes. A internet não substitui, mas antes complementa de forma valiosa os procedimentos de pesquisa que se pode realizar em bibliotecas. Pela boa lembrança da discente Carolina Vaz de Carvalho, do curso de Museologia da UFMG, surgiu a ideia de fazer essa pequena postagem e acrescentar o link da Biblioteca Virtual do Museu Histórico Nacional. Através dele é possível acessar, entre tantos materiais, os livros dos Seminários Internacionais promovidos pela instituição, dentre os quais o de 2011, Museus Nacionais e os Desafios do Contemporâneo, onde estão os dois textos [MARIANA ESTEVES MARTINS A República representada no interior paulista: Museu Republicano “Convenção de Itu”; Marcos Felipe Lopes O Brasil para os brasileiros: Fotografias, espaço, lugar e paisagem] que serão discutidos na próxima sexta (28/03/2014) na disciplina Museu, Espaço e Poder. 


quarta-feira, 19 de março de 2014

Vivendo e aprendendo

Pois é, topei agora mesmo com esse texto* pra lá de bacana da Karina Kuschnir, Dez lições da vida acadêmica [link][*os desenhos também são dela], cuja lição inicial para mim é que nunca deixamos de aprender com a experiência de outros pesquisadores. Como de costume, separei alguns trechos e comentei mas incentivo fortemente a leitura do texto completo.

Journal_Page_02"Quando fui estudar para o mestrado, meu maior desafio foi não dormir lendo Marx. Li aquele capítulo do Capital sobre o fetichismo da mercadoria e pensei: ferrou! Não entendi nada. Por sorte, a Maria Claudia Coelho era minha professora na PUC e se dispôs a traduzir aquilo pra mim. E não é que o texto caiu na prova? Uma professora durona estava na banca e me perguntou: porque você escolheu Marx para responder essa questão? Respondi a verdade: não tinha entendido nada quando li pela primeira vez, e depois achei genial –  era uma questão de honra enfrentá-lo na prova! (Só não falei que o mérito era todo da Maria Claudia, pois não ia pegar bem…)
Primeira lição aprendida: quase sempre vale a pena entender um texto clássico. É por isso que se tornou um clássico. (Mas nem sempre.)"

L.H.: O verdadeiro clássico - paradoxalmente - jamais parecerá datado. Sobre esse assunto recomendo a leitura de Por que ler os clássicos, do Ítalo Calvino.

Journal_Page_05
"Na época em que tive que escolher um orientador,  expliquei para o Gilberto Velho que não poderia ser orientanda dele de jeito nenhum. Falei que não sabia nada de antropologia, nem o básico do básico. Mas ele me respondeu, o que se tornou a Terceira lição aprendida: “você sabe escrever, e isso é 50% do trabalho do antropólogo”. Minha sorte foi que logo no curso seguinte que fiz com ele, aprendi o segredo dos outros 50%: Para fazer antropologia bastava ficar o dia todo parada numa esquina, me enturmar com jovens desocupados e escrever um diário sobre isso! Quarta lição, com ajuda de William Foote-Whyte."


L.H.: Essa de ficar parado na esquina eu conheço bem...

sábado, 8 de março de 2014

Coleção Hannah Arent e os vestígios de uma trajetória intelectual

 A Coleção Hannah Arendt inclui centenas de volumes com com anotações e indicações às margens. A principal missão do projeto é preservar e catalogar todos os itens de sua biblioteca pessoal. Certamente uma preciosa fonte de pesquisa para os que desejam ampliar a compreensão sobre a trajetória intelectual e aspectos específicos da obra de Arendt. Se projetos de digitalização massiva de arquivos e bibliotecas tem grande impacto sobre o acesso aos conjuntos documentais e ao patrimônio cultural de forma geral, não é menos relevante reconhecer que isso se deve ao esforço inicial de reunir, preservar, organizar e pesquisar um acervo qualquer. Usufruamos. LINK


The Hannah Arendt Collection includes hundreds of volumes with marginalia and annotations, and it is our goal in perserving this collection, to scan and digitize all of the pages with Arendt's unique markings. The examples below (in PDF format) represent the beginning of this process, which has been supported by a generous grant from the Andrew W. Mellon Foundation. Each listing indicates the size in megabytes and total number of scans (including covers, title pages and table of contents where appropriate). This collection is organized alphabetically by the author's last name. Click the cover image on the left to view/download PDF.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Um museu do PCC

Assistindo essa reportagem, não pude deixar de pensar em quão distantes os museus estejam de abordar os grandes conflitos que constituem o teor dos dias correntes. Nas tensões disparadas desde o ano passado, que tomaram o corpo de poderosas manifestações coletivas, a sociedade brasileira colocou em questão diversos de seus problemas estruturais, dentre os quais a segurança pública, o papel da polícia e do sistema judiciário. O saldo até então é essencialmente de sangue e barbárie, ainda que ao menos se pode constatar que alguns debates ocorrem e podem dar sinais de que mudanças são necessárias e desejadas. Enquanto um agente carcerário anônimo se ocupa de reunir um acervo cujo objetivo é contar um parte da história de uma facção criminosa e sua presença no cotidiano dos presídios, assombra-nos o silêncio dos museus. Se são eles espaços em que está colocada a possibilidade de entendimento, de compreensão, é sintomático que pouco ou nada tenham a dizer sobre essa ou outras formas de violência que marcam esse momento da história. E esse desconhecimento tem, certamente, um enorme custo social.



O museu da facção from Luiz Carlos Azenha on Vimeo.